Dia 10

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Acordei deitada no peito de Dylan, não quero sair daqui....
Ele também acordou e me segurou forte, me abraçando. Sei que também não quer que eu vá. Nos olhamos e sabíamos que eu precisava ir, a vontade de chorar voltou, mas me segurei.
Dissemos que íamos conseguir e vamos, a distância não vai mudar nada.
- Bom dia... - ele falou
- Bom dia... - respondi
O silêncio é tão bom entre nós, chega a ser aconchegante, apenas ficar lá ouvindo sua respiração e as batidas do coração de Dylan.
- Você não pode se atrasar.. - falou contra a própria vontade
- Eu sei - falei e me levantei
Ele levantou junto e ficamos quietos, nos encarando um bom tempo. Sabíamos que íamos ficar anos longe um do outro....
Dylan me puxou pela cintura para perto, olhou nos meus olhos e me beijou, era diferente.... Um beijo de despedida, um de saudade. Paramos por falta de fôlego, ele olhou o celular
- É cedo ainda - falou pensativo
- É... - concordei
Ele me pegou no colo entrelaçando minhas pernas na sua cintura, voltamos a nos beijar, agora com fogo. Dylan sentou na cama comigo em cima, nossas respirações estavam ofegantes .
Paramos o beijo novamente por conta do fôlego, sorrimos e voltamos a nos beijar.
Dylan apertava a minha cintura, não querendo nos desgrudar.
Alguém bateu na porta, paramos o beijo e olhamos em direção à porta.
- S/n! Estamos te esperando lá embaixo - Quinton disse
Dylan se esticou para pegar o celular na cômoda e ver o horário
- Tá na hora de se arrumar... - ele falou voltando a olhar para mim
Nos soltamos e fui atrás de uma roupa, peguei uma calça de moletom tie dye roxa e preta, um cropped roxo e me troquei no banheiro.
Ao sair Dylan já não estava mais no quarto, coloquei meus Air Jordan 1 roxos, arrumei o cabelo e desci.
Os meninos e Charli tinham feito waffles para comermos.
- Minha princesa! - Charli me abraçou e me levou até mesa
Comemos em silêncio, num clima triste.
- Temos que agilizar se não quisermos nos atrasar- Josh explicou
- Vai, a gente coloca as malas no carro - Anthony falou para mim
Sai da cozinha e fui escovar os dentes, terminar de me arrumar e pronto. Olhei para o meu quarto, era MEU quarto..... ia sentir falta daquilo, dos meus garotos, da minha melhor amiga, do meu namorado....
Desci segurando as lágrimas e entrei no carro.

QUEBRA DE TEMPO
Chegamos no aeroporto em cima da hora, talvez uns cinco minutos adiantados. Saímos todos do carro e fui fazer toda a documentação, tudo que tinha que ser feito.
Já na área de embarque, estávamos sentados apenas esperando que chamassem meu voo.
Eu estava com a cabeça encostada no ombro de Dylan, quando ele pegou o celular e abriu na câmera, tiramos o selfie desajeitada daquele jeito mesmo.
De repente me veio uma pergunta
- Como que eu vou deixar vocês com um criminoso a solta? - perguntei fazendo com que todos olhassem para mim
- Ele foi preso- Blake disse me surpreendendo
- Como assim? - perguntei
- Hoje de manhã, não tem mais preocupação nenhuma - Jaden explicou sorrindo meio triste ainda
Voltei a encarar meus tênis pensativa, a saudade ia me matar, com certeza.
Chamaram meu voo e agora era a hora da despedida oficial.
Blake me abraçou, tirando meus pés do chão, seus olhos lacrimejavam
- S/n... Não vou conseguir ficar sem você... - falou
Quinton me abraçou bem forte, passando a mão no meu cabelo, respirou fundo e sorriu, não conseguia falar nada.
Jaden me abraçou logo me levantando como um saco de batatas, percebi que ele chorava, mas mesmo assim tentava me animar
Josh me abraçou rápido, igual a Anthony, eles não conseguiam falar nada.
Charli me abraçou nos fazendo cair no chão, ela chorava e não se importava com as pessoas vendo
- Você é minha melhor amiga S/n... Sempre vai ser
Chegou a vez de Dylan, ele me abraçou, pulei em seu colo e me agarrei a ele.
- Eu te amo.... Prometo que ainda vou viver o nosso felizes para sempre - Dylan falou
Choramos muito.
A segunda chamada foi feita e agora eu precisava ir, Dylan me soltou e antes que eu fosse segurou meu braço, me puxou, me beijou, e me entregou uma carta.
- Leia quando chegar
Corri e entrei no avião.

