Jeon JungkookConversamos muito. Tanto que Taehyung já possuía uma feição cansada, somente de passar tanto tempo acordado naquele tempo comigo. Falamos sobre as possíveis possibilidades do que poderia ser a coisa que ainda estava aqui, mantendo a maldição da bruxa, mas todas apontavam para aquela estátua. Não sei o porquê de ser justo ela, já que há anos ela não existia, quando o feitiço fora lançado. Porém pode ser que algo que a bruxa colocou ali tenha passado para o objeto mais próximo com o tempo, já que se deteriorou. Mas não era esse o foco, agora a única coisa que precisávamos pensar era como destruir aquilo, já que era uma das mais importantes esculturas da cidade. Não haviam câmeras aonde ela estava, porém o tráfego de carros era livre e o de pessoas também, o que significava que poderíamos ser vistos e denunciados. Mas, para ser sincero, não estávamos muito encanados com isso, eu pelo menos não estava. Minha única preocupação era Tae. Ele estava se arriscando para ir comigo resolver um problema de minha família, que não era nem sua responsabilidade. Ele era alguém muito gentil, de verdade. Mas isso poderia colocar ele em situações que seriam irreversíveis. Queria ter a certeza de que ele podia/queria ir juntamente comigo queimar esta coisa ou dar um fim, seja ele qual for.
— Taehyung... Você tem certeza disso? — Começo a colocar as cartas na mesa. — É perigoso e você pode não voltar, já que estamos falando sobre um crime, que é o vandalismo... Então pense bem se você quer isto mesmo para você. Não adianta apenas pensar em mim, pense em você também.
— Eu não pensaria duas vezes em ir. — Ele diz, confirmando sua presença. — Mas você quer mesmo ir hoje a noite? Não acha muito mais perigoso/suspeito? E se os seus pais vierem até aqui?
— Meus pais sabem que tranco a porta para dormir, então eles não vêm até o meu quarto nunca. E outra: de dia há muitas pessoas. Se cometêssemos um crime durante o dia, ficaria claro o caminho que seguiríamos. Agora, a noite é mais difícil de se ter um senso claro de direção. — Digo, rápido.
— Tudo bem então, concordo com você. Só não quero que nada dê errado. — Ele segura em minha mão pela primeira vez e eu sinto meu corpo se arrepiar. — Antes de irmos, saiba que eu tenho algo a dizer...
— O q-que? — Pergunto, com meu coração próximo a pular de minha boca.
— Eu te amo. Não precisa responder à isso, mas eu apenas te amo. Interprete como quiser, eu apenas estou te dizendo isso pois estamos indo em uma missão suicida com uma possível chance de não voltarmos. Então eu apenas quero deixar claro tudo o que sempre senti antes de partirmos. — Ele diz, sorrindo para mim com aquele formato de sua boca, tão lindo e quadrado.
Somente então percebi o motivo pelo qual ele tanto me ajudava e sempre queria estar junto a mim, mesmo nas piores horas: se tratava do amor. Não havia tanto tempo para um drama adolescente, mas eu abriria uma exceção neste momento. Eu apenas queria beijá-lo agora, como nos livros e filmes, mas não era possível. Tínhamos que ser rápidos e gatunos, antes que seja tarde demais para voltar. Apenas eu sabia o caminho até lá e levava um tempo para ser percorrido. Daria tempo, se fôssemos rápidos o suficiente para chegar até lá antes que fique muito tarde.
xxxJá estávamos perto. Nossas respiração estavam descompassadas e meu coração parecia bater muito forte, por conta das pequenas corridas que estávamos dando. Era cansativo, mas não podia parar, não agora. Como imaginava, as ruas estavam vazias. Eu e Tae usávamos gorros para ser mais difícil o reconhecimento de nossos rostos. Eram gorros de blusas de frio que eu possuía em casa, mas qualquer coisa que nos tornasse menos reconhecíveis agora, era um lucro. Mantinha minhas mãos nos bolsos, pois ali estavam guardados os fósforos e a gasolina, que havíamos conseguido com um dinheiro que tinha em minhas economias. Não era muito, porém uns dois litros estavam ali. A estátua não era muito grande, então era o suficiente, se soubéssemos como jogar de uma forma completa. A praça já era visível de longe e eu sorri, desejando o fim de tudo isso o mais rápido possível. Taehyung não podia ter muitas reações, pois carregava uma marreta consigo, que conseguimos pegar no quintal de minha casa. Meu pai geralmente não guarda suas ferramentas quando usa-as, o que deixa tudo mais fácil.
