Capítulo 48

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Anthony White

Acordei vendo que já tinha amanhecido, franzi o cenho ao perceber que estava sozinho na cama, olhei por todo o quarto e não encontrei a Grace, mas a camiseta que eu tinha emprestado para ela estava em cima da cama.

Levantei a contra gosto, praticamente me arrastei até o banheiro, liguei o chuveiro e enquanto esperava a água esquentar encarei meu reflexo no espelho.

As leves marcas nas minhas costas me fizeram sorrir como o bobo que eu de fato era.

Aquela tinha sida a melhor noite da minha vida, porque diferente do que eu era acostumado, tudo o que aconteceu entre Grace e eu nesse quarto envolveu mais do que só desejo carnal... Tinha paixão, carinho e amor.

Se essa era a sensação de amar alguém... Eu queria amá-la para o resto da minha vida.

Depois de alguns minutos, saí do banheiro já vestido e com os dentes escovados, baguncei meu cabelo com as mãos. No corredor já conseguia escutar a conversa dos nossos convidados.

- Bom dia. - Falei quando cheguei na sala, Grace me olhou com um sorriso tímido, sorri de lado controlando a vontade de agarrar ela e levá-la de volta para aquele quarto.

Conversei rapidamente com todos os mais velhos ali presentes, aquele mesmo negócio de sempre "feliz Ação de Graças" e algumas coisas bobas.

Fiquei apreensivo quando comecei a me aproximar do Gregory, ele estava com um sorriso estranho.

- Feliz dia de Ação de Graças, Greg. - Falei com um sorriso fraco, ele revirou os olhos me abraçando de um jeito bem típico de "homens hétero top", o que estava longe do que somos.

- Da próxima vez coloca uma almofada na cabeceira da cama, ok? - Sussurrou e eu arregalei os olhos sentindo minhas bochechas cobrarem radicalmente, olhei para Grace que me encarou confusa. - Feliz Ação de Graças, cunhado.

Sorri ainda envergonhado, me afastei dele indo até Grace, meu coração acelerou de novo, o que não era nenhuma novidade.

- Feliz Ação de Graças, meu amor. - Falei a abraçando. - Senti sua falta nos meus braços quando acordei. - Completei em um sussurro, vendo claramente ela se arrepiar.

- Feliz Ação de Graças, amor. - Respondeu sorrindo, lhe dei um selhinho e a abracei de lado. Não sei se algum dia me acostumaria com esse "amor".

Seguimos para a mesa, tomamos café enquanto eles conversavam sobre os planos para hoje, eu estava pensando nos meus próprios planos.

Se eu era apaixonado pela Grace e ela por mim, depois da noite de ontem eu não vejo motivo nenhum para enrolar mais com isso.

Eu queria fazer algo especial, afinal ela merecia, mas como eu não tinha certeza dos sentimentos dela não tinha nada pronto. Não tinha nenhuma aliança, nem nada do tipo.

- Tem algum lugar aqui que tenha sinal de telefone? - Gregory perguntou chamando a atenção de todos.

- Dentro da propriedade não. - Meu pai respondeu. - O sinal só começa a funcionar quase 12km para o sul da estrada.

- Merda... - Ele resmungou em um tom baixo. - Eu tenho que contar as novidades pro Tyler. - Falou em um tom sarcástico, Grace o olhou com repreensão enquanto eu ri achando legal a "amizade" deles.

- Controle seu espírito fofoqueiro, Gregory. - Adverti meu cunhado. - Se alguém vai contar alguma coisa pro Tyler, esse alguém sou eu.

Ele riu sarcástico, balançando a cabeça em concordância em um gesto bem debochado antes de continuar seu café.

- Mãe? Podemos conversar um pouco? - Perguntei baixo para ela quando deixamos a mesa.

- Claro, pode falar. - Respondeu se apoiando na parede.

- Em particular... - Passei a mão pela nuca de forma nervosa.

- Claro, vai lá no meu quarto, vou só falar com o seu pai antes.

Andei até a Grace lhe dando um selhinho demorado, ela estava sorrindo com os olhos ainda fechados.

- Eu vou falar com a minha mãe primeiro. - Expliquei sabendo que os adultos combinaram de andar um pouco pelo jardim e a área de lazer.

- Tudo bem, te espero ali na varanda. - Concordei lhe dando um beijo.

- Acho que eu nunca vou cansar de te beijar. - Sussurrei acariciando a bochecha dela, totalmente perdido naqueles olhos brilhantes.

- Eu não acho isso ruim, na verdade. - Respondeu em um tom que fez um frio gostoso subir pela minha coluna.

- Que bom. - Dei vários selinhos seguidos nela, a fazendo rir entre os beijos.

- Vai logo amor. - Me empurrou rindo, eu sorri me afastando.

Andei calmamente até o corredor dos quartos principais, entrei no quarto dos meus pais, minha mãe estava separando alguns vestidos em cima da cama.

- Pode começar a falar. - Resmungou alisando um vestido lilás de tamanho médio.

- Ah mãe... - Sentei em uma poltrona olhando o campo pela janela. - Eu quero pedir a Grace em namoro.

Ela parou de andar no meio do quarto, me olhou com um sorriso carinhoso, deixou o vestido que segurava na cama e foi até a bolsa dela revirando todo o conteúdo.

- E o que mais? - Perguntou ainda procurando algo.

- Eu não sei bem como fazer isso... - Confessei envergonhado. - Eu já tinha pensado várias vezes sobre o assunto, mas ela só falou que é apaixonada por mim ontem, o que me pegou de surpresa. Eu sei que quero fazer o pedido aqui, mas não tenho aliança e quero um pedido completo, como ela merece

- Achei! - Minha mãe exclamou animada tirando uma caixinha da bolsa. - Pega. - Estendeu o pequeno quadrado de veludo vermelho para mim.

- O que é isso? - Perguntei abrindo a caixa vendo um par de alianças finas e bem polidas. Minha mãe é incrível.

- É a aliança que seu pai me pediu em namoro. - Ela sorriu de lado. - Não tem nada escrito e eu acho que pode servir pra vocês, nem que seja temporário. Seria muito importante pra mim se vocês as usassem.

- São lindas. - Respondi brincando com os anéis prateados entre meus dedos, o tamanho parecia perfeito. - Obrigado mãe.

Sabia que aquilo era uma coisa importante para ela e se a deixaria feliz, eu faria. Afinal também seria útil para mim, assim poderia fazer o pedido ainda hoje, no máximo amanhã.

- Sempre sonhei com o dia que você encontraria alguém digna de usar essa aliança e... Acho que você encontrou. - Falou segurando as minhas mãos.

- Eu tenho certeza que encontrei. - A corrigi com um sorriso sincero.

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Continua...

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