"Você precisa comer seu idiota, eu deixei de ir trabalhar pra cuidar de você!".
"Eu não me lembro de te pedir nada".
"Você é um otário mesmo né. Eu não tenho culpa que seu P'Gostoso sumiu!".
Ignorei Fang até ela desistir e sair do quarto me xingando de algo bem pior que otário. O primeiro motivo é que ela estava certa, o segundo é que eu jamais admitiria.
P' disse que viria mas não apareceu nos últimos dois dias. Não que ele tivesse qualquer obrigação. Eu só queria muito, muito, tê-lo visto.
Mamãe e First que cuidaram de mim esse dias. Mamãe fez sopas, vitaminas e frutas das quais vomitei boa parte, mas dessa vez dentro do banheiro, da forma menos humilhante possível e quase sempre sozinho. First me ajudou um pouco com banho, algo que nenhum dos dois apreciou.
A dor nos olhos e na cabeça aliviou bastante, já a do corpo continua do mesmo jeito, parece que toda noite sou espancado enquanto durmo. Além do enjoo, frutas são o que meu estômago sustenta, mas eu não gosto da grande maioria, então não está sendo fácil.
Mamãe tem exames para fazer por conta da cirurgia de retirada do cisto e não podemos nos dar ao luxo de fechar a floricultura por um dia. Então sobrou apenas Fang que foi obrigada a pedir um dia de folga na revista onde trabalha como fotógrafa. Agora nós estamos tendo que aturar um ao outro.
Não, na verdade ela está tendo que me aturar.
Depois que P' me chamou de mal-humorado venho prestando muita atenção em meu próprio comportamento. First e Fang são os maiores alvos dessa minha junção de pessoa acometida por uma doença e alguém que foi novamente rejeitado amorosamente, mas que mesmo assim deseja rever o alvo de seu afeto.
First nunca responde aos meus acessos de irritação, mas ele sempre foi assim, provavelmente por nossa diferença de idade, ele é nove anos mais velho que eu e sempre agiu mais como um pai do que um irmão. Em compensação Fang tem o dom de tocar na ferida. Ela é tão boa com palavras quanto com os punhos. Se eu não estivesse doente com certeza já teria levado alguns socos.
P' poderia ao menos ter enviado uma mensagem, procurado saber se estou bem, se estou vivo. Só isso...
"Não, ele está ótimo. É tudo encenação". Ouço a voz irritante de Fang lá da sala.
"Mas a febre, o vômito..." Essa voz....
"Ele vai sobreviver". Ela diz cinicamente.
"Eu te falei". Essa outra voz... Temo estar tento alucinações auditivas, não pode ser.
Ouço passos no corredor, estão cada vez mais próximos e eu me dou conta de que não escovo os cabelos a três dias. É tarde demais.
"Ei otário! Tem visita pra você. Lamento informar que não é o seu P'Gostoso".
"P'Gostoso é? Hahaha!".
Fang para na porta e dá passagem para N'Duen e seu namorado idiota entrarem.
Bohn mantinha uma expressão irritada em seu rosto até o momento que me viu e um sorriso extremamente satisfeita surgiu em seus lábios. Eu devia estar realmente péssimo.
"Sawadee krap P'Frong". Enquanto N'Duen me saudava sua expressão era realmente preocupada.
"Sawadee krap N'Duen".
"Nós soubemos que você não melhorou e ficamos preocupados, então viemos te ver".
"Fale apenas por você". Bohn ironizou.
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TharaFrong - Uma História de My Engineer
FanfictionO gosto amargo da rejeição mal havia abandonado os lábios de Frong e ele já o sentia novamente. Mas dessa vez numa intensidade tão grande que era como se estivesse doente.