Questions.

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    Jeon Jungkook

O tempo se passara deveras suave, porém muito rápido. Mal vi que já estava na hora de ir, antes que fosse muito tarde. Me desesperei por um segundo, pois não podia perder muito tempo ou a biblioteca fecharia antes que eu pudesse chegar. Me levantei depressa, colocando a bolsa de couro sobre meus ombros e já saindo pela porta, sem esperar mais. Meu celular estava junto comigo, pois ele era uma peça muito especial que não poderia faltar em meus itens, pois, sem ele, eu não faria quase nada direito. Caso acontecesse algo comigo, teria para quem ligar, porque tenho certeza de que meus pais viriam correndo se eu dissesse-lhes que estou em perigo. Mais rápido do que a própria velocidade da luz. Pelo menos para isso eles eram muito rápidos, mais do que se pode imaginar.

Passei pelos citados anteriormente e me despedi. Escutei-os dizer para que eu tomasse cuidado e eu apenas concordei, continuando meu caminho. Quando será que eles perceberiam que eu cresci o suficiente para poder cuidar de mim sozinho, pelo menos o básico? Eles não podem me acompanhar em todo o lugar em que eu for, eu sei que devo tomar cuidado sempre, não precisam me alertar. Meu objetivo é apenas um: livros antigos e nada mais. Nem a pessoa mais linda do universo poderia tirar a minha atenção do que eu queria fazer, e eu não estou brincando quando se trata de meus objetivos. A não ser que seja um incêndio, eu não tirarei meus olhos dos livros, já que eles são a minha única fonte de informação agora, que não sei nada sobre o passado desta cidade tão estranhamente misteriosa. Haviam coisas boas sobre antigamente, mas muitas não tinham explicação e isso me deixava totalmente desequilibrado, pois eu acredito na teoria de que tudo tem uma explicação científica e, se não tiver, apenas ainda não foi descoberta. Mas quando vejo coisas sem explicação nenhuma, um colapso chega em meu corpo e as palavras são difíceis de falar.

É difícil de defender algo que ainda não é conhecido por qualquer outra pessoa que não seja os humanos "normais" e de pouco conhecimento. Se nem aqueles que estudaram anos para estarem onde estão, sabem, quem somos nós, não é mesmo? Apenas pequenos supersticiosos esperando que as coisas caiam do céu para que possamos dizer que algo sobrenatural aconteceu. Não acredito em fantasmas ou algo do tipo, apenas em força da atração. Se você faz algo ruim, ele voltará para você. Se você faz coisas boas, a mesma coisa. Não tinha uma crença definida de forma completa, mas eu rezava para mais de um deus às vezes. Pode ser estranho, mas para mim não é. Isso é a diversidade religiosa e não há nada de errado com isso, ninguém é obrigado a acreditar na "religião padrão", que é o cristianismo imposto por nossa sociedade. Cada um segue o que quiser, graças à nossa liberdade de expressão. Se não fosse por ela, talvez não tivéssemos evoluídos até hoje e vivessemos em cavernas, mal sabendo falar.

Removendo toda a filosofia gigante que estava criando em minha cabeça, como era de costume, eu me via nas ruas já, andando sem rumo, pelo menos era o que parecia. Eu sabia muito bem para onde ir, mas estava olhando para o chão, como se estivesse inconsciente, porém andando. Acho que foi estranho para as pessoas que passavam ao meu lado, devem ter pensado que eu estava sob efeito de alguma droga, mas era muito pelo contrário. Eu estava efeito de mais uns de meus auto questionamentos, isso já era normal para mim. As vezes eu me pegava pensando em coisas tão absurdas que seria totalmente desnecessário ser citado aqui. E lá estava eu de novo, me perdendo em minha mente. Acorde, Jeon! Você não pode ficar viajando enquanto está nas ruas, o que os outros pensariam? Talvez já estivessem pensando, pois o que não faltava nas ruas hoje era movimento, as pessoas estavam quase se espremendo nas calçadas. Por isso tinha que prestar atenção, eu poderia acabar esbarrando com alguém neste monte de gente. Elas pareciam correr contra o relógio. As vezes eu só queria que o tempo parasse por uns segundos e só eu ficasse normalmente, vendo as pessoas em câmera lenta, como num filme. Sei que isso nunca acontecerá, mas eu queria ter a chance de ver a vida ir um pouco mais devagar, mas por pouco tempo, obviamente. Só uma experiência. Acho que as pessoas de hoje estão muito apressadas e o que lhes faltava era abrir os olhos e imaginar tudo se passando de forma mais vagarosa.

Não precisaria nem de super poderes, apenas de algo que já temos de sobra em nossa rotina: a imaginação. Parece que usamos-a somente na infância e depois ela se perde totalmente no tempo. Eu acho que os adultos deveriam se lembrar mais de seus espíritos de criança e de suas origens. Acho que muitos seriam diferentes do que são hoje. Reclamam de seus filhos, porém não fazem nada para mudar o jeito que os criam. Não os perguntam de eles gostam de ser tratados de tal maneira ou se estão felizes com a doutrina que recebem. Talvez eu seja apenas um jovem que esteja revoltado, mas este tabu em si me estressa de maneira exagerada. Por que reclamar das consequências de suas próprias ações? Apenas aguente, se não quer mudar.

Chacoalho a minha cabeça e vejo que era inevitável eu cair em minha filosofia mesmo. Estava em constante questionamento. Talvez seja por conta da adolescência, mas não sei. Sou quase um adulto e espero não ser nada do que critico quando eu for tão velho quanto eles. Espero ter sabedoria, não apenas ego superestimado. Quando abro meus olhos para o mundo real, vejo que já estava na frente da biblioteca. Era gigantesca, de assustar. Todos os detalhes eram em feitos com madeira e haviam partes banhadas em ouro. Brilhavam como o próprio Sol e, com a ajuda da estrela, só faltavam servir como postes naturais, mesmo não sendo necessário em plena luz do dia. Coloco minhas mãos na maçaneta da porta de entrada, abrindo-a. Bem, aí vou eu.

lovely blindness• jjk+kth.Onde histórias criam vida. Descubra agora