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A aula acabou e eu comecei a andar em direção a estrada; tinha minha mochila presa a meu corpo e andava de cabeça baixa, tinha quase certeza que iria me perder, não conhecia nada ali.

Os carros passavam por mim e o vento batia em meu corpo, havia muitas pessoas indo pelo mesmo caminho que eu, então sabia que nem todos passavam e me encaram, a não ser um; um carro passou, ele tinha vidros pretos, não era possível ver dentro, era um carro caro. Ele passou devagar e chegou até a parar ao meu lado, mas uma buzina me chamou a atenção e me fez virar o rosto.

- Eu te levo pra casa! - Mike gritou e eu andei até o carro.

- Valeu.

- Onde você mora?

- Na décima quinta rua.

- Ok.

Mike me deixou em casa e logo saiu, assim que entrei minha mãe caminhou até a mim tirando seus óculos do rosto e procurando por Rick.

- Onde está seu irmão?

- Saiu com uns amigos. - Disse com um sorriso irônico no rosto. Subi as escadas e passei o resto do dia no meu quarto.

Assim foi a semana toda, Rick saía todos os dias com seus novos amigos, e cada dia um dos meus amigos, se assim posso chamá-los, me trazia em casa.

Finalmente o fim de semana se aproximava e eu havia sido chamado para uma fogueira, segundo ao Jason isso era muito comum, aqui não costumava ter bailes ou festas, mas muitas fogueiras.

Meus pais tinham deixado eu ir, Rick também ia, mas ele quase não olhava na minha cara então teria que arranjar uma carona ou um carro. Pensando nisso, tirei todo o dinheiro que tinha guardado numa poupança que eu tinha em meu quarto, que consistia em uma caixa que ganhei de meu avô e que ficava no fundo do guarda-roupa; guardava dinheiro desde 12 anos quando estabeleci metas em minha vida. Uma delas era ter um carro aos 16, não deu muito certo e atrasamos essa meta por mais um ano, agora era a hora.

Meu pai se aposentou cedo, há pouco tempo, quatro anos, ele tomou um tiro em uma operação, passou meses no hospital, uma vez por semana ia a terapia para veteranos e digamos que ele ficou com alguns traumas e por conta deles, acabou sendo expulso do exército; desde desse dia ele e um amigo decidiram criaram uma empresa de segurança, compartilhando de todo seu conhecimento durante seus anos no militarismo.

Ele ainda trabalha, mas seus horários são bem flexíveis, agora ele passa grande parte do dia em casa construindo coisas pra minha mãe, coisas que ela não precisa.

No exato momento, eu o ajudava com uma mesa e tentava o convencer.

-... por favor, eu preciso de um carro. Rick não me traz ou me leva pra escola e ela é bem longe daqui; agora eu tenho amigos e eles tem que trazer e me levar para os lugares.

- Você não precisa de um carro; precisa passar de ano, viver sua vida, não de um de um carro.

- Rick tem um. - Acusei e meu pai parou de cortar a madeira que estava em suas mãos. Eu parecia mimado naquela hora, mas realmente, achava injusto.

- Não vou te dar um carro. - Ele voltou a cortar a madeira e eu tirei os óculos de proteção e as luvas, dizendo:

- Você não quer me dar um carro porque pensa que eu não posso dirigir, mas eu sou normal pai!

- Não é isso. - Ele parou mais uma vez e me olhou. - É que... Você não entende.

- Eu tenho o dinheiro, e se você não quiser me ajudar, eu compro qualquer coisa que se mova. - Disse saindo da garagem.

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