— Finalmente. — O moreno disse, baixo.
— Concordo, andamos muito já, porém guarde as energias. Vamos ter que correr muito daqui a pouco. — Aviso-o.
Entramos na praça e no meio da mesma, estava ela, a estátua de estatura média. Era uma pessoa com um lenço em seus olhos, representando a cegueira. Como não tinha muita força, pedi para que Taehyung a martelasse primeiro. Ele segurou o objeto de ferro bruto em suas mãos com a maior força que podia, levando-o até o monumento. Como não era um material tão resistente assim, ela se quebrou e foi até o chão. Um barulho grotesco pôde ser ouvido e então eu deveria ser rápido. Abri o recipiente que continha a gasolina e despejei-a por cima daqueles pedaços e sobre o que ainda havia ficado de pé. Como num filme, uma cena passou em minha cabeça. Espero que agora toda essa maldição que sempre nos perseguiu seja quebrada ou eu não saberei mais solucionar esta questão. Joguei o pequeno pedaço de madeira flamejante contra o líquido inflamável e saí de perto. Um tipo de explosão pôde ser ouvida e agora provavelmente todos acordariam para ver o que houve. Puxei Taehyung pelos seus braços e então ele correu junto a mim, pela nossa vida. Nunca me vi correndo tão rápido em toda a minha vida. O vento batia em meu rosto e eu tentava não deixar o meu gorro sair de meu rosto, ou seria pior.
Demoraria cerca de dez minutos para voltarmos para casa, correndo naquela velocidade. Eu iria correr assim o quanto pudesse aguentar. Não podia olhar para trás sequer, e nem queria. Depois que toda a corrida acabou e não podíamos mais ver o caminho atrás de nós, somente ali pudemos caminhar mais lentamente. Ainda estava com medo de alguém ter nos visto, mas apenas a presença de Taehyung já me acalmava e parecia me dizer que tudo ficaria bem.
— Obrigado Taehyung. — Digo, assim que chegamos no portão de minha casa. — Por ter aceitado fazer estas loucuras comigo, eu também te amo, caso algo aconteça.
— Eu te amo mais.
Depois de sua fala, eu apenas selei nossos lábios pela primeira vez. Não um beijo romântico ou com língua envolvida, mas apenas um selinho para dizer o quanto gostava do mesmo. O silêncio pairou pelo ar, então ele apenas me abraçou e eu fiz o mesmo, devolvendo seu gesto. Antes que eu pudesse chorar ali mesmo, separei o abraço e enxuguei umas das lágrimas que estavam prestes a cair. Ainda sem dizer muitas coisas, pulamos o portão e fomos até a janela de meu quarto, que ainda estava aberta. Entramos e então pudemos trancá-la e deitar em minha cama. Coloquei minha cabeça no peito do maior e dormi com seus carinhos em meu cabelo. Ele é alguém incrível...
xxx
NarradorUm mês depois...
As coisas mudaram depois que o monumento fora destruído. Um dia após o ocorrido, a mãe de Jungkook relatou que estava começando a ver as coisas. De primeiro, eram apenas as sombras e um pouco das luzes. Um milagre parecia ter acontecido e ela foi até o médico para saber o que ele tinha a dizer. O mesmo disse a ela que de alguma forma, a sua visão estava se recuperando e que poderiam esperar que ela se curasse por completo em cerca de dois meses ou menos. Jeon e Taehyung começaram a namorar e agora seus pais não tinham tanto problema com o mesmo, já que era da família. Nenhum deles tocou uma vez sequer naquele assunto, nunca mais. Nada aconteceu à eles, apenas o noticiário foi exibido na televisão, como um incêndio por causas desconhecidas. Os inocentes agora não estavam mais cegos.
E ninguém nunca mais pagaria por um pecado que não cometeu, daqui para a frente.
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lovely blindness• jjk+kth.
FanfictionPouco antes de seu aniversário de dezoito anos, Jeon Jungkook se via completamente horrorizado por aqueles pensamentos. A sua família toda era comprometida por um tipo de cegueira que lhes atacavam quando atingiam a maioridade. Não sabia de onde vie...