["Parece que finalmente você irá seguir em frente."]
2019 Quartel Francês, New Orleans.
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CHARLOTTE QUESTIONOU A VIDA inteira o motivo de sua família ser tão distante dela. Eles sempre estavam excluindo-a de assuntos familiares, empurrando-a cada vez mais para a borda do precipício, acabando com qualquer esperança dela.
Ela tentou, e tentou por tanto tempo ter a atenção deles, o amor, que eles ficassem orgulhosos dela, mas isso nunca aconteceu. Eles nunca olharam para ela com aquele carinho nos olhos, eles nunca protegeram ela, eles nunca amaram ela.
Felizmente ela teve seu tio Kol, aquele que a amou, a protegeu e a olhou com todo o amor e carinho do mundo. Kol foi o único a lutar por ela, a se orgulhar dela, a mostrar o que era uma família.
Quando sua irmãzinha nasceu, ela sentiu um misto de sentimentos confusos e contraditórios. Ela invejou aquele bebezinho, ela viu como a família lutou por ela, como seus tios a amaram e colocaram de baixo de suas asas, ela viu como seu pai olhou para ela, com os olhos brilhos e a chamou de sua esperança. Mas ela também amou aquele bebê e agradeceu a qualquer força superior, o fato de sua irmãzinha ser amada da forma que ela não foi.
Ela colocou na cabeça que poderia aceitar o fato de não ser aceita e amada como uma Mikaelson se sua irmã fosse.
Então Hope cresceu, e Charlotte amou a garotinha com todas as células de seu corpo, Hope era uma mini Charlotte, cabelos ruivos, olhos azuis, uma garotinha tímida e amável.
Mas nem mesmo o amor pela irmã e pelo tio fariam ela mudar de ideia.
Chega um momento em que a pessoa cansa e Charlotte cansou, ela cansou dos olhares frios enviados para ela, cansou da rejeição, cansou do fato de seu pai, seu próprio pai, nunca ter falado seu próprio nome, cansou de ser apenas uma pária, excluída e exilada da família como se não fosse nada.
Ela fez as malas, escondida de seu tio, Kol a amava e ele claramente iria até o fim do mundo com Charlotte, mas ela se sentia um fardo para Kol.
Mesmo que não fosse verdade, ela sentia que privou Kol de viver a própria vida durante muito tempo, porque ele estava sempre com ela, cuidando dela, e ela sentia que o privava de viver. Não era responsabilidade de Kol ser a figura paterna de Charlotte e ela meio que se sentia culpada pelo homem ter que arcar com as responsabilidades.
Era 3:20 da madrugada, todos estavam dormindo ou apenas bebendo em algum bar de New Orleans. E esse era o momento perfeito para Charlotte. Ela decidiu não levar muitas coisas, apenas uma mochila com seus livros de magia, uma foto dela com Kol e Hope e algumas peças de roupas.
Ela saiu do complexo rapidamente, ela não tinha um lugar para ir, nem sequer um plano específico, ela simplesmente queria ir embora.
Cobrindo a cabeça com o capuz do moletom, ela andou pelas ruas de cabeça abaixada, para que nenhum dos vampiros de Klaus ou Marcel a vissem, ela não queria que eles corressem e contassem para os Mikaelson que ela estava em fuga, Hope ficaria arrasada, e no fim, Charlotte desistiria de ir.
Ela caminhou até o fim da cidade, vendo a placa enorme "Você está saindo de New Orleans", ela sentiu um tipo de felicidade estranha, ela finalmente estava se desapegando de suas raízes, se desapegando de pessoas que apenas a fizeram se sentir horrível.
Ela sentiria falta de Kol, Hope, Hayley e Marcel, mas teria que lidar com isso, e se futuramente sua irmã quiser procurá-la quando for mais velha, Charlotte encontrará uma forma de fazer sua irmã achá-la.
─ Parece que finalmente você irá seguir em frente.- Ela se assustou ao ouvir aquela voz, ela sabia quem era, e ficou surpresa de não ter notado o cheiro dele.
─ Marcel.- Ela sorriu, se virando e vendo seu irmão mais velho ali.- Eu..- Ela foi interrompida por ele.
─ Não precisa me dizer nada Charlie, estou feliz que esteja fazendo isso.- Ele sorriu para a ruiva, que ficou surpresa em saber que ele a apoiava.
Ele se aproximou dela, vendo que ela sorria com lágrimas nos olhos, ela se sentiu mal.
─ Estou sendo tão egoísta.- Ela chorou, soltando uma risada triste.- Hope precisa de mim, e tio Kol, eu estou sendo tão má agradecida, ele me amou e cuidou de mim e eu estou apenas indo embora como uma fugitiva.- Ela falou para Marcel.
O moreno a puxou para um abraço, deixando que as lágrimas dela molhassem sua blusa. Marcel apareceu na vida de Charlotte quando os Mikaelson voltaram para New Orleans, ele ficou surpreso em saber que Klaus teve uma filha biológica, mas ficou mais surpreso ainda quando viu como Klaus a tratava.
Marcel tinha um pai abusivo, e foi esse motivo pelo qual Klaus simpatizou com ele quando ele era criança, Klaus entendia ele melhor do que ninguém, e sabia a dor enorme que era ser odiado por aquele que deveria amá-lo, ele não conseguia entender o porquê de Klaus ser daquela forma com Charlotte.
Ele queria protegé-la, colocá-la debaixo de seus braços e deixar claro que ela não iria mais passar por aquilo, mas o fato dela estar indo embora, de certa forma aqueceu o coração de Marcel, ela poderia viver pela primeira vez.
─ Hope, eu cuidarei dela, sim.- Marcel começou.- Kol, ele nunca achará que você é má agradecida ou egoísta, aquele idiota te ama.- Marcel falou, era verdade, ele podia até não gostar de Kol, mas ele via como o Mikaelson mais novo ama Charlotte.
Ele afastou o rosto de Charlotte levemente, e com as duas mãos segurou o rosto dela delicadamente.
─ Escute o que irei te dizer, Charlie.- Ele sorriu.- Vive, ame, seja feliz, se divirta, tenha um maldito amor épico, mas acima de tudo, não volte, nunca volte para aquilo que te destruiu, Charlie.- Ele falou, vendo os olhos azuis dela brilharem de emoção.
Ela entendeu o Marcel qual era a intenção de Marcel, nunca volte para o que te destruiu, ele quis dizer que ela não devia voltar para Klaus, não devia se humilhar perante a ele, e ela não faria isso.
— Tem um carro te esperando a alguns metros daqui, lá tem um mapa, ache um local e recomece.- Marcel sorriu suave.
— Obrigada.- Ela abraçou ele novamente.- Marcel, não conte a eles que fui embora.- Ela pediu.
— Não direi nada. - Ele riu.- Não morra.
Ela olhou para ele por uma última vez, e então, usando sua velocidade vampira, sumiu.
Sua vida está prestes a começar.
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𝐂𝐡𝐚𝐫𝐥𝐨𝐭𝐭𝐞, Crepúsculo e The Originals.
Fanfic❝Deixar aquilo que te destruiu, é a melhor forma de começar a se auto reconstruir.❞ Charlotte passou 109 anos sendo excluída, odiada e menosprezada por aqueles que deveriam ser sua família, aqueles que deveriam amá-la incondicionalmente e protegê-la...