Capítulo 3.

10.9K 998 1K
                                    

Noah Urrea

2015

As buscas foram encerradas, e não encontraram Any.

Nem Any, nem ninguém que estava no avião.

Não entra na minha cabeça como a única pessoa mais perto de uma irmã que eu tive se foi de repente... sem aviso, sem que eu tivesse a chance de me despedir.

Agora, entrando no lugar onde será o velório consigo ter ainda mais certeza de como ela era amada. Está lotado de gente, cheio de coroas de flores espalhadas pelo espaço. Ela sem dúvidas deixava um marco na vida de cada um.

De longe consigo enxergar alguns rostos conhecidos.

Bailey está em um canto recebendo um abraço de Joalin, Heyoon está abraçando a família Soares May. Sabina está de um lado e Pepe de outro, e Josh está mais afastado de todo mundo, sentado no chão com as costas apoiadas na parede e a cabeça apoiada nos joelhos, como dói ver a imagem de um homem perder a mulher que ama.

Continuo observando o lugar até que meus olhos veem uma figura loira de costas.

Meu coração parece estar uma bagunça dentro do peito enquanto caminho até ela, e nem preciso chegar lá pra saber que é Sina.

— Você veio. — digo enquanto cutuco o ombro dela.

— Hm. É. Sim. — ela diz enquanto olha o lado e me ignora.

— Não precisava ter ido embora. — digo e ela encontra o seu olhar até o meu.

— Any não precisava ter sumido, mas sumiu.

Sua voz está carregada de dor e frieza, e isso me assusta.

— Sina, Any não escolheu isso, nos sabemos. Você está mal, mas se fechar não é a solução. — digo e ela levanta uma sobrancelha e me olha com deboche.

— Falou a pessoa que vive cheirando a álcool. — soltou um riso abafado pelo nariz. — Noah, até onde eu me lembre você não é fiscal da vida alheia. Me erra. — responde enquanto revira os olhos se virando de costas para mim.

Penso em ir atrás dela. Mas ela está certa. Nada será como antes.

Saio dos meus pensamentos quando escuto um homem dizendo para que todos se sentem nas cadeiras.

A igreja ficou tão cheia de pessoas, que algumas tiveram de ficar em pé.

Ela era a personificação do amor.

— Agora, quem quiser dizer algumas palavras, fique a vontade. — diz o homem que deduzo ser um pastor.

Vejo a mãe de Any caminhar lentamente até o altar acompanhada de seu marido. Um misto de sensações percorre meu corpo. É aterrorizante estar aqui.

— É... bom... Any... ela é... — ela para quando percebe que disse "é". — bom... ela era a pessoa de maior coração que já conheci. Ela trouxe cor as nossas vidas. Seu sorriso era capaz de desfazer qualquer angústia que estivesse em meu coração. — ela diz e da uma pausa. — Sabe, quando ela nasceu, eu soube que nada mais seria igual antes. Bailey sempre foi meu menino, mas eu sabia que faltava algo. — ela diz e vejo ela olhar na direção de Bailey que assente com a cabeça enquanto faz esforço para não derrubar as lágrimas. Bailey May nunca chorava. — Era ela quem faltava, mas ela chegou. Ela chegou e fez nossa família se tornar a mais feliz. Mesmo com todos os problemas, Any estava sempre sorrindo. Ela sempre fingia estar bem quando não estava, só pra não preocupar ninguém.... — ela da uma pausa quando sua voz fraqueja e o soluço parece escapar. — Eu não consigo. Me desculpem, não consigo fazer isso. Ela era minha menina. — ela diz e cai no choro enquanto é abraçada pelo pai de Any, que a guia para se sentar em um dos bancos.

Cinco Anos Sem Você. | Beauany.Onde histórias criam vida. Descubra agora