Twenty two

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Eu preciso lembrar de deixar uma jarra com água perto da cama quando eu for me deitar. Só de estar descendo essas escadas uma hora dessa, me dá vontade de me bater por ter esquecido de pegar uma garrafa de água mais cedo. Assim que chego na sala, vejo que a luz da cozinha está acesa. Mas quem está acordado uma hora dessa?

— Carolina? - Chamo assim que chego a cozinha, ela salta sobre a cadeira e
larga o pote em sua mão em cima da mesa. — O que está fazendo?

— Você precisa parar de me assustar assim. - Limpa os cantos da boca com as costas de suas mãos. Sorri sem jeito e volta a pegar o pote, que parece conter algum tipo de doce. Puxo uma cadeira e me sento em frente a ela.

— O que está fazendo acordada a essa hora?

— Por isso.- Aponta para o pote com a colher em sua mão. — Eu amo morangos com Nutella e marshmallow. - Enche a colher com um pouco daquela mistura de doces e enfia em sua boca. — Quer?

Repreendo-a com o olhar por ela estar falando com a boca cheia. Nego com a cabeça e apoio os cotovelos na mesa. Carolina parecia bastante entretida com o pote cheio de doces. Um pequeno sorriso surge em meus lábios ao vê-la sujar um pouco de seu queixo enquanto devora os morangos com Nutella e marshmallow. Olhando assim é impossível dizer que ela tem mesmo trinta anos. Para ser sincera, ela nem parece ter passado dos vinte e cinco ainda. Continua linda.. Meu Deus, eu preciso parar com isso.

— Você vai poder me levar ao trabalho amanhã?

— Que tal... - Engole o que está em sua boca. — Se você for dirigindo e eu só guiando?

— Não. - Arregalo os olhos, ainda traumatizada por quase ter batido meu carro no carro dela e por ficar nervosa demais ao ponto de deixar o carro morrer pelo menos umas três vezes. Não sei como ela me convenceu a aprender a dirigir da primeira vez, mas dessa vez ela terá que fazer muito mais do que apenas me dar alguns beijos e dizer que eu posso.

— Mas, amor... Você sabe que precisa aprender a dirigir - Levanta da mesa e
leva consigo o pote sujo de doce e a colher. — Além do mais, você adorava dirigir seu carro, e também precisa conhecer a cidade. Afinal, você mora aqui, não posso ser sua guia para sempre.

Vendo por esse lado ela tem razão, ela tem um ponto. Mas o que fazer com toda essa minha insegurança? É impossível não sentir medo, aquele carro parece ser potente demais, imagina se eu saio disparado com ele por aí. Se eu já bato os carros jogando videogame, imagina na vida real.

— Não me sinto segura pra pegar no volante... Talvez eu devesse fazer auto
escola.

Carolina termina de lavar a louça e vira em minha direção, ela nem enxuga as mãos, fazendo com alguns pingos de algo molhem o piso de madeira. Sua expressão mostra incredulidade.

— Está querendo dizer que sou uma péssima instrutora de direção?

— Oh, não! Não, não mesmo. - Me desespero em tentar me redimir, estou quase acreditando que ela realmente ficou magoada com o que eu disse, quando de repente, a idiota começa a rir. — Você só pode estar brincando comigo

Ela joga a cabeça para trás e gargalha com vontade, nem ao menos se importando de estar fazendo muito barulho. Aperto meu maxilar e nego com a cabeça. Engraçadinha.

— Eu queria ter gravado sua cara. - Fez sinal de espera com a mão, curvou-se para frente, apoiando as mãos em seus joelhos. — Isso continua sendo a
melhor piada de todas.

—Não achei graça nenhuma. - Resmungo, cruzando os braços abaixo de meus seios. — Aliás, ainda bem que você sabe brincar de fotografa, se você tentasse ser comediante, iria morrer de fome.

Stupid Wife - BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora