À TRÊS ᵇᵉᵃᵘʳʳᵉᵃⁿʸ

Capítulo 5

𝗡𝗢𝗔𝗛

Acordar cedo nunca foi o meu forte. Eu odeio! Porém, quando se trata de trabalho, não meço esforços para superar a preguiça matinal. O mesmo acontece essa manhã. O ensaio fotógrafo na Piazza San Marco está marcado para às oito, o melhor horário já que a praça fica praticamente vazia pela falta de movimento.

Bailey bate na porta do meu quarto exatamente às 6:30hs. Apesar do sono e de estar me arrastando, deixo que entre e sou agraciado com uma carranca. Ele está de péssimo humor. Eu não sou o único que odeia acordar cedo.

— Vá tomar um banho. O café da manhã será servido daqui a pouco e nós temos que estar na Piazza San Marco até às sete e meia. — ele diz, mais irritado que o normal.

— Já tomou o seu? — pergunto, caminhando para pegar uma muda de roupa limpa na mochila.

— Foi a primeira coisa que eu fiz assim que acordei. Caso contrário, certeza de que eu nem estaria aqui.

— Talvez não tenha sido uma boa ideia sair para beber aquelas doses ontem à noite.

— Você acha? — ironiza — Sinto que eu preciso de litros de café para despertar.

— Seu senso de humor pela manhã é fascinante. — solto uma risada preguiçosa e jogo a toalha sobre o ombro — Sorte da pessoa que acordar ao seu lado todos os dias.

— Como se a pessoa que acorda ao seu lado fosse muito feliz, né?!

— Nunca tive reclamações. Até porque, eu faço muito bem o meu trabalho à noite para que ela acorde de bom humor todos os dias. Chega a ser radiante.

Meu amigo revira os olhos e despenca sobre a minha cama. Tenho quase certeza de que o encontrarei cochilando quando sair do banheiro.

Minutos depois, vestido e mais desperto graças ao banho, desço junto com o meu amigo para o café da manhã. Giuseppe, o senhor que nos recebeu, dá bom dia e indica a mesa repleta dos mais variados tipos de alimentos: frutas frescas, pães doces, dois tipos de bolo, fette biscottate (acho que isso), iogurte caseiro.

A mesa está coberta de delícias.

Meus olhos cintilam. Quem me conhece, sabe que uma das minhas maiores paixões é comer. Comer muito. Não é raro me flagrar mastigando alguma coisa em qualquer hora do dia ou da noite.

Antes que alguém presente na sala possa piscar, já estou sentado e colocando um pedaço enorme de bolo no prato. Essa viagem provavelmente me custará uns quilos à mais para queimar na academia, principalmente se todas as refeições forem igualmente fartas. Não que ele esteja reclamando, longe disso.

Estou é bastante feliz.

Fartamo-nos com a deliciosa comida do hotel. Assim que terminamos e de eu tentar elogiar os proprietários com meu italiano chulo, pegamos os nossos materiais e partimos rumo ao lugar marcado para encontrar o restante da equipe. Para a minha sorte, não é necessário pegar o tal vaporetto. Vamos caminhando enquanto conversamos sobre alguns detalhes do trabalho e, vez ou outra, Bailey aponta para lugares que seria interessante visitarmos depois.

A Piazza está praticamente vazia. Algumas pessoas transitam nos arredores, mas nada que interfira no ensaio. Nós cumprimentamos os demais assim que chegamos. Técnicos de iluminação, maquiadores, cabeleireiros e as modelos. Sendo uma delas a ruiva com quem troco olhares nada discretos e puritanos.

Tendo a posição de chefe, Bailey dá as instruções para a equipe técnica enquanto as modelos são preparadas em uma pequena tenda instalada na praça. O ensaio consiste em catálogos para a semana de moda de Milão, um dos eventos mais importantes do ano para o ramo.