O que foi aquilo?
A minha imaginação não é tão fértil e só por esse motivo sei que aquele beijo foi real.
Ainda sinto os lábios de P' nos meus, suas mãos em meu rosto e se eu fechar os olhos é como se ele ainda estivesse aqui comigo.
Algumas coisas parecem tão óbvias agora, eu me entreguei a essa doença, deixei que ela tomasse conta de mim, que levasse minhas forças. Só agora percebo, eu queria que ela levasse minha tristeza, assim como levou minha saúde. Porque é assim que eu faço, sempre foi, quando as coisas não vão bem ou quando não consigo algo que quero, apenas desisto e me comporto destrutivamente, com os outros e comigo mesmo. Foi assim quando papai se foi, foi assim com Duen. Mas dessa vez... dessa vez foi diferente, mesmo que as coisas não tenha se consertado, valeu a pena sentir todo aquele medo, agora eu tenho uma chance.
Mesmo P' esteja ocupado, se eu me recuperar e voltar as aulas posso ao menos vê-lo no câmpus, quem sabe tomar o café da manhã, ou almoçar, jantar, apenas uma bebida, qualquer coisa, desde que seja com P'Thara.
E quando esse período de provas terminar nós vamos poder nos ver e ...
E eu não sei exatamente o que isso tudo significa. P' disse que não me via da mesma forma...
Mas ele me beijou. P' me beijou e isso com certeza significou algo, mesmo que eu não saiba exatamente o quê. Algumas coisas eu com certeza descobri.
A mais importante delas é que P' sempre me notou, aquele cara incrível, lindo, inteligente, ele me notou e eu quase estrago tudo porque não vi nada além do meu próprio umbigo, o que de fato não é uma novidade, eu sou egoísta, não é algo que eu não soubesse. A outra é que faço um tanto de coisas apenas por capricho e esse definitivamente não é uma atitude que vá me aproximar de P', então tenho que consertar algumas coisas.
Principalmente a mim mesmo.
...
"Nós nos falamos um dia desses, não? Porque você está me ligando? Não pode fazer como as pessoas normais e enviar mensagem no Line".
"Foi a dois dias e pessoas normais também fazem ligações".
"Na! Tanto faz".
"Com quem está falando?". Alguém pergunta ao fundo, também posso ouvir outras vozes, Bohn provavelmente está com seus amigos.
"Não é da sua conta!".
"Deve ser a esposa". Outra voz, mas essa eu reconheço, é o garoto que se declarou usando um megafone.
"Nunca deixe Duen te ouvir chamá-lo assim, ele não gosta".
"Oh! O que há de errado em ser a esposa?"
"Nem todo mundo tem tanto orgulho disso quanto você, idiota!"
Oi... Eu ainda estou aqui.
"Óbvio que não, você acha mesmo que ele usaria esse tom se fosse N'Duen". Agora é a primeira voz.
"Ohh! É verdade!"
"Se você estiver ocupado eu posso ligar outra hora".
"Não não, pode falar". As vozes foram ficando cada vez mais distantes até que não puderam mais ser ouvidas.
"Você tinha razão".
"Eu sempre tenho razão. Mas sobre o que exatamente?".
"P'Thara veio aqui e".
"Ra! Ele se declarou!".
"Hum... Na verdade não".
E então, pelos próximos vinte ou trinta minutos, contei o que havia acontecido entre mim e P', me esforçando para lembrar de suas palavras confusas enquanto ouvia várias exclamações e comentários.
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TharaFrong - Uma História de My Engineer
FanfictionO gosto amargo da rejeição mal havia abandonado os lábios de Frong e ele já o sentia novamente. Mas dessa vez numa intensidade tão grande que era como se estivesse doente.