Minhas meias verdades não são divertidas

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. oioioi voltei. boa leitura :)

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Eu era a pior mentirosa do mundo.

Fiquei tanto tempo tentando não dizer sobre meu ex para o Shawn que na primeira oportunidade chamei ele pelo nome do cretino. Ai veio a parte que deixou tudo estranho, a forma ridícula em como eu sou péssima em mentir e tentar improvisar. Não sei se era porquê estava nervosa, com peso na consciência e cansada ou se era um misto dos três. Só sei que não era divertido. Estar comigo agora não era divertido.

Gostava de ir mais alto, de comandar as coisas que não envolvia apenas eu, como se os sentimentos dos outros fossem menos importantes. Gostava de pensar que conseguia tomar conta de tudo ao meu redor, era óbvio que estava completamente errada. Notei isso quando me vi perdida entre as próprias "mentirinhas inofensivas" que eu criei só para não lidar com as consequências dos meus atos.

Depois de olhar o semblante perdido e meio decepcionado que Shawn tinha quando inventei mais desculpas entendi que não querer me machucar não me dava o direito de ferir o outro.

Estava assistindo tudo cair. Igual Babilônia.

Encaro seu rosto do outro lado na mesa, um pequeno traço enigmático, tal como uma lousa em branco.

Era difícil entender o que se passava na cabeça dele depois do que aconteceu no quarto. Seus olhos misteriosos que mudavam de cor assim como seu humor rude, agora me olhavam indeferente, ou sua frustração em tentar me entender quando eu só tentava fugir fez com que ele ficasse cansado dos meus joguinhos de meias verdades.

Minhas meias verdades não são divertidas.

Queria ter feito diferente, queria estar menos confusa e ser mais decidida. Mas, eu não conseguia e estava cansada de tentar me compreender em um curto espaço de tempo. Estava cansada de me julgar e me sentir a pior pessoa do mundo.

— Quando Shawn tinha quinze anos ele e Aaliyah inventaram de preparar a ceia daquele ano. Como sempre tínhamos o costume de passar o natal no nosso restaurante deixamos os dois a vontade na cozinha. Mas, o resultado foi um desastre... — O pai de Shawn comenta se esticando para pegar mais um pouco do purê — Acabamos por comer macarrão instantâneo e água da torneira.

Todos riem com sua pequena recordação do desastre natalino que tiveram. Exceto Shawn e eu. Não havia muito humor para nós dois naquele momento.

— O melhor natal que tive em família foi quando tinha dez anos e meus pais decidiram passar o feriado na casa de uns tios. Eu achava uma máximo porque eles falavam palavrões e escutavam músicas mundanas, era mais a minha cara. Adorava beber escondido o resto de bebida que eles deixavam nos copos. Mas, percebi que aquilo era errado quando desmaiei no meio da sala brincando com o cachorro.

Janna conta sem problema algum recebendo olhares estranhos em troca.

— O que tinha nos copos? — meu filho pergunta curioso.

— Água que só adultos podiam beber.

— Por que bebeu se eram para adultos?

— Por que não come sua comida e cala a boca?

Minha amiga retruca na brincadeira tentando alcançar meu filho, que se sentava ao meu lado, numa tentiva de fazer cócegas nele. Observo todo mundo na mesa sorrir com a ingenuidade de Matteo e isso me fez sentir menos pior. Matteo conseguia equilibrar os sentimentos estranhos que se embaralhavam dentro de mim.

MATTEO 》Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora