• Parte 4

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Depois da resposta da rosa, o amável jardineiro decidira revidar os insultos da pequena flor, — dia após dia —, no intuito de faze-la entender que ele também queria seu espaço respeitado, — que não queria mais se ferir com seus espinhos. No entanto, de nada adiantou.

Eles brigavam; brigavam por besteiras, por coisas aleatórias, e pelas palavras da rosa, que não suportava sua presença no mesmo quarto que ela, eles brigavam principalmente por ele ser um jardineiro.

Entristecido pela forma como tudo estava se desandando, o jardineiro terminou de podar as arvores, optando por descansar durante alguns minutos debaixo de sua sombra antes de começar a recolher as folhas do jardim.

Os olhos automaticamente pousaram na janela mais alta e simples do castelo enquanto recuperava seu folego.

— Por que é tão difícil para você me aceitar? - O jardineiro resmungou, observando a rosa solitária e seus enormes espinhos que cresciam ao lado da estrutura da torre. 

Notando o murmúrio do jardineiro, a borboleta que até então apenas observava as coisas paralelas a sua visão, soltou um suspiro alto diante a expressão tão triste do outro.

— Pobre jardineiro, não se deve admirar a rosa. - A borboleta adverte num sorriso contido nos lábios, fazendo com que o rapaz desviasse rapidamente a atenção para um dos galhos da arvore.

— Eu não estava a admirando! - O jardineiro indagou surpreendido ao se virar para trás, sendo pego em flagrante.

A borboleta riu.

— Mesmo que não digas nada, todos do palácio percebem seus olhares em direção a rosa. - Ela afirma ao erguer sua cabeça. - Mas é melhor que não faça isso. A rosa é uma boa flor, e muito amável também, mas ela não gosta de jardineiros.

— Sei disso... - O jardineiro comentou, entristecido.

— Se sabe, por que continua se machucando com seus espinhos? - A borboleta questiona, nitidamente confusa. - Por mais que a rosa seja bela, tenho certeza de que seus espinhos doem muito!

O jardineiro concordou em silêncio, desviando sua atenção novamente para a rosa na torre.

— Eu não tenho escolha, tenho que suportar.

— Por que diz isso? - A borboleta questionou, interessada.

Desta vez, o jardineiro sorriu discreto antes de responder:

— Porque uma hora ela vai precisar de mim. - Respondeu simplesmente. - Os espinhos estão a consumindo, e cedo ou tarde, ela pode sem querer machucar alguém importante para ela, e pode acabar se machucando também no processo. - Ele confessa antes de olhar para a borboleta. - E sendo um bom jardineiro, não posso permitir que suas pétalas se destruam pelos seus próprios espinhos.

Abaixando suas antenas, a borboleta negou.

— Não tente me enganar. No final, você apenas está preocupado com a rosa.



A ferida de uma Rosa, e a paixão de um JardineiroOnde histórias criam vida. Descubra agora