Remember Me Fondly

Capítulo 22

1996

A luz parou de piscar e Louis olhou para a máquina. Ele ainda estava de sapatos. Embora ele tenha tentado pendurá-la, sua jaqueta caiu em uma bagunça amassada no fundo do armário no momento em que ele ouviu as primeiras palavras. E agora, sua respiração parecia instável. Ele estava inclinado para a frente contra o balcão da cozinha, as palmas das mãos pressionadas enquanto tentava se manter de pé. As luzes eram frias e brilhantes quando o resto da casa estava coberto pela escuridão.

Depois de cinco meses sem nada, ele não achava que aquela voz poderia despedaçá-lo novamente. Nem mesmo as palavras. Só de ouvir aquele tom dirigido a ele e a saudade que isso transmitia.

Ele apertou o play novamente e olhou para a fita girando.

"H-ei, Lou ... É o Harry, se você esqueceu como minha voz soava... Merda, eu não deveria ter-" A voz sumiu, parou e voltou. "Eu deveria saber que você voltaria para casa no Natal. Espero que você esteja se divertindo. Espero que você esteja comendo a comida da sua mãe e dando um beijo na bochecha da sua vovó, e que tenha o maior sorriso no rosto ao vê-los abrir os presentes nos quais sei que você se preocupou tanto."

Sua voz ficou mais alta enquanto ele segurava as lágrimas. Suas palavras carregavam uma calúnia de embriaguez.

"Eu sinto muito, Louis. Lamento não poder ser tão corajoso quanto você. Não era para ser assim que tudo terminava. Devíamos ter acabado de terminar nossa turnê mundial agora, passando mais um mês naquela sua linda casa antes de voltar para as férias. Passaríamos a manhã de Natal com sua família e a noite com a família da minha irmã. Ou talvez o contrário."

 Um suspiro alto e entrecortado.

"Ainda penso no verão passado. Nós deveríamos estar juntos. Devíamos ter feito isso de qualquer maneira. Devíamos ter fingido que não ouvimos uma porra de palavra que Lori e Shep nos disseram. Eu teria me apaixonado tanto por você. Mais do que tinha, embora ainda não soubesse. Se tivéssemos apenas mais uma semana, eu poderia ter tido coragem suficiente para..."

Foi aí que parou. Harry tinha demorado muito, mas aprendeu a lição. A segunda mensagem foi muito mais curta.

"Por favor, me ligue de volta, Louis. Eu sei que você provavelmente me odeia, mas não suporto o quanto sinto sua falta. Sinto muito se isso é egoísmo. Se não podemos consertar isso, o mínimo que podemos fazer é um adeus apropriado. Tome cuidado, por enquanto."

Com os olhos bem fechados, Louis tentou sentar-se com as palavras. Duas vezes não parecia o suficiente. Já eram onze horas. Tarde demais para um telefonema — em todos os sentidos da frase. Toda a bravura do mundo não poderia compensar o coração partido que Louis passou meses consertando juntos novamente. Especialmente quando alguém encontrou o caminho para seu coração desde então. Alguém com quem ele tinha acabado de passar as primeiras duas semanas de 1996 nas Bahamas.

A porta da frente se abriu e Louis ergueu a cabeça, por pouco, para olhar para o homem que o estivera distraindo nos últimos três meses. Contanto que ele estivesse com Harry, mas não era o mesmo. Ele sentiu como se conhecesse Harry para o resto da vida.  

"Não consegui encontrar minha carteira no banco de trás. Vou verificar minha mala novamente."

Ele passou pela cozinha, então parou quando viu a expressão exausta de derrota no rosto de Louis.