O gosto amargo da rejeição mal havia abandonado os lábios de Frong e ele já o sentia novamente. Mas dessa vez numa intensidade tão grande que era como se estivesse doente.
"Gostar de Nong?" P' repetiu minha pergunta como se tivesse sido feita em um idioma desconhecido.
Nunca imaginei que um sentimento fosse capaz de fazer com que alguém experimentasse dor física, mas meu coração está em agonia. Parece que tentei entregá-lo a P', mas ele acidentalmente deixou cair e me devolveu em mil pedaços.
É um milagre eu não estar chorando e mesmo assim não me sinto capaz de desistir, já cheguei até aqui, talvez fosse apenas esperanças sem sentido de alguém apaixonado, não importa. Preciso ser como Bohn, engolir meu medo, fingir estar bem, preciso me arriscar, preciso lutar pra que P' me enxergue.
Porque definitivamente, perdê-lo não é uma opção suportável.
"Sim, você pode?". Era tão vergonhoso dizer esse tipo de coisa, minha garganta arranhava como se eu houvesse engolido vidro.
"Nong você me deixa confuso".
"Eu te deixo confuso?"
"Sim, muito".
"O que foi que eu fiz?"
"Nong sempre demonstra que não gosta de mim".
"O que?". Agora eu quem não estava entendendo mais nada.
"Sempre foi assim".
"Mas quando nos conhece".
"Não, não me refiro a quando nos conhecemos".
"Então". Eu podia sentir a febre exaurindo todas as minhas forças.
"Sei que pareço distraído e bobo, mas percebo quando as pessoas julgam meu jeito. Apenas escolhi ignorar porque gosto de quem sou".
"...". Fui pego de surpresa e não tenho dúvidas que P' pôde ver isso em minha expressão, pois não esperou por respostas.
"Quando voltei a floricultura, Nong se irritou apenas por eu sorrir".
"Eu ainda não". Eu não sabia como continuar.
"Nong lembra quando fomos a sorveteria com Duen e seu namorado?".
"Sim, me lembro".
"Nong só tinha olhos para meu primo, quando falava com N'Duen sempre sorria, mas para qualquer outro exibia a mesma expressão chateada. Então tentei puxar assunto e Nong não escondeu como me considera estranho por ter um lagarto como bichinho de estimação".
"Mas". Mas o que? Ele está certo, foi o que eu pensei, é o que penso até hoje.
"Aquelas garotas que nos olhavam da outra mesa. Você lembra o que falei?"
"O que você falou...". Eu não fazia a mínima ideia do que ele estava falando.
"Eu disse "as garotas daquela mesa pensam que somos um casal, talvez a gente fique bem juntos".
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