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Oliver morava na cidade; um pouco longe da reserva. No carro estávamos eu, Thea e Olívia atrás.

Assim que paramos na casa, Thea saiu e nos deixou no carro.

O silêncio se instalou e chegou a ficar estranho.

- Vocês não se odeiam mais, né?

- Eu nunca a odiei, tinha inveja, mas não odiava. - Olívia respondeu passando do banco de trás para o do carona. - Ela me ajudou muito depois que você foi embora.

- O que aconteceu?

- Mike era ótimo, por dois anos, vivemos juntos; ele havia desistido da faculdade e eu não sabia o que ia fazer, então por que não tirar um ano ou dois pra descansar? Eu realmente precisava disso, meus remédios para controlar a ansiedade e os picos de raiva não estavam funcionando. Tudo era ótimo, nós trabalhávamos e saíamos todo final de semana, até que ele se irritou. - Ela abraçou os joelhos e me olhou. - Ele ficou muito bravo e me deu um tapa, eu não sabia como reagir, mas ele prometeu que nunca faria novamente. Três meses depois, ele me bateu de novo, dessa vez me deixou com alguns hematomas. Eu fugi. - Deu os ombros. - Voltei pra cá. Eu não sabia o que a Thea era, eu juro, mas eu precisava de ajuda, então eu fui até ela, ela estranhou muito, mas me abrigou na casa dela e não deixou que o Mike se aproximasse por seis ou sete meses, mas dois meses antes dela o matar, ela teve que visitar os pais na Grécia...

- Está tudo bem, Olívia. Não precisa me contar.

- ... Eu estava andando pela cidade, tinha comprado um presente para o filho da Cibele. Ele me pegou, me levou para um beco e descontou toda sua raiva em mim. Fiquei em coma por dois meses.

- Então, Thea não matou um inocente, ela não deveria se sentir culpada.

- É, se for pensar assim... mas ainda é muito difícil pra ela. Eu não sei como foi, acordei pouco tempo depois que ela voltou da Síria. As meninas dizem que foi horrível, ela não parava de falar no nome de Melina. - Concordei e voltei a olhar pra frente.

- Está namorando?

- Está flertando comigo? - Perguntou de volta e eu a olhei, ela riu e balançou a cabeça. - Eu estou vendo uma pessoa.

- Ele é legal?

- Ela é ótima.

- Entendi. - Um barulho alto vindo de dentro da casa.

- Devíamos ir, não é? - Ela perguntou e eu disse que sim e corremos para fora do carro.

Invadimos uma casa, Olivia não parecia se importar muito com isso.
Thea segurava um menino contra a parede pelo pescoço, ela rosnava e seus olhos refletiam nas lágrimas que escorriam pelo rosto do menino.

- ... ela está morta e a culpa é sua!

- Thea. - A chamei e me aproximei, ela me olhou e tanto eu quanto a Olivia nos afastamos. - The...

- Quieto!

- Ok.

- Ela está morta e ela era sua companheira. Você tem que me dizer quem fez isso a ela. - O menino continuava chorando.

- Ela está indo atrás de vocês, um por um. - Thea o soltou, e o menino caiu no chão chorando. - Sua mãe matou meu pai há alguns anos. Minha mãe quer vingança.

- E o plano dela foi matar minha irmã? - O garoto se encolheu ao ouvir o tom de voz de Thea.

- Sinto muito, sinto muito mesmo. Mas ela ainda pensa que é "olho por olho, dente por dente."

- Você vem comigo. - Ela o puxou pro carro.

- Thea, respire!

- Eu estou respirando. - Disse olhando fixamente pra mim. - Mas eu juro, que se eu encontrar essa mulher, ela vai ser reduzida a uma poça de sangue.

- Olhe pra mim. - A puxei com um certo medo, relutantemente, ela me olhou. - Ela vai atrás dele.

- Eu sei, e eu estarei pronta.

- Uma guerra, nas suas condições?

- Eu vou vingar, Melina. Não importa se eu morra para que isso aconteça.

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