Capítulo XXVII: O último adeus.

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Capítulo XXVII: O último adeus.



O barulho da minha sapatilha arrastando pelo chão velho de carvalho desgastado preenchia todo cômodo. Eu andava de um lado para o outro apreensiva. Estava no meu quarto à espera de Gaara para podermos conversar. Ele não havia me mandado nenhum sinal ou mensagem após nossa breve conversa durante o almoço familiar, então não sabia o que esperar.

Meu coração estava aflito com tudo que estava por vir, os dias de partirmos estavam cada vez mais próximos e com isso a minha missão final também se aproximava. Eu seria capaz de cometer tal ato por um bem maior?

Hinata estava sentada na lateral da cama, observando meus passos com um sorriso cômico no rosto. Olhei para ela com expressão de reprovação e a Hyuga caiu na gargalhada, fazendo com que eu ficasse ainda mais brava.

– Eu não consigo entender o porquê de tanta ansiedade – Comentou após cessar a risada.

– Provavelmente essa será a última conversa que eu terei com ele antes de... Você sabe – comentei sentido um nó se formar na minha garganta.

– Falando nisso, eu tenho algo para você – disse Hinata se levantando e vindo em minha direção. Parei no meio do quarto e observei ela se aproximar de mim.

A morena levou sua mão e pegou um pequeno frasco com um líquido escuro no bolso de seu uniforme. Arregalei os olhos quando percebi sobre o que se tratava.

– Isso é... - falei quando Hinata o colocou em minha mão.

– Sim, é o veneno. – Confirmou com uma voz sombria. Segurei minha respiração por alguns minutos. Aquele frasco tinha um peso a mais em minha mão, o peso da culpa. Apertei o pequeno frasco entre meus dedos e soltei o ar que fatigava meu pulmão.

– Tenten, se você não se sentir preparada para isso... - Iniciou a Hyuga incerta.

– Não, Hinata. Eu preciso fazer isso. Ele vai morrer por minha causa, o mínimo que eu posso fazer é ser corajosa o suficiente para matá-lo pessoalmente. – Interrompi-a com firmeza. Ela balançou a cabeça negativamente.

– Não pense assim, você não está o matando por um motivo egoísta. É pelo seu povo, pelo seu país! – Insistiu com o objetivo de me convencer.

– Eu só espero que no final tudo isso valha a pena... - Comentei abatida.

– Vai valer! Estamos dando continuidade à luta de nossos pais e se não conseguirmos ainda terão mais dos nossos que arriscarão suas vidas pela nossa causa – Afirmou determinada.

– E até onde isso nos levou? – Questionei pensativa.

– A pergunta certa é: até onde isso nos levará? – Replicou. Suspirei e sentei-me em minha cama.

Toda aquela conversa estava me dando dor de cabeça. Não queria pensar na morte do Gaara, não agora. Só queria aproveitar minhas últimas horas na presença dele. Apertei mais uma vez o frasco em minha mão e o guardei debaixo do meu travesseiro. Por ora, ali seria o seu esconderijo.

Alguns minutos depois ouvi a batida em minha porta. Hinata fez uma mesura silenciosa e saiu assim que o príncipe entrou em meu quarto. Assim que meus olhos encontram os deles, meu coração saltitou. Dei um sorriso tímido que foi correspondido pelo ruivo, ele esticou a mão em minha direção e eu aceitei a segurando firme, queria aproveitar todos os minutos ao lado dele antes do fim.

Tenten Mitsashi: A última guerreira de KonohaOnde histórias criam vida. Descubra agora