Jeon JungkookChegamos até o meu lar e fomos entrando, vagarosamente. Meus pais já esperavam ali e, quando viram que eu não estava sozinho, montaram suas caras surpresas. Não sei o que sairia dali depois que Taehyung fosse embora, mas espero que não seja nada de ruim. Precisava me explicar rápido, porque, como já dito antes, meus pais não o conheciam e deveriam estar explodindo por dentro agora.
— Vocês não conhecem ele, mas ele é o Kim Taehyung. Ele é uma pessoa que eu acabei conhecendo na biblioteca por acaso, que veio correndo para entregar o broche que minha bisavó me deu, lembram? Eu tinha deixado ele cair. E vocês sabem como eu gosto desse objeto e como eu ficaria se eu perdesse ele. Eu só deixei ele entrar porque ele parecia muito cansado e eu ofereci um pouco de água. Sei que vocês não conhecem ele, mas o que ele fez, não deixa de ser considerável pra mim. — Explico, indo pra cozinha pegar o líquido enquanto ele me esperava perto da porta, evitando entrar por inteiro na casa.
Levei o copo até ele, que aceitou o recipiente com educação, levando-o até a boca e bebendo de forma sedenta e rápida. Percebeu que tudo estava muito quieto e então resolveu se despedir, não queria ficar muito. Droga, pelo visto, eu serei entrevistado pelos meus pais pela milésima vez somente por conta de ter acontecido isto. Tenho certeza que farão uma lista de perguntas que durarão dias e ficarão ao meu redor, observando-me ao celular de longe, para saber se não estou agindo muito estranho. E, se perceberem que estou, me tirarão da tecnologia por um tempo. Tenho certeza de que é exatamente isto que acontecerá, os conheço muito bem. Eles querem me proteger, mas isso só me deixa mais mal ainda.
— Preciso ir, Jeon. Obrigado pela água e obrigado aos seus pais por terem me deixado beber algo aqui. — Ele sorri gentilmente, demonstrando sua mais pura simpatia, apesar da tensão ser quase tocável.
— De nada, eu é que agradeço por ter me trazido essa coisa tão importante para mim.— Me refiro ao broche mais uma vez— Vou te acompanhar até o portão.
Andamos de volta de forma lenta. Ele parecia querer dizer algo, mas manteve para si mesmo. Talvez quisesse pedir desculpas por tudo aquilo, conheço esse tipo de pessoa. Tudo culpa de meus pais. Sei que ele é um estranho, mas eu já expliquei os motivos para eu tê-lo trazido para casa, não quero ter que ouvir coisas desnecessárias. Foi apenas uma água, não uma noitada em meu quarto. Preciso pedir desculpas a ele por tudo isso, foi bem constrangedor, imagino como ele deve estar se sentindo por dentro. Muito provavelmente o seu sentimento é de culpa, eu estaria assim também em seu lugar.
— Tae... Posso te chamar assim, não é? — Tento não me fazer muito invasivo e ser mais carinhoso, tentando um apelido.
— Claro que pode. Eu adoro este apelido. — Com uma cara feliz, ele responde de volta.
— Me desculpa pelo clima que estava lá dentro. Meus pais são meio que superprotetores. Não quero que se sinta culpado ou pare de falar comigo por conta deles. É o jeito deles, desde sempre. Provavelmente vou ouvir muita coisa depois que você for embora, mas eu não ligo, você fez algo legal por mim e se esforçou para correr e chegar até onde eu estava, então isso era a única coisa que eu poderia fazer por você de volta, no momento. — Agradeço mais uma vez, próximo a ele.
— Fique tranquilo, Kook. Também posso te chamar assim? — Com olhos pedintes e um jeito que somente ele tinha, ele faz um pedido de forma fofa e eu assinto. — Eu te entendo bastante. Fique bem e qualquer coisa me mande mensagens, eu vou adorar escutar o que você tem para me falar. Ainda temos muitas conversas pela frente, espero que não tenha se esquecido.
— Claro que não esqueci! Com certeza, ainda vamos nos falar muito, estou muito curioso para dividir experiências com você. — Estranhamente, minhas bochechas começam a ficar vermelhas. — Enfim, eu preciso ir antes que eles me xinguem. Obrigado por tudo.
Ele apenas faz uma reverência e se retira, indo para a direção pela qual veio, que era a de sua casa/ da biblioteca novamente. Me senti mal por mim e por ele, mal tivemos tempo de conversar. Porém, agora tenho que encarar duas feras dentro de casa que não vão descansar até conseguirem informações de minha pessoa, saber tudo sobre ele. Odeio isto. Sinceramente, é desgastante. Me apressando, dou leves corridas até a porta de entrada e, quando coloco meus pés dentro de casa, eles já me chamam para que eu não os ignore.
— Que história é essa de você trazer estranhos para cá, Jungkook? — Meu pai me repreende, sendo duramente sincero.
— Meu filho, você mal conhecia aquele garoto. — Minha mãe o acompanha.
— Tá, chega. Eu já expliquei para vocês que ele foi alguém que fez uma coisa legal para mim, extremamente simpática e humana, acima de tudo. Expliquei isso agora mesmo, será que não entendem? Foi só um copo d'água, nada mais, tudo bem? Ele é só uma pessoa, assim como nós. Não o conheço direito, mas ele é muito humilde, principalmente por conta desta atitude que teve. — Tento explicar mais uma vez, porém eles não quiseram abrir os ouvidos por uma vez sequer.
— Mas isso não dá a você o direito de trazer ele para a minha casa. — O mais velho me corta, sendo firme.
— Como se eu não morasse aqui também, não é? A casa não é só sua. — Decido responder. — Sinceramente? Cansei dessa superproteção de vocês. Talvez se minha bisavó ainda estivesse viva, me entendesse. Ela sim, sabia me ouvir melhor do que ninguém.
Antes que pudessem me atacar mais, fui até meu quarto e fechei a porta, me deitando com a cabeça em meu travesseiro. Que droga, eu odiava brigar com eles! Mas foi realmente necessário desta vez. Espero que ninguém venha me encher o saco desta vez, eu só quero ficar sozinho. Alguém que me entenda nesse mundo tão escuro é extremamente difícil de encontrar. Talvez seja porque eu sou difícil de se entender, não sei. É difícil dizer quando vários fatores provam isto, mas também desmentem. Eu só queria alguém sincero, que me amasse, como eu sou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
lovely blindness• jjk+kth.
ФанфикPouco antes de seu aniversário de dezoito anos, Jeon Jungkook se via completamente horrorizado por aqueles pensamentos. A sua família toda era comprometida por um tipo de cegueira que lhes atacavam quando atingiam a maioridade. Não sabia de onde vie...