O gosto amargo da rejeição mal havia abandonado os lábios de Frong e ele já o sentia novamente. Mas dessa vez numa intensidade tão grande que era como se estivesse doente.
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Faz horas que saímos do acampamento, esse médico tão amável está bem a meu lado e por isso permaneço com os olhos fechados pra que ele pense que estou dormindo, porque conversar não é uma opção enquanto essa frase não para de se repetir na minha cabeça.
"Nós somos irmãos, certo?".
Eu realmente não sei como pude ser tão estúpido. Qual é o meu problema?
Só porque alguém te trata com gentileza, não significa que exista algo mais que isso. Principalmente se essa pessoa for gentil com todos a sua volta. Eu devia saber desde o começo, não foi nada especial, nada exclusivo, eu só desejei que fosse e quebrei a cara. Quebrei a cara mais uma vez, num tempo recorde.
Se eu pudesse ficar sentado naquela pedra, teria feito. Estou tão envergonhado. Quando P se aproximou e pediu meu Line, a forma como ele pediu, tão confiante de que eu lhe entregaria meu celular, naquele momento meu coração se agitou, assim como vinha se agitando todas as vezes que P' esteve comigo durante toda viagem e eu... Eu pensei que ele me convidaria para sair.
Mas ele me chamou de irmão, me colocou bem no meu lugar.
Me levantar e entrar nesse ônibus foi extremamente difícil, parece que meu corpo pesa uma tonelada, meu peito dói, sinto dificuldade até para respirar e puxo um pouco a gola da camisa. Eu só quero chegar em casa e deitar na minha cama pelo resto da vida.
Ainda com os olhos fechados sinto uma mão tocar levemente minha testa. Não preciso de nada para saber de quem se trata.
"Nong você está se sentindo bem?"
Abro o olhos e dou de cara com P'Thara inclinado em minha direção, uma expressão séria em seu rosto.
"Estou sim". Minto.
"Está enjoado novamente?" Ele insiste.
"Não, apenas cansado da viagem".
"Você está muito pálido e a sua temperatura está quente, sente frio?".
"Um pouco".
"Vou pedir para aumentarem a temperatura do ar, só um instante". P'Thara se foi antes que eu pudesse protestar. Meu desconforto não iria passar sem o frio.
Não queria ter sentado ao seu lado, pretendia me refugiar na parte de trás do ônibus, mas quando entrei ele já havia reservado o mesmo lugar que vim ao seu lado, logo não tive alternativa.
Observo o ônibus, estão todos absortos em suas próprias coisas. Duen aparentemente está dormindo recostado na janela do ônibus e aquela coisa que agora é oficialmente seu namorado mexe no celular. Logo que a viagem começou todos fizeram a maior bagunça com a atualização de status dos dois e eu esperei sofrer com a notícia, mas não significou nada, mesmo que seja realmente deprimente pensar que um garoto tão legal quanto Duen esteja em um relacionamento com aquele idiota. Mas o coração quer o que o coração quer.
