Prólogo: A invasão

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Prólogo: A invasão


Você só dá valor a liberdade, quando a perde... Eu aprendi isso da pior forma.


Konoha era uma pequena vila no País do Fogo governada pelo clã Senju. No topo da montanha mais alta do vilarejo ficava o castelo da família real de Konoha, uma construção feita de pedras que parecia ter sido esculpida pela própria natureza. A rainha era Tsunade Senju, minha maior inspiração e também irmã da minha mãe. Seus olhos cor de mel brilhavam como pedras preciosas e sua postura era sempre imponente a frente de seus súditos, sem perder a compaixão. Ela foi a primeira e única mulher a assumir o trono de Konoha, fazendo com que a minha admiração por ela crescesse mais.

A vila recebeu esse nome por Hashirama Senju, avó de Tsunade e primeiro rei de Konoha. Dizem as lendas que foi ele e seu irmão que trouxeram a prosperidade e a paz para nossa aldeia. Todo esse esforço, infelizmente foi em vão. Uma vez que anos mais tarde, tudo aquilo que foi construído por nossos antepassados foi transformado em pó pelo pior homem que já pisou na Terra, Rasa.

Era início de uma noite de verão quando as tropas do Império de Sunagukare atravessaram os grandes portões de Konoha, deixando rastros de destruição por onde passaram. Os soldados do Imperador atearam fogo nas casas, mataram seus moradores e estupraram suas esposas. O cheiro de sangue se espalhava por todo o reino, chegando ao ponto de se tornar insuportável, fazendo qualquer um vomitar.

No momento que eles passaram pelas portas do castelo de pedras, a guarda real foi dizimada em questão de horas. Ao fim, só restou a família real que foi torturada e morta lentamente por Rasa. Em seu último suspiro de vida minha mãe clamou por minha vida e ele me deixou viver, não que eu possa chamar isso de vida. Ser humilhada, espancada e hostilizada pela corte real de Sunagukare não é vida, mas sim um pesadelo.

Eu me lembro exatamente do instante em que eles arrombaram a grande porta de madeira e entraram pisando firme no chão de pedra fazendo um barulho ensurdecedor. O barulho do metal de suas armaduras ecoava por todo o quarto e o cheiro de sangue impregnando em suas vestes me deixavam enjoada, Rasa pegou minha mãe pelo braço com brutalidade e a jogou no chão com violência, fazendo-a bater a cabeça. Ela se encolheu no canto perto da janela rezando baixinho por nossas vidas, enquanto o homem analisava o grande ambiente. Minha mãe tinha me escondido debaixo da cama para que ele não me encontrasse, mas foi em vão, quando eu a vi sendo arremessada, sai do esconderijo e entreguei minha localização.

Os olhos negros de Rasa acompanhavam meus movimentos enquanto eu corria desesperadamente em direção a minha mãe como se aquilo o divertisse. Um de seus soldados tentou ir em minha direção, mas ele logo o impediu com um levantar de mão. – Olha o que temos aqui... – Disse ele com um sorriso sádico. – Por favor, não faça mal a minha filha. Podem me matar, mas deixe-a viva! – Implorava minha mãe com lagrimas nos olhos e com sangue fresco escorrendo de sua cabeça. Me agarrei a ela tremendo de medo e ela me empurrou para suas costas como forma de me proteger dos guardas que nos observavam atentamente. – Talvez ela seja útil..., mas você? Você não! – Disse Rasa após longos segundos em silencio. Ele caminhou a passos largos em nossa direção e se abaixou, pegou a adaga que estava presa em seu cinto de couro passando levemente no pescoço de minha mãe, fazendo-a gritar de dor.

Ela se contorceu de dor no chão e levou suas duas mãos ao pescoço – Tenten, nunca se esqueça de quem você é! – Disse ela com o pouco de fôlego que ainda lhe restava. Rasa deu uma risada estridente e pressionou a adaga bem fundo na barriga dela, tirando sua vida. O corpo dela caiu sem vida no chão frio enquanto eu soluçava de tanto chorar, o Imperador puxou o corpo da minha mãe pelo tornozelo e jogou para perto dos guardas – Vocês já sabem o que fazer. – Ele disse olhando para mim, os soldados assentiram e deixaram o local.

Os olhos dele pareciam que atravessavam meu corpo, eu sentia um frio na espinha ao encarar aqueles olhos negros cheios de ódio direcionados a mim – Agora eu tenho que pensar o que eu farei com você... – sussurrou ele. O homem puxou-me pelo braço com violência fazendo-me ficar de pé, minhas pernas tremiam, fazendo com que ficasse difícil sustentar o peso do meu próprio corpo, mas ele ignorou e continuou a me puxar cada vez mais forte para fora do quarto. Eu sentia as suas unhas marcando minha pele e a dor que isso causava, chorando em silencio a cada passo dado.

Enquanto ele me levava para o primeiro andar do castelo, eu via o rastro de destruição deixado por seus soldados, todos os moveis estavam revirados, os quadros estavam ao chão e a tapeçaria rasgada, aquelas cenas faziam meu coração sufocar de dor. No grande salão de refeições havia uma enorme fogueira feita com os moveis do palacio, onde os guardas do Imperador queimavam os mortos, de relance vi o corpo da minha mãe no colo de um dos guardas preste a ser lançado na fogueira – NÃO! – gritei desesperada.

Rasa parou abruptamente e me puxou para o salão segurando-me pelos ombros para impedir que eu corresse – Isso é para você aprender a ficar calada! – disse ele, obrigando-me a ver o corpo sem vida da minha mãe sendo consumido pelas grandes chamas da fogueira. Não sei quando, mas em algum momento eu desmaiei ao som das risadas do sádico Imperador de Sunagukare, quando ele soltou meu corpo para colidir com o chão. A partir desse dia, deixei de ser Tenten Mitashi princesa de Konoha e me tornei apenas Tenten, prisioneira de Sunagukare. Tudo foi tirado de mim, meu lar, minha família, meu título... Eu não era ninguém.

Tenten Mitsashi: A última guerreira de KonohaOnde histórias criam vida. Descubra agora