Capítulo 2

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Oie!!! Segue o segundo capítulo da jornada de Leandro, neste capítulo acontecem alguns marcos na vida dele, espero que gostem!!!

Terá trilha sonora para os capítulos? Sim, talvez esta seja minha marca.

A Cruz  e a Espada com RPM, a letra é de Renato Russo.

"Havia um tempo em que eu vivia
Um sentimento quase infantil
Havia o medo e a timidez
Todo um lado que você nunca viu

Agora eu vejo
Aquele beijo era mesmo o fim
Era o começo
E o meu desejo se perdeu de mim
"


Assim como ele chegou ele saiu, não disse uma palavra, mas nem precisava, tanto eu e ele, sabíamos o porque da surra, e como já falei,  infelizmente não foi a última.


Depois daquele dia, nunca mais passei perto da casa de Luan, não que eu não tivesse vontade, mas meu medo era muito maior. Não adiantou muito, pois uns 3 meses depois, após chegarmos em casa após uma cerimonia voltada as famílias do batalhão onde meu pai servia, ganhei outra surra, que me rendeu um olho roxo por semanas, fora as dores no corpo.

Meu pai me bateu porque me viu de "conversinha" com um garçom, o pior de tudo, era que eu não tinha feito nada além de realmente conversar com o rapaz, que só queria saber informações de como ingressar no exército, é claro que eu notei que ele estava flertando comigo, mas a conversa não passou disto, mas meu pai não enxergou assim.

Além da surra, o que me deixou mais chateado, foi não poder ir para a escola naquela semana, infelizmente eu não estava em condições, e meu pai não queria ter que se justificar para o comando do Colégio, então ele conseguiu um atestado com um amigo, e também as matérias da semana para que eu não as perdesse e não precisasse pedir para alguém.

Eu me fechei mais ainda no meu mundo, às vezes que eu saia com ele, nem olhava para o lado, e só conversava com quem ele mandava, minha expressão de alegria, que eu nutria desde criança, se transforou em uma expressão de tristeza, eu não tinha motivos para sorrir, eu não podia fazer nada do que eu queria, só os estudos e meu sonho em entrar para o exército, me mantinham com esperanças.

Muitas vezes me questionei, como eu, um adolescente gay, com sérios problemas com o pai homofóbico, iria ser feliz em uma instituição machista, que abominava os homossexuais. Nunca consegui entender e poder responder minha própria pergunta, eu tinha um sonho desde criança, eu não me via fazendo outra coisa, eu poderia ser feliz, sexualmente falando, indo para longe do meu pai e podendo ficar com outros caras, mas eu seria um cara frustrado, eu nem me imaginava em uma outra profissão.

No último ano do colégio militar, onde me formaria e daria adeus a casa do meu pai, já que minha intenção era servir, estudar e seguir carreira, eu me permiti a planejar ter minha primeira relação sexual de verdade, com um homem, eu sabia que teria que abdicar deste meu lado quando entrasse para o quartel.

Eu iria fazer a prova para o concurso público anual para EsPCEx (Escola Preparatória de Cadetes do Exército) que ficava em Campinas – SP, se passasse, eu ficaria um ano morando lá, nesta época morávamos em Belo Horizonte – MG, o colégio onde eu estudava era tradicional, funcionava desde 1955, seu lema era educação e disciplina, que era seguido a risca.

Pedi a meu pai, me deixar ir dois dias antes das provas para Campinas, falei que queria conhecer um pouco mais a cidade, pois tinha certeza que passaria e iria morar meu próximo ano lá, é claro que ele não deixou, não assim, disse que só depois da prova eu poderia ficar dois dias lá, e me prometeu um surra se seu não passasse.

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