Nine

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Na saída do hospital caminhei ao lado de papai em silêncio total, ainda estou tentando digerir e entender tudo o que o Dr. Charlie me disse. Não é fácil saber que você pode nunca lembrar de metade da sua vida. Carolina e minha mãe estão a nossa frente, elas conversam baixo uma com a outra, quer dizer, minha mãe está falando e Carol apenas a ouve. É muito curioso ver as duas dessa forma, parecem tão intimas, como grandes amigas de anos. Me pergunto em qual momento Carolina conseguiu a proeza de conquistar minha mãe dessa forma, eu consigo me lembrar bem do quão protetora ela era na minha adolescência em relação as garotas que tentavam se aproximar de mim para terem um relacionamento. E agora ela parece amar Carolina de uma forma tão verdadeira. Como se fossem mãe e filha

— Filha. - Papai me chamou antes de nos despedirmos. Olho para ele
esperando que continue. — Pelo menos hoje, por favor, tente ser mais
amigável com sua esposa. - Sinto vontade de fazer uma careta pela forma que ele se referiu a ela, mas ainda estou atordoada demais com as notícias de hoje para ter alguma objeção. Sorrio para meu pai e o abraço.

— Eu prometo que me esforçarei. - Digo em seu ouvido e o ouço suspirar, alisando a base de minhas costas. Ele me aperta mais contra si e deposita um beijo no topo de minha cabeça.

— Vai dar tudo certo, princesa. - Ele tenta soar confiante, embora sua expressão facial entregue o quão receoso ele está. Abro um sorriso amarelo e apenas aceno com a cabeça.

Espero mesmo que dê tudo certo, papai... E como espero. Carolina passou o caminho inteiro calada, agora estamos em frente a casa que dividimos e eu estou esperando que ela diga algo ou que ao menos destrave as portas logo. Ela respira fundo, suas mãos apertam o volante com força. Entorto os lábios, minhas mãos inquietas em meu colo, não sei o que dizer, muito menos se devo dizer algo ou apenas fique calada.

— Está com fome? - Sua pergunta me pega desprevenida, Carolina olha para mim e sorri. Olhos tristes e apagados, ela está forçando o sorriso. Já consigo identificar algumas coisas. — Posso ir buscar algo se quiser. Sugere e então paro para pensar, não estou com tanta fome assim, porém acho que ela só precisa de uma desculpa para dar uma volta e espairecer as coisas. Eu sei que temos comida em casa.

— Sim.

— Pizza e cupcakes - Ela não perguntou, pareceu mais uma afirmação. Estou meio boquiaberta por ela já saber o que eu iria pedir Bem, ela é sua esposa, Bárbara, óbvio que te conhece. Eu queria a conhecer um pouco mais também, saber suas vontades e gostos, coisas assim. Sem dizer mais nada, solto meu cinto e abro a porta, olho para Carolina e esboço um sorriso antes de finalmente sair do carro e fechar a porta. La dentro vejo ela acenar para mim e então o carro é ligado outra vez. Vejo-o sumir na esquina e solto um longo suspiro. Então vamos lá né, viver minha vida, ou tentar

30 minutos depois e ela ainda não voltou, não que eu esteja controlando o tempo que ela fica na rua, mas confesso que estou preocupada. Carolina nunca foi uma pessoa muito instável, nunca soube lidar com suas emoções e isso é uma coisa que não parece ter mudado com o passar dos anos. Tenho receio de que ela faça algo errado ou que aconteça algo a ela. Ando de um lado para o outro na sala, vejo meu celular em cima da mesinha de centro e vou até ele o pegar. Acendo a tela e logo vejo uma mensagem, mensagem dela.

"Baby desculpe não poder voltar agora, lan me ligou e pediu que eu o
encontrasse, mas irei levar sua pizza e seus cupcakes mais tarde". Me sinto chateada com isso, e com raiva, raiva por estar aqui esperando ela e preocupada enquanto a imbecil está com o irmão. Poderia pelo menos ter ligado. Mantenha a calma, Bárbara.

O que fazer agora? Me sento no sofá com o celular em minhas mãos, não faço ideia do que irei fazer agora, com Carolina por aqui eu teria uma companhia pelo menos. olho para a tela da televisão desligada, suspiro e rodo o aparelho em minhas mãos. Decido desbloquear ele, não tenho nada melhor para fazer mesmo. Já me sinto mais familiarizada com a alta tecnologia desse celular, os de antigamente eram menos complicados para mexer, mas não tinham tantas possibilidades quanto os de hoje em dia. E eles parecem maiores também, e finos, mas isso é bom. Eu gosto pelo menos. O que eu vou olhar mesmo? A galeria, sim! Clico na galeria de fotos e vejo diferentes pastas espalhadas por ali. clico na primeira, são fotos só minhas.

Stupid Wife - BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora