lovely blindness• jjk+kth.

Invitation.

                      
   Kim Taehyung

Eu não esperava mais nada do dia de hoje. Tudo estava monótono, mas eu gostava assim, admito. Era melhor tudo desta maneira, bem quieto. Tudo o que estava em minha lista de afazeres já estava completo e eu podia finalmente descansar. Decidi que assistiria algo na televisão para passar o tempo, afinal, isso era uma das melhores coisas a se fazer após um dia todo de pensamentos e serviços a se completar, pelo menos para mim. Com o controle em mãos, liguei e deixei no primeiro canal, o qual passava algum filme aleatórios, daquele que todos assistem pelo menos uma vez por ano. Não prestava muita atenção, porque já vira aquele ali centenas de vezes e não precisava ver mais, a não ser que eu estivesse muito entediado. Então peguei meu celular e comecei a entrar em minhas redes sociais para ajudar o tempo a passar. A televisão era apenas para não me sentir só, no fim das contas. Sou muito medroso, não? Mas faz parte de mim e eu aceito isso mais do que ninguém. Já estou acostumado com esse sentimento.

Iria continuar a jogar meu tempo fora, porém uma ligação inesperada acontece. Era Jeon. Por que diabos ele me ligaria uma hora dessas? Algo poderia ter acontecido, então atendo de imediato, pois me preocupava com o mesmo. A sua voz calma atravessou os alto falantes de meu celular, chegando até os meus ouvidos, que foram abençoados com aquele tom mágico e deslumbrante. Ele não parecia estar triste ou nada do tipo. Pelo contrário, pude deduzir que ele estava animado, apenas por sua voz. Ficava feliz por isso, pois significava que ainda existia uma parte em si que estava colorida e não apenas em preto e branco. Espero que ele tenha resolvido a situação com os pais, apesar de ser difícil.

— Tae? Está me ouvindo? — Me chama.

— Pode dizer, Jeongguk. Estou, sim. O que houve? Parece bem animado. — Lanço meus pensamentos, o que faz ele soltar uma risada acanhada.

— E eu estou! Bem, você está livre amanhã?— Suponho que ele me chamará para fazer algo.

— Tenho quase certeza que sim! Por quê? Tem algo de especial para me propor, que finalmente me tirará de casa? Espero que seja bem convincente, hein. — Digo, ironicamente, pois ele sabia que eu iria.

— Tenho um convite muito bom para te fazer. Conversei com os meus pais e eles decidiram que está tudo bem eu ser seu amigo. E tem mais! Eles querem que venha dormir aqui, amanhã. Como um pedido de desculpas, já que viram que você é alguém legal. O que me diz? Tudo bem se não quiser, pode ser muito cedo para você, também. — Espera a minha resposta.

— Se não for incomodá-los, irei sim! A que horário posso aparecer por aí, exatamente? — Mando outra pergunta.

— Eles disseram que pode aparecer na hora em que quiser. Mas disseram que preferem que você venha na hora do almoço. Mamãe disse que fará comida para você. Se sinta especial, já que ela não faz para muitas pessoas. — Ele afirma, rindo muito. Reclamações da parte da mais velha também são audíveis no fundo da ligação. Provavelmente ela estava querendo se defender sobre a fala de Jeon dita agora há pouco.

— Tudo bem então, com certeza eu irei! Podem me esperar por aí, vai ser um prazer os conhecer melhor. — Digo, gentilmente. — E, Jeon...

— Oi?

— Se eu for aí, também podemos conversar sobre aquele assunto da cidade. Sei que também deve ter pensado nisso. — Afirmo.

— Exatamente. — Abaixa seu tom de voz, para não ser ouvido pelos maiores. — Mas eu realmente espero você aqui, não somente para isso. Enfim, preciso ir antes que eles perguntem o porquê de eu estar falando baixo assim. Até amanhã, Taetae.

— Até, koo.

A ligação termina e eu mal podia acreditar naquilo. Os pais dele estavam me convidando até a sua casa. Nem parecem que quase fui expulso no primeiro dia, mas, tudo bem. Entendo a atitude que tiverem primeiramente. Também ficaria surpreso com uma pessoa estranha em minha casa, isso é um fato. Mas fico feliz que estejamos entrando em um acordo de paz, pela primeira vez, finalmente. Nunca faria mal à uma mosca, não há porquê de eles terem algum tipo de medo de minha pessoa. Nem sei se isso pode ser chamado de medo, talvez seja apenas algum tipo de proteção que eles têm com o seu filho, já que eles possivelmente o amam. Não há como não gostar de Jungkook, ele é uma pessoa doce e não tem defeitos, pelo menos eu não vi nenhum ao conversar com ele. Parece que ele é alguém bastante incompreendido, por todos ao seu redor. Numa forma geral. Não sei se isso faz algum sentido. Talvez não faça sentido nenhum, mas para mim isso se encaixa perfeitamente. Ele somente quer ser entendido e ter seus pensamentos compreendidos de uma vez. Eu o entendo, muito.

Outra coisa que me intriga bastante é essa sua curiosidade sobre a cidade. Ainda não sei realmente onde quer chegar, mas parece ter algo grande por trás de tudo isso, até porque ele não me procuraria a toa, desta maneira. Não estou chamando-o de interesseiro, apenas estou me questionando sobre esse assunto. Sei que ele gosta de mim, de qualquer maneira. Se não gostasse, não se importaria tanto comigo a ponto de se colocar em risco, colocando-me dentro de sua própria casa, quando os pais sequer me conhecem. Foi loucura, mas uma loucura num sentido bom. Mostrou que ele não liga para os outros quando se trata de alguém que o ajudará. Eu prometi ajudá-lo e eu não posso quebrar essa promessa, pois não sou de mentir. Não é de minha índole ser assim e nunca será. Dificilmente minto para as pessoas, é algo realmente raro.

Ele provavelmente me contará tudo, quando for a hora. Não tem como ele pedir a minha ajuda sem ao menos me contar para que ele usará os conselhos que o darei. Mas eu apenas quero aproveitar momentos ao seu lado, também. Porque, no fim das contas, não passaremos a noite toda apenas falando disso. Seria cansativo e estressante. Então eu espero ter bons momentos com ele, pois ele parece ser alguém que eu nunca iria querer tirar de minha vida.