Algumas horas haviam se passado após o triste e improvisado enterro de Ramir. Florença e Zalmon perseguiam os rastros deixados pela montaria de James nas estradas ainda cobertas pela geada. O jovem mago refletia sobre aquela situação e toda vez que se lembrava do seu amigo, cujo a vida foi tirada com o máximo de desprezo a dor aumentava, uma vida em troca de um objeto, essa troca não fazia sentido na cabeça do jovem rapaz.
- Como pode uma arma valer mais que uma vida? Eu não consigo entender isto. – Questionou Zalmon com os olhos marejados.
- Há muitas pessoas egoístas neste mundo, que são controladas somente pelo que lhes-agradam os olhos, não se importam em matar e roubar para conquistar coisas que os façam resplandecer sobre os demais. Mas também há muitas pessoas que lutam pela liberdade e pela paz, é um caminho longo e penoso, do qual quem escolhe trilhar precisa dar a vida para combater as injustiças do mundo, é uma eterna guerra entre luz e escuridão. – Respondeu a Cavaleira.
Ao termino das palavras a cavaleira se aproximou do jovem mago, acariciou seu rosto e enxugou suas lagrimas. Ele a olhou nos olhos, acariciou seus longos cabelos negros que bailavam ao vento e a abraçou forte.Não muito distante, James jazia descansando sentado embaixo de uma grande árvore, havia montado um pequeno acampamento composto por uma barraca e uma pequena fogueira. Bebia tranquilamente sentindo-se vitorioso, seu olhar estava fixo na bela espada que repousava sobre suas pernas, se questionava sobre o poder que teria e tudo que havia de conquistar com tão poderosa arma.
Após horas de perseguição, a noite chegara fria e sombria como de costume no Norte, ao longe a cavaleira e o jovem mago puderam ver uma fogueira que crepitava tentando resistir a ventania gélida que soprava forte. Os aventureiros andaram sorrateiros por alguns minutos, até que puderam ver James, que ajeitava seus pertences no cavalo, se preparando para partir.
- Onde pensa que vai seu desgraçado? – Gritou Zalmon enfurecido.
James olhou surpreso para a dupla que vinha em sua direção, pensou em fugir novamente, mas achou que seria uma boa oportunidade para testar sua nova arma. Então pegou a espada de sua bainha e a brandiu no ar, a bela arma brilhava forte aclarando a escuridão da noite.- Vocês de novo? tem certeza que querem me desafiar? Vão acabar como seu amigo que deve estar comendo grama pela raiz agora hahaha. - Debochou James.
- Chega de conversa inútil, você vai pagar pelo que fez! – Bradou o jovem mago.
Após essas palavras Zalmon fez gestos circulares com as mãos e conjurou uma pequena esfera de fogo que foi lançada contra seu oponente. O mercenário com a "luz do amanhecer" em mãos, rebateu o feitiço contra seu conjurador, o jovem mago no susto, se abaixou desviando da bola de fogo que explodiu no solo alguns metros atrás.
Florença não perdeu tempo e partiu para cima do mercenário com sua pequena adaga em mãos, o mercenário experiente se defendeu do ataque com sua espada mágica, mas a cavaleira continuou atacando com uma sequência de golpes rápidos vindo de todos os lados, deixando James desnorteado com tantas acrobacias.- Sua miserável, acha que com essa arma inútil vai me matar? – Vociferou o mercenário.
A cavaleira arguciosa aproveitou o momento que o mercenário baixou a guarda para falar e com um golpe forte atacou a mão do guerreiro, amputando a maior parte de seus dedos, o vilão caiu de joelhos berrando de dor e derrubando a espada mágica no chão.- Maldita, você vai pagar por isso. – Gritava o mercenário.
A cavaleira apenas olhou para o jovem mago e assentiu com a cabeça, oferecendo a justiça que ele desejava. Sem hesitar Zalmon correu furioso até o mercenário que tentou se levantar, mas foi impedido com um soco no rosto que o botou de joelhos novamente.
