• Parte 3

408 47 2
                                    



Os espinhos afiados e longos da rosa preenchiam metade do cômodo, fazendo com que de vez ou outra o jardineiro acabasse se machucando sempre que pisava dentro do simples alojamento.

O pobre jardineiro não conseguia entender.

Como uma rosa de pétalas tão delicadas poderia ser tão rude consigo? Pensando cada vez mais em supostas respostas para tal motivo de ódio, o jardineiro suspira ao se deitar na cama, observando as pétalas da marrenta rosa balançarem com o vento frio do início da noite, que soprava da única janela do estreito quarto ao qual foram obrigados a conviver juntos.

Para o jardineiro, naquele momento, era quase impossível não admirar a beleza da rosa.

A lua parecia fazer questão de só se iluminar para a flor, que respirava profundamente de olhos fechados. O jardineiro, maravilhado com a cena, percebeu ali o quanto achava a rosa ainda mais bela quando estava com seus espinhos para baixo.

Bocejando, cansado e curioso, o jardineiro indagou em meio ao silêncio:

— Por que me odeia tanto?

Movimentando o caule, segundos depois, a rosa abre os seus olhos.

— Você é um jardineiro. - Ela respondeu friamente ao se virar para encara-lo. - Sendo um jardineiro, este motivo se torna mais que o suficiente para me fazer odiá-lo. 





A ferida de uma Rosa, e a paixão de um JardineiroOnde histórias criam vida. Descubra agora