Twelve

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— Mommy. - Ouço alguma voz bem ao fundo, sinto algo tocar meu rosto. Estou sonhando ou alucinando? Conheço essa voz.

— Hm... - Resmungo ao abrir os olhos e bocejar. Olho para o lado e vejo Louis escorado na beirada da cama, ele está com a mãozinha em meu rosto, seguro sua pequena mão e a beijo. — Oi pequeno. - Minha voz ainda está sonolenta e sinto meus olhos pesados, pisco algumas vezes e tento me sentar, mas sinto algo pesado sobre minha barriga, olho para baixo e vejo Carolina com a cabeça em meu abdômen e o braço envolvendo minha cintura.

— Mommy, estou com fome, mamãe não quer acordar.

Ele resmunga, volto a olhar para ele que agora está com um enorme bico em seus lábios e tem os braços cruzados em seu peito. Sorrio para ele, até mesmo com irritado Louis parece adorável. Essa criança é mesmo real? Como não acha-lo lindo?

— Com fome, huh? Que tal waffles?

— Sim! - Grita abrindo um enorme sorriso e eu fecho os olhos, sentindo minha cabeça latejar.

Carolina se remexe um pouco e murmura algo que não entendo, porém continua dormindo. Acho que a bebedeira de ontem derrubou ela.

— Ok, mas sem gritos para não acordar sua mãe.

— Desculpa.

— Tudo bem. - Com o máximo de cuidado possível, retiro a cabeça de
Carolina da minha barriga e puxo-a um pouco para cima, deitando sua cabeça no travesseiro. O que está esperando, mocinho? Já pro banho, anda. Ordeno, embora esteja sorrindo. Louis não diz nada, apenas saí do quarto rapidamente.

Bocejo lentamente ao me espreguiçar, sinto meu corpo um pouco pesado. Ainda estou com sono. Levanto-me da cama e vou em direção ao banheiro, dou uma última olhando em Carolina e suspiro. Sinto que agora as coisas se ajeitam, ou pelo menos irão melhorar um pouco.

//

Arrumei a mesa para o café da manhã, Louis já está sentado, uniformizado e cheiroso. Uma coisa curiosa que notei é que Carolina e ele são perfeccionistas com relação a higiene pessoal, da mesma forma que ela gosta de estar sempre cheirosa e limpa, ele também o faz. É incrível o quanto se parecem. Carolina parece ter educado ele muito mais do que eu, às vezes penso como éramos antes. Se eu era a mãe que apenas corrigia, auxiliava nos deveres de casa e mandona, e se Carol era a mãe brincalhona, que leva Louis ao parque, deixa ele comer besteiras e não pega tanto em seu pé. Penso que deveria ser algo engraçado de se ver. É meio estranho imaginar nós três como uma família. Mas estou me acostumando.

— Mommy, a mamãe não vai levantar? Vou acabar me atrasando pro colégio.

— Lou, eu acho que sua mamãe está muito cansada, sabe? Melhor deixar ela descansar.

— Então a senhora vai me levar?

Pergunta e eu me viro para olha-lo, seus olhos cinzas estão cravados em mim, brilhando em expectativa. Sinto um nó em minha garganta. Como irei fazer agora? Não faço a mínima ideia de onde seu colégio fica, não me lembro de saber dirigir e pior... Ele não sabe que perdi a memória. Certamente já devo tê-lo levado a escola outras vezes, mas agora não posso, e tenho que arranjar alguma desculpa ja que com toda certeza Carolina não deve acordar nem tão cedo.

— Eu... Eu, não vou poder. A mommy tem muita coisa pra resolver agora de
manhã. - Penso rápido em alguma solução. — Mas já sei quem pode te levar ao colégio, vou fazer uma ligação e já volto.

Saio da cozinha em busca do meu celular, não gravei o número de ninguém ainda e por isso irei precisar da minha agenda telefônica.

Olho pelo sofá e não o encontro, não está pelo chão também e nem na mesinha de centro. Cacete. Anos se passaram e eu ainda consigo perder meu celular dentro de casa, não aprendi a guarda-lo em um lugar fácil de achar depois. Estou quase subindo para pegar o celular de Carolina quando vejo meu aparelho celular perto da televisão. Como ele foi parar ali? Desbloqueio ele e logo vou na agenda de contatos, procuro o nome apelido de Milena e aperto para ligar. No quinto toque ela finalmente atende.

Stupid Wife - BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora