Capítulo 18

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Grace Thompson

Eu estava em estado de choque, não conseguia acreditar que ela era a pessoa que meu pai estava saindo.

- Já estamos vestidos - Meu pai falou descendo as escadas, eu e meu irmão viramos para olhar eles.

Fiz uma nota mental de pesquisar depois algum lugar que tenha terapia, ou vou ficar com traumas pelo resto da vida pela cena de antes.

- Eu não consigo acreditar, a nossa babá? - Gregory perguntou desacreditado.

Com meu pai estava Mary Telles, a moça que foi a nossa babá depois que Eleanor foi embora.

- Faz quanto tempo que vocês estão ficando? - Alternei meu olhar entre os dois.

- Não era nada sério, por isso não contamos antes... - Meu pai falou olhando para baixo. - Nós estamos ficando faz alguns anos.

- ALGUNS ANOS? - Eu e Greg gritamos juntos. A situação vai cada vez mais para o fundo do poço.

- Eu sinto muito crianças... -
Mary falou suspirando, suas bochechas estavam avermelhadas, mas não posso dizer se era da vergonha ou... Eca. - Não podemos controlar os sentimentos, eu sei que sou 14 anos mais nova que seu pai e isso pode parecer estranho, mas... - Suspirou. - Aconteceu, a gente ficou e acabou se envolvendo cada vez mais.

- A idade não importa, vocês dois são adultos, só que poderiam ter nos contado antes. - Falei e dei uma leve risada para tentar descontrair a situação. - Não foi legal descobrir essa situação assim.

Meu pai e Mary ficaram desconfortáveis, sua bochechas estavam ainda mais avermelhadas, o que fez eu e Greg gargalhar. Não sei se esse é o melhor momento para ter essa conversa, as imagens ainda estão muito recentes na minha mente.

- Eu fico feliz por vocês estarem juntos, mas acho que poderiam ter contado pra nós. - Meu irmão falou e eu concordei com a cabeça. - Não somos crianças, ninguém aqui iria julgar ou sei lá o que passou pela cabeça de vocês.

- Sentimos muito. - Os dois falaram juntos.

- Prometo não esconder mais nada de vocês. - Meu pai falou, nós concordamos mesmo não querendo muitos detalhes da vida dele.

- Tudo bem... - Acabei sorrindo animada. - Quando vocês vão casar?

- Grace! - Senhor Thompson repreendeu. - Nós nem estamos namorando.

- Credo pai, não pode enrolar as mulheres tanto tempo. - Meu irmão falou rindo. - Não foi assim que eu te ensinei.

Ficamos mais alguns minutos conversando, logo Mary foi para a casa dela e meu pai foi dormir.

- Nunca imaginaria isso. -Gregory comentou quando deitamos novamente.

- Sim... - Suspirei. - Eu vou ter pesadelos com essa noite.

- Já vou começar a procurar um terapeuta amanhã. - Debochou. - Trauma pro resto da vida.

- Não quero nem pensar nisso. - Fiz careta. - Nosso pai e nossa babá, clichê né?

- Só não é mais clichê do que o menino popular e a menina "invisível". - Fez aspas rindo.

- Gregory, por favor, vocês tem que parar com isso, tentem entender que eu e o Anthony somos amigos, ou nem isso ainda.

- Mas vendo como o Tyler fala e Anthony fica extremamente corado quando o assunto é o que ele "sente" por você... - Ele respondeu apoiando o rosto na mão para me olhar de cima. - Não temos como simplesmente ignorar.

- Gregory, chega! Me promete que vamos encerrar esse assunto, não tenho interesse nele e pronto.

- Ok GRACE! - Revirou os olhos. - Acabamos com esse assunto.

- Ótimo. - Sorri falsa para ele. - Boa noite.

- Boa noite, Grace.

Eu dormi recebendo cafuné no cabelo feito pelo meu irmão.

[...]

- Você tem mesmo que ir? - Perguntei fazendo bico.

Gregory estava se despedindo, tinha chegado o momento dele voltar para a Universidade.

- Eu volto no Halloween, falta menos de um mês Grace, não faça drama. - Falou me abraçando novamente. - Vai passar rápido.

- Me liga sempre que conseguir, te amo - Dei um beijo na bochecha dele e ele beijou minha testa.

- Vou ligar sim, também te amo -ele se despediu do meu pai e da Mary e entrou no carro. Eu sabia que ele não iria ligar - Até mês que vem, amo vocês.

- Também te amamos. - Nós três falamos acenando enquanto ele se afastava.

- Já tô com saudade. - Sussurrei e Mary me abraçou de lado. - Ele é chato, mas é meu irmão... Meu irmão muito chato.

- Princesa, não fica triste, o tempo vai passar rápido, você vai ver. - Mary sorriu me confortando.

Mary é a melhor possível madrasta do mundo, ela sempre foi tão atenciosa e amorosa comigo e com Greg.

- Eu espero... - Suspirei. - Não gosto de passar tanto tempo longe dele, nós sempre fomos tão próximos.

- Eu lembro como vocês sempre estavam grudados, mas ano que vem você vai entrar na Universidade também. - Falou enquanto andávamos para dentro de casa

- Mas o Greg tá no último ano, não vamos nos encontrar no campus.

- Mas você vai entender como a vida universitária é complicada e, mesmo não gostando, ficar um tempo longe da família vai ser necessário.

- É... Acho que você tá certa. - Suspirei sorrindo para ela em seguida. - Obrigada.

- Não precisa agradecer Grace, eu acho que preciso reforçar o que eu falava quando era sua babá...

- O que? - Perguntei curiosa.

- Eu não quero ser só sua babá, no caso, agora eu não quero ser só sua madrasta. - Sentamos no sofá e ela segurou minhas mãos. - Eu quero ser sua amiga, sei que a única personalidade feminina que esteve presente na sua vida foi a Elle, mas ela é nova como você. Quero poder tirar suas dúvidas sobre namoros, responder suas perguntas sobre sexo, te ajudar com suas roupas, cabelo, maquiagens, encontros e estudos, te aconselhar, apoiar suas decisões para o futuro e tudo isso...

- Obrigada Mary, eu sei que posso conversar com você sobre tudo. - Abracei ela de lado. Mary fazia e provavelmente vai continuar fazendo o papel de mãe melhor que a senhora que me colocou no mundo. - Mesmo você tendo saído dessa casa faz quase 3 anos, eu ainda gosto muito e confio em você. - Os olhos dela ficaram avermelhados e eu percebi que ela estava quase chorando. - Não chora Mary, por favor. - Imlorei sentindo lágrimas aparecerem nos meus olhos.

- É que seu carinho é muito importante para mim... - Falou com a voz embargada.

Eu não sou boa em aconselhar ou consolar as pessoas, então só a abracei até controlarmos as lágrimas.

- Eu vou ir lavar a louça... - Falou levantando rapidamente secando as últimas lágrimas.

Eu vi meu pai parado perto da escada e sorri olhando para ele.

- Eu já vou lá te ajudar. - Falei e ela assentiu. Mary foi para a cozinha e eu fui até meu pai.

- Fico feliz por você pai. - Falei sincera. - Não poderia ter escolhido alguém melhor.

- Eu sei filha, eu sei. - Nos abraçamos e fomos sorrindo até a Mary ajudar com a limpeza.

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Continua...

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