QUEBRA DE TEMPO
Já estava a um bom tempo dentro do avião me remoendo para ler a carta.... Não aguentei, tirei a carta da mochila de mão e abri...

S/n, amor da minha vida, se você está lendo isso e fez oque eu falei, é porque provavelmente já chegou em São Paulo. Ou como eu imagino, está lendo no avião porque é teimosa. Bem, dessa vez não posso estar ao seu lado para segurar sua mão, falar que vai ficar tudo bem e contar uma história. Então....
Demofonte era rei de Atenas, filho de Teseu. Ao voltar da Guerra de Tróia, Demofonte parou o seu navio no pequeno reino da Trácia onde conheceu Phyllis, a bela filha do rei. Eles se apaixonaram no momento em que se viram. Vendo os jovens assim tão apaixonados, o rei consentiu no casamento instituindo o futuro genro como herdeiro de seu trono.
Antes do casamento, Demofonte explicou que precisava fazer uma breve visita a seu pai em Atenas, afinal não o via há muitos anos desde que partira para a guerra. Rogou pela compreensão de Phyllis, jurando que estaria de volta em quatro meses para viver para sempre ao lado da amada. Depois de ver a lua cheia brilhar por quatro vezes, Phyllis contava os dias e as horas, como só os apaixonados sabem contar. ( e oque eu comecei a fazer quando você entrou no avião)
Vivendo junto a praia observando o horizonte, várias vezes se iludiu julgando ter avistado ao longe as velas brancas do navio de Demofonte. Ele não aparecia e ela inventava mil desculpas para sua demora: talvez o pai o tivesse retido por mais tempo ao seu lado ou algo de ruim tivesse acontecido no caminho. Ás vezes ficava arrependida só de pensar nisso e corria a pedir aos deuses que o protegessem.
À medida em que o tempo passava, suas esperanças diminuíram, e, aos poucos, começou a ser dominada pelos fantasmas de sempre: talvez tivesse sido enganada por palavras doces, seduzida e abandonada. Julgou que seriam falsas as juras de amor, como eram falsas as lágrimas que ele tinha derramado ao partir. Talvez ele nem mesmo se lembrasse mais dela e a essa hora poderia ter encontrado outro amor.
Tomada pelo desespero, não suportou mais o sofrimento e resolveu se enforcar. Mas os deuses, apiedando-se dela, a transformaram numa triste amendoeira. Quando Demofonte finalmente regressou, três meses mais tarde, só lhe restou abraçar-se a árvore, reafirmando entre soluços, o amor que sentia por Phyllis. Nesse instante a amendoeira se cobriu de delicadas flores, que apenas aguardava o abraço apaixonado do amado, que lhe deu força e a seiva de que precisava para desabrochar.
S/n O mito de Demofonte e Phyllis fala da força do amor. Esse é o grande prodígio de um amor verdadeiro, ele nos torna mais vivos e mais floridos; ele nos devolve qualidades que julgávamos ter perdido e nos faz descobrir, com surpresa, que tínhamos outras qualidades, que sequer suspeitávamos.
Eu te amo, vou te esperar como Phyllis esperou Demofonte e espero que faça o mesmo (sem a parte de se enforcar).
Até mais, Dylan.

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Fim

𝗘𝗳𝗲𝗶𝘁𝗼𝘀 𝗱𝗼 𝗗𝗲𝘀𝘁𝗶𝗻𝗼 // 𝗦𝘄𝗮𝘆 𝗛𝗼𝘂𝘀𝗲 Onde histórias criam vida. Descubra agora