Yizhan - Bo Jun Yi Xiao

Snowman

Era sábado e Xiao Zhan sabia que estava permitido ficar na cama mais um pouquinho, o inverno havia chegado mais cedo e era realmente maravilhoso poder ficar mais um tempo no quentinho dos lençóis. Porém, havia acordado com um pouco de frio, mesmo que o aquecedor estivesse trabalhando a todo o vapor. Tateou o lado oposto da cama, ainda com os olhos fechados, sentindo falta do corpo do namorado. Do jeito que era, não duvidava que Wang Yibo estivesse com roupas de malhar, usando a esteira, já que estava muito frio para correr no parque. Na verdade, era um pouco estranho que estivesse tão frio daquele jeito.

Abrindo apenas um dos olhos, Xiao Zhan enrolou-se no grosso edredom, deixando apenas o rosto de fora e devagarzinho saiu da cama, bocejando ainda bastante sonolento.

Pela fresta da cortina que cobria a ampla janela, podia perceber como estava claro lá fora, o que era bem estranho. Mesmo que o sol já estivesse alto, eles estavam em pleno inverno, então os dias eram sempre mais escuros.

Até que um pensamento passou pela sua cabeça. Será que era...?

Com passos mais rápidos, alcançou as pesadas cortinas cor de chumbo e abriu-as, quase ficando cego com o cenário que viu.

Tudo estava branco, tão claro que ele mal tinha palavras para descrever. Era a primeira neve! A primeira que caíra com intensidade suficiente para fixar em qualquer superfície que tocasse.

Sem conseguir se conter, deixou que um gritinho animado escapasse de sua garganta. Correu de volta para perto da cama, calçando as pantufas e logo já estava saltando os degraus da escada, ainda enrolado no edredom, mesmo sabendo que se o namorado visse aquilo lhe daria um belo esporro.

Desde criança, Xiao Zhan era completamente encantado pela neve: lembrava de brincar com seus vizinhos horas e horas, quando as aulas eram suspensas alguns dias. Para ele, aqueles eram os melhores dias, ainda não compreendia os transtornos que a neve podia causar e para as crianças era apenas um momento de diversão, onde bolas de neve voavam em todas as direções.

Sentia falta do interior, da casa antiga que morava com os pais, de como eles o ajudavam a construir os bonecos de neve na frente da casa, e ele ficava orgulhoso por ostentar o maior boneco de neve da rua. Eram boas lembranças. Mais tarde ligaria para eles e assim mataria um pouco a saudade.

Chegando à sala, percebeu que não tinha sinal do namorado. Talvez tivesse saído.

Estavam morando naquela casa a oito meses e finalmente as coisas estavam se acertando. Juntaram as economias guardadas com esforço e conseguiram financiá-la, e apesar de não ser tão grande, era suficiente para os dois.

Após quatro anos de namoro, resolveram dar aquele passo importante no relacionamento e mesmo que no início a adaptação tenha sido um pouco difícil, sentiam que estavam onde deviam estar.

— Yibo? Tá em casa? — Virou o corredor para a cozinha e finalmente sentiu o peito aquecer da forma que sempre acontecia quando via o namorado. — Achei você!

A cozinha era ampla, com um conjunto de janelas de vidro que davam para um pequeno quintal. Optaram por ter uma casa porque planejavam criar um cachorro e um gato, talvez dois gatos, então nada melhor que os bichinhos terem um lugar onde pudessem correr e brincar um pouco.

Yibo estava encostado na bancada da pia, as mãos ocupadas com duas canecas de algo que estava quente, pois Xiao Zhan conseguia ver a fumaça que saia de lá. Pelo cheiro doce, podia apostar que era chocolate quente com dois marshmallows, do jeito que seu Didi sabia que ele gostava.

— Já estava preocupado, pensei que meu coelhinho não acordaria mais. — Disse Yibo, com o típico sorriso charmoso de sempre.

Xiao Zhan podia se lembrar de quando se conheceram na faculdade. Lembrava da raiva que sentia sempre que se encontrava pelo corredor com Yibo, aquele sorriso prepotente lhe tirava do sério. Ainda mais quando o outro não lhe mostrava o mínimo de respeito, mesmo sendo mais novo. Naquela época o apelido de 'coelhinho' era sempre uma forma de lhe provocar, agora as bochechas coravam sempre que ouvia aquela palavra, pois o namorado sempre fazia questão de chama-lo assim também em momentos íntimos.