Anthony White
- Que saudade de você meu amor. - Falei me jogando na minha cama como se estivesse abraçando ela.
Era segunda quase de noite, eu tinha acabado de chegar em casa e só tinha o pessoal que trabalhava aqui mesmo.
Nós passamos o dia só na casa dos Blake arrumando as nossas coisas e curtindo um tempo só entre nós.
Eu passei mais tempo beijando a Grace do que fazendo qualquer outra coisa, mas quem liga né? Enfim, estou apaixonado.
Suspirei, levantei da minha cama, tirei as roupas da mala e separei as que estavam sujas, coloquei tudo no cesto no banheiro, guardei os produtos de higiene e meus eletrônicos, tomei banho e vesti uma roupa de ficar em casa, fui até a cozinha, fiz um sanduíche, servi um copo de suco e sentei na bancada para comer.
- Já chegou Anthony? - Minha mãe perguntou sorrindo ao entrar na cozinha.
- Eu até pensei em uma resposta, mas eu gosto de ter uma casa e todos os dentes na boca. - Sorri para ela que revirou os olhos.
- Me conta tudo... - Bateu palmas animada e sentou em um banquinho do meu lado. - Se declarou para a Grace? Já posso chamar ela de nora oficialmente?
- Ah mãe... - Sorri bobo. - Eu me declarei sim, mas ainda não pode chamar ela de nora oficial porque não temos um relacionamento sério.
- E o que ela falou? Por que não é sério? - Perguntou rápido.
- Ela falou que gosta de mim, não falou que é apaixonada por mim, mas já é alguma coisa. -Dei de ombros. - Pra mim o que nós temos é sério, mas ainda não temos nenhum rótulo.
- Nem sempre precisamos de rótulos para ter alguma coisa, muitas vezes nomear as relações que estão começando acaba estragando toda a mágica do amor. - Sorriu carinhosa. - Mas sobre ela não falar que é apaixonada por você... Dê tempo ao tempo filho, nem todas as pessoas se apaixonam rapidamente. - Assenti sabendo que nem todos são iguais.
- Como você e o meu pai se conheceram? - Perguntei do nada.
Eu com 18 anos nunca tinha feito essa clássica pergunta para nenhum deles.
- Ah... - Sorriu de lado e seu olhar ganhou um brilho de nostalgia. - Foi no primeiro ano da faculdade, nós fizemos uma apresentação em grupo, nós aproximamos, viramos melhores amigos e depois de muito tempo e com muita paciência, da minha parte, a nossa relação virou algo a mais.
- Ele sempre foi assim? - Perguntei me referindo ao comportamento mesquinho, egocêntrico e irritante do meu pai.
- É difícil te responder Anthony. - Suspirou. - Você quer saber a história inteira? Ela é longa.
- Eu tenho tempo mãe, pode contar.
- Seu pai me contou a história depois de algum tempo de relacionamento, me explicou porque ele é tão fechado e adotou a frase "amar é para os fracos". - Falou sem me olhar. - Ele tinha quase 17 anos quando se apaixonou pela primeira vez, mas a menina era só uma interesseira que queria o dinheiro e o sobrenome dele, além de nunca ter o amado, ela ainda fez ele de bobo, o traiu com o melhor amigo e mais sabe-se lá mais quantos, difamou ele para o colégio inteiro e tantas outras coisas absurdas. - Ela negou com a cabeça. - Ele estava indo bem no plano de não se apaixonar, mas aí eu cheguei, aos poucos as barreiras que ele construiu foram cedendo e hoje estamos aqui casados e com um filho lindo. Não foi e ainda não é fácil, mas a gente se entende bem.
- E por que ele é tão "assim" comigo? - Perguntei confuso.
- Ele só não quer que você passe pelo mesmo que ele... - Suspirou. - Ele não é o monstro que quer parecer, Anthony. O Thomas te ama muito.
- Mas ele não percebe que com esse jeito insuportável de ser ele perdeu qualquer migalha de amor e consideração que eu poderia ter por ele? - Levantei colocando a louça que eu tinha usado na pia. - Nem o meu respeito ele tem, mãe.
- Eu nunca entendi porquê ele age assim, mas quem é que entende seu pai? - Riu sem humor.
- É... - Sorri de lado. - Ninguém entende ele.
- Vai descansar meu filho. - Acariciou meu braço. - E sobre a Grace, espera o tempo dela, não se apresse, você já esperou bastante tempo, uns dias a mais ou a menos não vai fazer tanta diferença.
- É... Acho que eu não vou morrer de esperar mais um pouco. - Brinquei e ela riu concordando.
- Eu te amo Anthony, muito. - Falou e eu sorri.
- Eu te amo mãe, mais que tudo. - Dei um beijo na cabeça dela e saí da cozinha.
Meu pai estava sentado no sofá da sala com o notebook no colo e alguns papéis e plantas de casa na mesa do centro. Eu tentei passar reto e fingir que não o vi, mas aparentemente ele queria conversar.
- Oi filho. - Falou, eu suspirei e o olhei com o cenho franzido.
- Oi. - Resmunguei cruzando os braços me apoiando no batente da porta.
- Como foi sua viagem? - Perguntou me olhando rapidamente antes de voltar a digitar, seu tom de voz estava neutro, sem deboche ou aquela prepotência irritante, isso me deixou em alerta.
- Boa... Muito boa, na verdade. - Respondi cauteloso.
- E a Grace? Como ela está? - Arqueei a sobrancelha e suspirei impaciente.
- Bem.
- E os seus outros amigos? - Perguntou novamente, isso está ficando muito estranho.
- Bem também... - Dei de ombros. - Olha Thomas, eu estou cansado da viagem, então...
- Tudo bem... - Me interrompeu. - Vai lá descansar filho.
Assenti e comecei a subir as escadas, não entendia o senhor White, não conseguia prever as ações e reações dele.
- Anthony? - Me chamou e eu parei no meio da escada, revirei os olhos e desci dois degraus da escada para conseguir vê-lo.
- Esse é o nome que vocês escolheram né. - Respondi indiferente.
- Vai ter um jogo dos Lakers no sábado e um amigo me deu dois ingressos. - Franzi o cenho por ele ter ignorado minha resposta grosseira. - Quer ir comigo? - Perguntou me surpreendendo.
- Eu e você em um jogo de basquete? - Perguntei em choque. - Você sempre me falou pra não usar nenhum tipo de droga pai, não acho que você deveria começar a usar nessa idade. - Falei ainda assustado e ele riu.
ELE RIU!
Gente isso está ficando cada vez mais estranho.
- Eu não estou usando drogas. - Falou em um tom brincalhão que eu nunca tinha visto ele usar. - Vai querer ir ou não?
- Vou ver e te aviso. - Falei e ele assentiu.
Queria pedir um conselho para Grace sobre isso, afinal não era uma situação que eu saberia lidar sem ajuda.
- Boa noite Anthony. - Falou bagunçando o cabelo.
- Boa noite. - Respondi e fui rapidamente para o meu quarto.
Mandei uma mensagem para Grace falando que amanhã precisaria de um conselho, ela logo respondeu que me ajudaria em qualquer coisa, agradeci e mandei um boa noite, coloquei meu celular para carregar e dormi em poucos minutos.
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Continua...
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Na Segunda Carteira
Teen FictionTrês anos e dois meses, esse é o tempo que eu estou observando a menina sentada na segunda carteira da primeira fila, Grace Thompson é o nome dela. Ela é a menina mais encantadora que eu já vi, não sei se é pelos longos e lisos cabelos castanhos, p...