Capítulo Três

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Ele havia entrado em um caminho sem volta. Bakugou sabia muito bem o que estava fazendo ao querer provocar Todoroki com sua aproximação, e os simples toques que se tornaram viciantes e o sentimento de sempre querer muito mais não foram recebidos com surpresa. Ele sabia para onde estava indo, e o espanto era porque não se importava nem um pouco.

Os toques se tornaram leves caricias com o tempo, e as reações de Midoriya o faziam esquecer de Todoroki ou qualquer outro herói que estivesse por perto. Bakugou só queria sentir mais do estremecer gostoso que experimentava através de suas mãos, e que contagiava o seu próprio corpo. Os longos olhares se tornaram palavras ditas em tom baixo, provocando com o timbre, com significados completamente diferentes do que realmente dizia. Ele o desejava intensamente, a ponto de deixar sua imaginação fantasiar com o som de longos gemidos saindo daqueles lábios que sabia muito bem o quanto eram deliciosos.

O desejo não era novo, mas alcançara um nível muito maior do que já experimentara. A paixão reprimida desde a academia ainda estava bem guardada, e aos poucos, o pensamento de que se entregar ao sentimento seria o mesmo que ser derrotado por Deku, se transformou em apenas a preocupação com a sua imagem como herói. Ele não era mais um garoto para se reprimir por bobagens, mas estava começando a achar que havia voltado alguns anos e pego um pouco da irresponsabilidade da adolescência, pois, cada dia passado sem poder tocá-lo como realmente queria, o fazia repensar no assunto.

Imaginar outra pessoa o tocando o enciumava grandemente, a ponto de quase trazer o seu antigo descontrole de volta. Ele havia afastado Midoriya no passado por conta de seu bobo medo, que agora se transformara em algo completamente diferente, e que não o queria de maneira alguma longe de si — e pior, nos braços de certo herói.

Os dentes se apertaram um no outro enquanto imaginava Deku ao lado de Todoroki, e a lata de refrigerante em sua mão fora esmagada com força, juntando toda a sua raiva ali, até que a explodisse com sua individualidade. O liquido sujou suas roupas e a cozinha, e o alumínio cortou a palma da mão, porém, ele ainda assim escolheu xingar Todoroki ao jogar no chão o que sobrara da lata.

— Maldito filho da puta! — Seu grito ecoou pelo grande apartamento. A mão que sangrava foi lavada na pia, e soltou um suspiro impaciente ao ver o líquido vermelho se misturar com a água. — Eu deveria ter imaginado que eles acabariam juntos — ele murmurou, mais com tristeza do que raiva.

Bakugou tinha o péssimo hábito de achar que suas conclusões imaginarias eram absolutas, e mesmo com as reações de Deku com seus toques e olhares, nada tirava de sua cabeça que ele e Todoroki tinham algo além da amizade. O jeito enciumado do outro herói parecia querer alertá-lo de que Midoriya não estava mais disponível, e que ele já havia perdido a sua chance, anos antes, quando o deixou para trás por conta do orgulho. Se eu pudesse voltar no tempo, chutaria a minha própria bunda.

A noite foi passada com os olhos abertos, e agitado demais para deitar a cabeça o travesseiro. Bakugou limpou a cozinha com a paciência que não era natural de sua personalidade, e passou horas sentado no sofá, com a TV ligada, mas não assistindo o filme de ação que passava na tela. Ele só conseguia ver Midoriya em sua frente; com seu sorriso e a lembrança da forma que o chamava pelo apelido deixado de lado. Ele sentiu um incômodo no estômago quando o peito se aqueceu subitamente, e o longo suspiro fora apenas o primeiro de muitos daquela madrugada.

O caminho até a empresa na manhã seguinte foi feito como se tivesse descansado a noite inteira, e Bakugou estranhou a energia que não deveria estar ali. A súbita empolgação aumentou quando estacionou o carro no prédio, e ao entrar em seu andar, entendeu completamente o que acontecia. Ele queria ver Midoriya, mesmo que fosse ao longe e conversando com o maldito Todoroki; Bakugou só queria vê-lo por um instante.

Não Me Chame Pelo Meu NomeOnde histórias criam vida. Descubra agora