Jeon JungkookEu, com meus puros dezessete anos, me encontrava no chão de meu quarto, em posição fetal somente por cogitar aquilo. Não entendia muito sobre, mas só sabia que era ruim. Cegueira era uma das coisas que mais me assustava nessa vida, pois eu sei que nunca mais veria o mundo como vejo hoje. Queria poder ter a coragem de ir atrás de toda essa confusão horrenda, mas sou muito receoso sobre isso. Não sei o que pode acontecer se eu fizer isso. Todos os meus parentes de minha parte materna contraíram essa sequela, inclusive minha mãe, que hoje é guiada por um cão-guia, que a ajuda em todo o lugar em que ela vai. Seu nome é Max e ele é o nosso prodígio, sempre fazendo tudo para manter os donos em segurança. Foi um dinheiro muito bem gasto, apesar de ser uma quantia monstruosa, pois esses cachorros realmente não são baratos, por sua dificuldade em serem treinados, mas posso até lhe assemelhar a um anjo, pois ele já nos salvou mais do que se possa imaginar, em muitos sentidos.
Ele era um Golden Retriever, uma raça bastante conhecida e, também, muito procurada, o que só aumentava a sua raridade e preço, mas queríamos um como ele, pois ele era grande o suficiente, como sempre quisemos que fosse. Ele causava muita diversão, mas também era um cachorro muito ativo e sempre queria estar saindo e brincando. Eu era quem ficava encarregado de cuidar de sua sujeira e de lhe dar comida e água, aproveitando para brincar também.
Eu o adorava, mas não queria esse mesmo destino para mim. Passar pelo o que minha mãe também passou, não quero fazer parte desta "tradição". É completamente estúpida e sem sentido, pelo menos para mim. A melhor explicação que já me deram sobre isso foi dita por minha bisavô, uma senhora de idade, que, infelizmente, faleceu por conta de já estar velha. Após perguntar sobre o que houve com nossa família, ela me disse em segredo o que sabia. Logo após isso, ela morreu. Era como se ela sentisse que a hora dela estava próxima e isso me arrepia toda vez que lembro.
"— Nossa família foi amaldiçoada. Não se sabe por quem, mas foi isso que meus avós me contaram quando eu tinha aproximadamente a sua idade. Eu não queria ter perdido a visão também, assim como você não quer agora. Queria fazer algo, mas estava muito tarde. Quando percebi, já se faltava apenas um dia para meu aniversário de dezoito anos e eu apenas me entreguei, aceitando o meu destino. Miserável, porém justo. Não sei se há algo que possa fazer contra esse costume estranho mas, se algum dia tiver esta curiosidade e não for muito tarde para isto, apenas vá em frente e não hesite em parar nem por um segundo. Eu me vejo em você quando era mais nova, então suponho que você também tenha alguma curiosidade agora, que talvez desabroche com o tempo. Mas nunca desista, não faça como eu. Não se entregue, não até o último segundo. Dê o melhor de si e eu te prometo que tudo funcionará."
Essas foram as suas palavras, que não saem de minha cabeça até hoje. É impressionante como a minha memória guardou cada letra daquele discurso, chega a ser sobrenaturalmente estranho. Ela sempre fora alguém totalmente misteriosa, nunca disse muito sobre a sua vida. Óbvio que um dos motivos disso seja a sua criação rígida, mas, parece que quando iria perguntá-la mais coisas sobre a maldição, ela me olhou e iniciou outro assunto. Poderia ser apenas uma coincidência, mas eu não duvidava de nada que partisse dela. Ela era sabiá, as suas rugas profundas no rosto carregavam história de anos, era como se eu pudesse conversar com cada parte de seu corpo, quase mágica, por pouco não era poética. Sempre possuiu e sempre terá meu respeito total, pois ela era alguém muito avançado para sua idade, com quem eu tinha minhas conversas noturnas sobre procrastinação adolescente. Ela entendia disso, afinal, já teve a mesma idade que eu e, muito provavelmente, já pensou as mesmas coisas que penso.
Aprendi com ela a como me livrar de toxidades em minha vida e também a como fazer muitas coisas, infinitas que eu nunca me esquecerei. Não sei se deveria acreditar nela sobre essa sina tão estranha, mas sempre tive esta pulga atrás de minha orelha, sempre me incomodando. Não quis a dar atenção, mas agora era o momento ideal para me sentar e ver como me sentia com isto, já que a minha hora estava chegando e eu queria tentar resolver antes que atingisse outras pessoas além de apenas eu. Queria dar um fim em tudo que apavorava todos nós desde que existimos e, se toda essa maldição for verdade, quero saber o porquê de termos recebido essa desgraça tão ruim. Para alguém ter tanto ódio de uma pessoa a ponto de afetar gerações, tem que ser alguma pessoa muito raivosa e também muito poderosa e, geralmente, pessoas com poder são conhecidas por muitas outras outras. Talvez, se eu revirasse esse baú de mistérios, eu encontrasse algum 'ouro', mas eu mal sabia por onde começar.
São tantas partes que esta história tem que é impossível enxergar um começo, meio e fim. É como se eu visse apenas o presente e o fim ainda estivesse muito longe para poder ser visto. Teria que ir através das linhas do tempo para chegar mais perto da ponta inicial deste gigantesco iceberg. Só que tenho que aceitar que as consequências também virão, pois, uma vez mexendo no passado, os podres começarão a aparecer e o odor de toda essa grotesca tragédia começará a se espalhar e, quando isso acontecer, não queria estar nem um pouco perto, mas não tenho escolha. Só eu posso começar esse fogo e só eu posso apagar, só tenho que ter em mente que não posso-o deixar se alastrar, por onde quer que seja. Seria completamente horrível se tudo estivesse em chamas por apenas uma brasa pequena. Tenho que prestar atenção nos pequenos detalhes, pois são eles que nos revelam os segredos mais obscuros. As entrelinhas são aquelas que mais nos mostram a verdade, no fim das contas.
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lovely blindness• jjk+kth.
FanfictionPouco antes de seu aniversário de dezoito anos, Jeon Jungkook se via completamente horrorizado por aqueles pensamentos. A sua família toda era comprometida por um tipo de cegueira que lhes atacavam quando atingiam a maioridade. Não sabia de onde vie...