Grace Thompson
- O que você fez Gregory? - Meu pai perguntou assim que viu meu irmão entrar pela porta da casa no domingo de manhã, meu irmão deixou as malas que estava carregando
- Oi pai, tudo bem sim e com o senhor? - Perguntou em tom debochado, mas dava para perceber como estava nervoso.
- Greg! - Falei em repreensão e ele sorriu de lado vindo me abraçar.
- Estava com saudades. - Falou apertando os braços em volta do meu corpo.
- Eu também, praga. - Retribui o carinho dele sendo sincera.
Gregory cumprimentou meu pai e Mary, que agora ficava aqui em casa quase todos os dias, com abraços apertados e em seguida nos sentamos nos sofás, enquanto eles conversavam sobre banalidades do dia a dia eu olhava para a televisão onde passava um jogo qualquer de basquete que meu pai estava assistindo. Com isso acabei lembrando que Anthony havia me convidado para ir com ele assistir hoje a noite um jogo amistoso de algum time de outra cidade que eu não conheço.
- Não querendo ser chata, mas eu tenho certeza que você não veio até aqui pra falar do clima né? - Mary questionou para Greg que sorriu sem graça.
- É complicado de explicar... - Meu irmão sussurrou.
- Você matou alguém? - Meu pai perguntou apreensivo. - Não é só porque você tem um pai advogado criminalista e tá estudando direito que pode matar alguém achando que vai se livrar de pagar por isso.
- Eu não matei ninguém. - Ele se defendeu.
- Vai pedir o Tyler em namoro? - Questionei esperançosa e ele fez careta negando.
- Engravidou alguém? - Mary perguntou e ele negou imediatamente. - Roubou um banco? Espancou velhinhas? Pagou alguém para conseguir um panda pra dar de presente para a sua querida ex babá?
- Não, não e definitivamente não... - Comentou com um sorriso chocado. - Mas eu posso tentar comprar um panda pra você.
- Eu também quero um panda. - Protestei.
- Nada de pandas. - Meu pai rebateu. - Isso é ilegal. - Ambos acabamos por dar de ombros.
- Se você não matou, não roubou, não espancou ninguém, não vai ter um filho e não tá traficando pandas... O que você fez? - Perguntei curiosa.
- Além de esquecer de puxar o freio de mão do meu carro, ele descer uma avenida e bater em um poste tendo perca total e quase destruir toda uma loja de roupas caríssimas, trancar a faculdade porque descobri que quero ser escritor depois que o livro que eu escrevi fez sucesso no Wattpad, me inscrever em aulas de basquete , adotar um porquinho da Índia que vai chegar em uma semana e voltar pra cá querendo abrigo? - Questionou e nós o encaramos totalmente chocados. - Além disso, eu comprei os bolinhos preferidos de vocês. - Apontou para a embalagem que estava sobre a mesa de centro, eu nem havia reparado quando ele deixou aquela caixinha ali.
- Achei que fosse pior. - Meu pai deu de ombros. - Você já fez um acordo com o pessoal da loja que destruiu?
- Sim, eu vou pagar o valor da reforma. - Meu irmão falou simples.
- Amanhã ligamos para o seguro do carro pra ver o que podemos fazer, pago o prejuízo da loja, compramos outro carro e depois resolvemos como você me paga. - Papai falou calmamente e eu até ficaria surpresa se não soubesse como ele é. - Depois pode colocar suas malas no seu antigo quarto, eu vou buscar um café pra tomar com os bolinhos. - Concluiu se levantando para ir até a cozinha.
- Você não tá bravo? - Gregory perguntou olhando para nosso pai com receio. - Eu sei que o senhor queria que alguém assumisse o seu escritório.
- Por que eu estaria bravo por você estar buscando sua felicidade? - Questionou confuso e balancei a cabeça sorrindo. Queria que todos tivessem um pai como o meu. - A questão do escritório é fácil de resolver, é só vender quando me aposentar. - Explicou. - Mas eu não vou comprar comida pro porquinho da Índia. - Avisou e nós fizemos cara de tédio enquanto ele deixava a sala.
Tenho certeza que não levaria duas semanas para meu pai estar até dormindo abraçado com o porquinho.
- Ricos são tão estranhos. - Mary fez careta se levantando e pegando os bolinhos que Gregory havia comprado.
- To orgulhosa de você. - Falei sincera para o meu irmão e ele sorriu agradecendo. - Quer ir em um jogo de basquete comigo e o Anthony hoje a noite? - Perguntei mudando de assunto.
- Não vou ficar de vela pra vocês. - Fez careta.
- O Tyler também vai. - Dei de ombros despreocupada.
- Por que você não falou antes? - Sorriu debochado. - Eu vou, com certeza.
- Quem é Tyler? - Meu pai perguntou voltando da cozinha.
- O melhor amigo do Anthony. - Mary falou, ela estava em silêncio enquanto eu e Greg conversamos. - Grace já falou dele antes.
- Mas eu não sabia que o Greg e ele estavam juntos. - Senhor Thompson deu de ombros entregando uma xícara de café para cada um.
- E nós não estamos. - Ele rebateu. - Ele é só o amigo do namoradinho da Grace.
- O Anthony não é meu namoradinho. - Foi a minha vez de rebater e ele riu em deboche.
- Anthony é o menino que conta os dias desde quando Grace entrou no colégio? - Mary perguntou e meu pai confirmou.
- Como vocês sabem disso? - Questionei perplexa.
- Eu contei. - Greg admitiu orgulhoso.
- E como você... O Tyler né? - Questionei o óbvio e ele confirmou. - Vocês se merecem. - Meu irmão deu de ombros sorrindo fraco.
- Eu tenho uma pergunta muito importante... - Mary chamou nossa atenção ao falar. - Seu livro tem hot? - Gregory sorriu envergonhado e ela fez uma dancinha de comemoração, meu pai a olhou meio estranho enquanto eu dava risada. - O que foi? Livros com hot são bem melhores.
- Eu concordo. - Falei e meu pai suspirou negando com a cabeça.
- Essa família é cheia de desviados, senhor. - Fez drama. - Eu vou marcar um dia pra irmos em família pra igreja. - Olhamos para ele com tédio.
- Pai você lê fanfic e quer falar que nós somos desviados? - Questionei rindo.
- Vamos cancelar a visita na igreja. - Concluiu mordendo seu bolinho de limão.
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Continua...
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Na Segunda Carteira
Teen FictionTrês anos e dois meses, esse é o tempo que eu estou observando a menina sentada na segunda carteira da primeira fila, Grace Thompson é o nome dela. Ela é a menina mais encantadora que eu já vi, não sei se é pelos longos e lisos cabelos castanhos, p...