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NOAH URREA
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Eu sentia minhas mãos transpirarem, e a ideia de que talvez Any não quisesse ter nada comigo rodava minha mente, me deixando na total confusão. Eu a amava. E não amava há uma semana, há um mês, ou a dois. Eu a amava há dois anos, e ainda a amo. Amo mais que um amigo pode amar uma amiga.

Talvez eu tenha me aproveitado um pouco da situação horrível que ela se encontrava, já que nesse momento um pedaço de ferro estava colocado em sua orelha, e uma risada fraca escapou de meus lábios enquanto eu me perguntava como alguém poderia conseguir a proeza de fazer uma coisa como essa, e mais rápido que uma bala, a resposta veio: era a Any. A garota imprevisível, que sempre iria fazer algo totalmente
surpreendente do nada, que sempre iria contar suas piadas ruins, que sempre me fazia gargalhar com as danças totalmente ridículas e desajeitadas que aprendi, e o principal: que eu amava mais que tudo.

A porta de madeira bem a minha frente me assustava. Minhas pernas queriam vacilar, e me levar de volta à meu carro estacionado em frente à sua casa. Porém, meu coração me arrastava até o meu lar, até onde eu me sentia em paz, e conseguia aconchego. Ele queria me levar até Any Gabrielly

Com dois toques, eu já sabia que não poderia voltar atrás, então apenas fiquei ali, com minhas mãos trêmulas, e por mais que eu tentasse controlar meus nervos agora, era impossível.

A imagem da garota invade meus olhos, e um pequeno sorriso se faz presente em seu rosto. Seu cabelo amarrado em um coque mal feito, a calça moletom e o cropped que ela vestia a deixava mil vezes mais adorável, e fazia seu corpo com suas imperfeições perfeitas ficar mais lindo ainda.

- Achei que estava brincando.

–Eu não estava. – falo olhando nos seus olhos, me aproximando lentamente. - Acho que precisamos dar um jeito... nisso aí.

A morena ri e assente, saindo do caminho para que eu adentrasse sua residência. Coloco minhas mãos no bolso de minha calça jeans, sem saber muito o que fazer, e encaro a garota esperando alguma ideia de si.

- Tem água quente no fogão, já tentei de tudo, se isso não funcionar talvez eu tenha que arrancar minha orelha –  andando até sua cozinha, segurando a panela quente pela borda com ajuda de um pano que achei em cima do balcão. Volto até a sala e me sento ao seu lado no sofá, pondo a panela sob minha perna, levando o tecido até onde o ferro estava colado, afim de desgrudar aquilo.

–O que passou pela sua cabeça quando decidiu colar isso?

- Efeitos da quarentena, eu acho. – murmura, soltando um gemido baixo em seguida. Me afasto rapidamente, e assopro local desesperado, mas paro quando escuto a Gabrielly rir. – Tá tudo bem Noah,quando doer eu aviso

Decido seguir seu conselho, e vou passando o pano lentamente ali, e aos poucos consigo tirar aquilo de sua pele, o que faz um suspiro aliviado sair de sua boca.

- Obrigada por salvar minha orelha, eu estava quase seguindo o exemplo de Van Gogh. – sorri sem mostrar os dentes e concordo com a cabeça,colocando a panela no pequeno centro no meio dasala, voltando a me sentar no sofá de cor nude. – Sabe, Noaj... Eu te amo, e sempre vou amar. Não sei se ainda sente o mesmo, mas só quero que saiba que tenho certeza de meus sentimentos, e sempre vou ter.

- Você deveria saber que eu nunca vou parar de te amar, Any Gabrielly. – sussurro, encarando o chão. - E eu não conseguiria, nem em um milhão de anos.

- Virou fã do Zayn? – rio de sua pergunta, e a vejo negar com a cabeça. – Estou brincando. Me desculpa por não ter te deixado falar, eu estava me sentindo sufocada com meus sentimentos, e nem pensei que você também poderia estar sentindo isso.

– Tudo bem, eu entendo...

–Mas, Noah - chama minha atenção. - Quem era... Aquela garota?–Sorrio de lado, e levo minhas mãos até seus cabelos cacheados,acariciando-os enquanto olhava no fundo dos seus olhos. Se ela soubesse o quanto eu a desejo, nunca iria se passar em sua mente que eu tenho olhos para outra.

- É a minha prima, Any – a garota arregala os olhos, e bufa frustrada por seu ciúmes bobo. - E ela é lésbica.

- Será que tenho chances? - olho-a de forma incrédula,a garota rir. – Não estou falando sério... porém depende – torce os lábios. - Porém se ela quiser eu
quero, mas eu só estou brincando mesmo...

Junto nossos lábios rapidamente como forma de fazer a Gabrielly se calar.

Naquele momento eu só queria ter a certeza de que seríamos um do outro por completo, e dessa vez seria real. E bem, se a Any continuasse com sua boca livre, ela nunca iria me dar espaço para perguntar o que venho querendo saber há tempos.

- Namora comigo? – solto assim que nos afastamos, e a morena leva suas mãos até minha nuca, acariciando ali. - Eu te amo muito, Any, não quero ser apenas seu amigo.

- E você acha que eu quero? – ri fraco, me beijando brevemente. – Eu aceito com toda certeza que há dentro de mim, Noah Jacob Urrra

Volto a lhe beijar, mas nos afastamos assim que um barulho alto é ouvido. Encaro minha namorada, que franze o cenho de curiosidade, e nos levantamos para ver o que havia acontecido.

Josh Beauchamp, caído junto à um vaso de planta.

- Josh, o que merda você está fazendo aqui? – a Gabrielly pergunta, segurando uma risada, enquanto o garoto se levantava batendo a poeira de sua roupa.

- Que Josh, rapaz, não sou o Josh não. – faz uma careta, tentando mudar sua feição.

-Josh, esse é você entortando a cara. – a garota diz, e uma feição de tédio toma conta do rosto do Beauchamp. Gargalho junto à Any e ele revira os olhos, levantando a coitada da planta que agora estava quebrada. – Minha mãe vai matar você por isso.

–Nos resolvemos depois. - sorri malicioso, fazendo com que Any batesse em seu braço. – Ai! Estou brincando, eu namoro, esqueceu?

- Idiota, agora vamos entrar porque eu fiz bolo.

O mesmo pula de alegria, passando seu braço por meus ombros e beijando minha bochecha, enquanto me arrastava até a cozinha. Eu assistia cada movimento da Gabrielly como uma plateia assistia seu truque preferido de mágica. Como um fã assiste seu ídolo cantando sua músicapreferida. Ou como um casal adulto assiste seu documentário preferido.

Eu assistia ela como se o paraíso estivesse sobre meus olhos, e lá no fundo, eu não duvidava de que realmente Any fosse o paraíso. Ela era o meu paraíso. Eu a tinha por completo agora, assim como ela me tinha, e dessa vez estávamos juntos de verdade, pra caramba, juntos para valer.

Mais real do que nunca.

𝙵𝚊𝚔𝚎 𝚍𝚊𝚝𝚒𝚗𝚐 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora