Capítulo 14 - A melhor estratégia.

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Os irmãos estavam petrificados no lugar. Mal conseguiam mover os olhos, temendo que qualquer mínimo movimento pudesse ser mal interpretado e lhes custassem caro. Um dedo ou um braço por vez, era o que tinham em mente.

E pelo tensionar do maxilar de Cinco, ele estava mesmo disposto a atacar o primeiro que se arriscasse a se pronunciar.

Luther colocara a fita em um dos aparelhos de VHS e todos aguardaram, em expectativa, congelados e suando frio por Cinco estar apenas um passo atrás deles.

Houve uma certa decepção geral e não-verbalizada ao notarem se tratar tão apenas do corredor que dava acesso aos seus quartos, em má-qualidade e colorido em um tom de azul típico das filmagens da casa. Pela granulação extra da imagem deveria ser de noite – fato este comprovado pela data e horário no canto da imagem.

Cinco estava recostado no batente da porta do próprio quarto, braços cruzados, a postura típica dele, quando Klaus entrara em tela. Cinco avançara alguns passos até que eles parassem de frente um para o outro no corredor. Não havia áudio, mas notava-se que eles estavam conversando sobre algo.

Cerca de um minuto de conversa depois eles estavam se abraçando mutuamente. Cinco também estava correspondendo o contato ao invés de recuar. Depois de alguns segundos chocantes daquilo os dois se afastaram e seguiram conversando normalmente, caminhando para dentro do quarto de Cinco, onde sumiam de quadro.

A filmagem acabava ali.

Todos sabiam o que tinham visto, mas ainda era irreal demais a naturalidade de tudo aquilo. Deveria haver um truque. Não poderia ter sido fácil daquele jeito.

Não poderia ser aquilo.

- Então... O Klaus ganhou? – Luther arriscara o comentário, tão chocado quanto assustado, trazendo aquela preocupação que todos tinham em mente, mas nenhum tivera coragem de expor.

♥♣♦♠

Dois dias antes

Cinco estava completamente imerso em seu trabalho nas paredes. Trancara a porta do quarto com um novo esquema de fechaduras que, de acordo com seus cálculos, nem Luther seria capaz de derrubar.

Tudo deveria permanecer propício para que se concentrasse na droga do possível-apocalipse. Seus dedos tremiam e quase escorregavam o giz, pressionado com força em seus dedos. O seu estado de profunda imersão ameaçava ser interrompido vez ou outra, mas nada que tirasse seu cérebro dos cálculos.

Riscara o resultado de duas variantes, soltando a respiração que não sabia estar segurando. O aperto de seus dedos afrouxando e levando o giz ao chão.

- Saco – praguejara consigo mesmo, vendo o giz rolar para longe conforme Cinco limpava os dedos na própria roupa, mais raivoso do que o necessário.

Então algo batera em seu pé. O mesmo pedaço de giz branco. Olhara ao redor, na direção da cama, de onde o giz tinha voltado, e imediatamente olhara embaixo, esperando ver Klaus com um sorrisinho debochado por ter sido pego.

Nada.

- Ben? – chamara, não tão confiante quanto o seu habitual. – É você?

Houve silêncio. Cinco mantivera-se atento por qualquer sinal, de repente ouvindo barulho de algo batendo contra a janela do quarto. Fora até ela e a abrira, contudo, não havia nada do lado de fora.

Recado recebido.

Precisara de alguns segundos pensando antes de ter uma ideia: pegara seu giz de volta e esmagara um pedaço dentro da mão, triturando-o ao máximo antes de espalhar o pó por cima da escrivaninha da forma mais uniforme possível, criando uma película com ele. Não era uma perfeição, mas deveria funcionar.

Straight Flush - O Jeito Umbrella de Jogar PokerOnde histórias criam vida. Descubra agora