— Bakugou, pode me ajudar aqui?
A pergunta o fez estremecer com a irritação, porém, não exatamente pelo pedido. Bakugou andou pelos escombros do prédio desabado com cautela, mantendo a pose séria ao se aproximar de Deku. Seu nome fora chamado outra vez enquanto o outro levantava uma grande parede, e a mesma sensação o fez juntar as sobrancelhas enquanto retirava uma pequena garota do buraco.
Ela o abraçou com força enquanto chorava, e o herói focou apenas em sua responsabilidade daquele momento. A garota foi levada até uma ambulância, e Bakugou pôde respirar com tranquilidade quando foi informado de que os ferimentos milagrosamente eram leves.
— Muito bem, Bakugou — um herói veterano bateu levemente em seu ombro enquanto o elogiava, e a sensação que fazia o seu corpo estremecer não veio com seu nome, fazendo-o juntar as sobrancelhas novamente.
Ele sabia que o motivo de se sentir daquela forma era o jeito diferente de Deku, mas ainda custava a admitir que realmente se importava com isso. As leves irritações voltaram a ser constantes com os chamados por seu nome, mas ele escondeu as alterações com longos silêncios. Não havia como reclamar de nada enquanto Deku só o tratava como todos os outros, e sua irritação poderia trazer grandes problemas desta vez.
Bakugou, Bakugou. Ele bufou enquanto o olhava seguir em sua frente no caminho de volta para a empresa. Por que diabos deu para me chamar assim depois de tanto tempo, caralho?
No passado, ele se enraivecia com o apelido que o perseguia desde a infância, porém, Deku era tão insistente no chamado íntimo e infantil, que acabou se acostumando com aquilo, e era estranho demais ouvi-lo tão formal depois de todos aqueles anos o rodeando enquanto sua voz irritante só sabia dizer "Kacchan". Aquilo o irritava, mas não tanto quanto a mudança repentina de comportamento.
Ele passou a semana inteira se sentindo estranho sempre que olhava nos olhos verdes, e em seguida o ouvia chamá-lo. Era uma irritação diferente, do tipo que ainda não sabia nomear, mas pretendia acabar logo com aquilo.
Bakugou planejou descobrir o motivo da mudança de Deku na semana seguinte. Ele passou a observá-lo mais atentamente — o que evitava fazer há anos. O modo do herói falar e agir ainda eram os mesmo com os outros, e até mesmo consigo, porém, havia o maldito sobrenome.
Ele decidiu não apenas observar quando a terceira semana já o estava deixando no limite. Os almoços sempre eram feitos sozinho e em sua sala, porém, nas últimas semanas, Bakugou havia trocado o conforto de sua cadeira, para o cômodo em que os outros heróis se reuniam em suas pausas. Ele passou a se sentar na mesma mesa de Deku na segunda, recebendo olhares surpresos e totalmente esperados.
— Eu ouvi que temos uma missão de reconhecimento hoje à noite, Bakugou — Deku comentou enquanto mexia na comida com os hashis. Ele parecia mais animado naquela semana, o que o deixou ainda mais curioso.
— Eu não ouvi sobre isso. Onde vai ser? — Bakugou respondeu normalmente, enquanto dava atenção ao seu próprio prato.
O súbito silêncio o fez levantar o olhar, e os olhos brilhantes e emocionados de Deku o agitaram internamente. O olhar desviou para a comida novamente, porém, nada era realmente visto pelo herói, que precisou de longos minutos para acalmar o coração.
Que porra é essa, Katsuki? Ele se repreendeu, como nas incontáveis vezes em que ficou naquela situação ao lado de Izuku. Bakugou só queria descobrir o que havia de errado com Deku, mas, no fim, havia dado brechas para o que há anos mantinha trancado em seu peito.
Os olhos se estreitaram na comida, enquanto ouvia a voz animada, explicando o local em que iriam, e de alguma maneira, aquilo o irritou ainda mais. Ele pensou em nunca mais tentar aquele tipo de aproximação, que poderia estragar tudo o que vinha construindo até ali, porém, sua curiosidade não tinha limites, e no dia seguinte, já estava ao lado de Izuku, reclamando para ele sobre a cafeteira e aceitando que o outro fizesse o café para ambos naquela tarde.
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Não Me Chame Pelo Meu Nome
Hayran KurguBakugou passou boa parte de sua vida escutando a voz irritante que proferia o apelido ainda mais odioso. Por anos, foi apenas "Kacchan" para o garoto insistente, e com o tempo, ele passou a não ligar mais para o apelido; por puro costume, sabendo qu...