- Vamos rapaz, cadê sua força, parece uma menina batendo. – Debochou James.
Os insultos deixaram Zalmon nervoso, que avançou contra ele sem pensar, o jovem mago segurou o pescoço do vilão e deu-lhe vários socos na cara, mas James astuto se aproveitou da proximidade do seu oponente e, com um soco potente fez o jovem mago cair no solo.
- Você é patético como seu amigo morto, irei te mandar junto dele. – Disse o mercenário cuspindo sangue enquanto se levantava.O jovem olhou para a "luz do amanhecer" que estava próxima engatinhou para pega-la. O vilão percebeu a intenção do rapaz e correu em direção da arma, mas não foi rápido o suficiente para impedir que o jovem mago pegasse a arma e enfiasse no meio de seu peito, perfurando seu coração. James caiu no chão tentando estancar o sangue que jorrava do seu corpo.
- Maldito, você vai pagar por isso, voc.....!!! – O mercenário então respirou pela última vez, e morreu sem conseguir terminar suas últimas palavras.
Algumas horas se passaram desde a luta contra James, Florença e Zalmon seguiam viagem para Narfell, agora montados no cavalo que o mercenário deixara, o jovem mago ia na garupa, estava cansado e cabisbaixo pelos acontecimentos e acabou pegando no sono.
Zalmon caminhava a margem de um rio cercado por montanhas se questionando onde estava, então ouviu uma voz conhecida lhe falar:
- Meu querido amigo, tenha força em seu coração. Lembre-se que o destino tem vias misteriosas, às vezes temos que passar por certas dificuldades e tristezas por um bem maior.O jovem mago tentou responder, mas estava paralisado ao ver Ramir, este agora vestido em uma longa túnica branca.
- Você não é uma pessoa comum, você é um privilegiado, sua magia é um presente, não a use apenas como uma arma. É seu dever lutar para ajudar e fomentar a esperança da humanidade, coloque mais importância nas atividades que ajudam outros a evoluírem. Nunca se esqueça de se aperfeiçoar na mente e no corpo, aconteça o que acontecer, tudo na vida é benefício para auto evolução, principalmente os dias tristes e chuvosos. Lembre-se, a vida é um ciclo eterno, tudo que morre um dia há de renascer.
Ramir então deu um sorriso afetuoso, neste momento o sol brilhou dourando o céu e as águas do rio com seus raios acalentadores num belo crepúsculo primaveril, então, ele se desfez no ar em miríades de pontos luminosos que lentamente se juntaram ao céu.O jovem mago então despertou na garupa do cavalo que galopava veloz pela estrada, e percebeu que tudo não passara de um sonho, um sonho que despertou uma nova força em seu ser.
- Florença, acredita em sonhos? – Perguntou o jovem mago.
- Por quê a pergunta?
- Porque tem sonhos que são muito reais, tão reais que nos dão a experiência de ter vivido aquele momento de verdade e nos acometem a transformações inimagináveis, como se nos desse respostas e nos ensinasse o caminho.A cavaleira ficou surpresa e pensativa com as palavras proferidas pelo jovem mago, que estava com o semblante de felicidade no rosto. O diálogo entre os dois aventureiros fora interrompido por gritos de guerra e o tilintar de espadas se chocando contra escudos, os dois aventureiros avistaram ao longe um grande exército com cerca de cem homens, todos com armaduras escuras, estavam organizados em fileiras e batiam suas espadas e machados contra seus escudos emitindo um apavorante estrondo entre as montanhas, estavam frente um pequeno grupo com cerca de vinte combatentes, e pareciam estar prestes a iniciar uma batalha. Um cavaleiro vestido em uma armadura negra fez um sinal e uma fileira de soldados partiu para o combate e a batalha começa.
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Florença, a Cavaleira Errante
FantasyUma jovem mulher, talentosa em batalha, passa a vida lutando como mercenária nas terras gélidas do Norte. A população admirada com seus feitos, colocaram-na o nome de Cavaleira errante, por seu espirito que vaga sem destino e sua destreza nas batalh...