Cinco Anos Sem Você. | Beauany.

Capítulo 6.

Any Gabrielly

2020

Estou no barracão com Hina aguardando enquanto Lamar não vem nos buscar.

Ele que o chefe dele nos "encomendou" pois hoje iria receber umas parcerias para a gangue, e eu seria a "companheira" dele, e Hina a "companheira" do cara que gostou dela desde aquela época.

— Lamar, estou encomendando a cabeça dele. Pode me trazer por favor? — digo em tom de deboche quando ele chega.

— Sinto muito Any, vocês não fazem ideia do quanto. Agora que eu conquistei mais a confiança dele, eu sinto que logo iremos sair daqui.

— Eu deveria me animar? — pergunto com a voz grossa.

— Ele não tem culpa, Any. — a japonesa ao meu lado diz e eu sinto uma pontada em meu peito por estar sendo rude com uma das únicas pessoas que tem sustentado meu mundo.

— Me desculpa, Lamar. Me desculpa mesmo. Só to cansada. Isso nunca acaba. Eu me sinto tão mal.

— Eu já te falei e vou repetir: vocês podem e tem que se sentir mal, mas vocês não podem se acostumar com isso. Eu sei que de alguma maneira parece que já é uma rotina, mas isso não pode acontecer. Nós vamos sair daqui, eu prometo. — ele diz e eu o abraço.

— Tudo bem. — ele desfaz o abraço com agilidade. — Ué, tá fugindo do meu abraço?

— Você sabe que se desconfiarem que eu tenho alguma relação maior do que o necessário com vocês duas eles não vão me deixar cuidar de vocês, e eu preciso estar por perto.

— Eu esqueci. Perdão.

— Tudo bem. E por favor, vocês duas estão sempre arrumando briga com eles, não façam isso hoje. Ambos estão muito estressados, eu não sei o que eles farão se vocês derem problema hoje também.

— Se me matar é lucro. — digo e levo um tapa no braço, dado por Hina. — Japonesa bruta. Que mão pesada! Eu estava brincando.

— Você não viu nada! Pare com essa palhaçada Any. Eu to falando sério. A gente sabe que você não está brincando! — ela diz e eu automaticamente me sinto culpada de vê-la assim.

Houveram momentos onde minhas crises foram muito maiores do que eu, e eu tentei, tentei ser forte, mas chegavam momento que não dá. Quando esses momentos chegaram, eu tentei acabar com tudo, mas isso causou em Hina um trauma enorme. Foi egoísmo da minha parte não pensar nela, mas a dor era absurda.

— Chegamos. — a voz de Lamar me tira dos meus pensamentos e quando dou por mim, estamos parados em frente a casa, que não fica tão longe do barracão. Mas tudo isso aqui está tão longe do mundo, que de fato não muda nada. — Por favor, não briguem.

— Certo, chefe. — eu e Hina dissemos em uníssono.

༄

Hoje eles iriam receber umas visitas, então querem que eu e Hina estejamos apresentáveis. No guarda-roupa tem alguns vestidos longos, que são lindos, mas qualquer um que eu use irá mostrar alguma cicatriz minha, ainda mais os que tem um decote caído nas costas.

— Você ficou tão linda nesse, Any. — a japonesa diz e aponta para um vestido vinho de mangas cumpridas que eu experimentei.

— Sabe que quero ir o mais feia possível né? — digo e ela concorda.

— Acredite em mim Any. Eu não falar toda hora sobre como isso me machuca não quer dizer que eu não sinta.

— Perdão. Só que sei lá. Parece que estamos escolhendo roupa para irmos para um baile, mas na verdade estamos sendo escravas sexuais. Não consigo esquecer a realidade.