Capítulo 6

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Enquanto Vlad falava, era como se um novo mundo se formasse em minha cabeça. Era mágico. Cada uma daquelas pessoas tão vívidas que eram descritas, podia até vê-los como pessoas reais. Nunca me cansava de ouvi-lo. Nenhum de nós, na verdade. Tanto que estávamos todos o encarando como se fosse um velho sábio espalhando seu conhecimento para os mortais, como contara uma de suas histórias. E, de um jeito, era mesmo. Suas histórias podiam não ser reais, mas o que ela passa é real. E eu duvido que ele tenha inventado-as do nada.

— Há milhões de anos atrás, muito antes da primeira vida habitar a terra, em um lugar muito longe daqui, existia um mundo. Um mundo onde seres de espécies diversas viviam plenamente juntas. Havia seres com habilidades anormais, que seriam capazes de viver entre as nuvens, à acima de tudo o que qualquer um já pode ir; seres capazes de criar montanhas ou mundos; seres com uma força inestimável, capazes de destruir qualquer coisa que bem quiserem em questão de segundos. Mas, além de toda a magia, existiam também os humanos. Seres fracos, sem nenhuma habilidade sequer. Mas eles tinham algo que ninguém além deles podia ter: o controle total da força que o ódio presenteia. Viviam a maioria em porões da casa de seres das cidades, como serviçais e escravos. Eram vendidos, contrabandeados, traficados, tendo seu ódio cada vez maior por serem incapazes de lutar ou reagir.

— Mas os humanos não surgiram dos macacos aqui na terra, depois da extinção dos dinossauros? — Finn perguntou.

— Cala a boca moleque — respondeu Merga — isso ele acabou de inventar. Deixa ele terminar a história.

— Existia quem militava contra tudo o que era feito com os humanos. Mas eles eram menos de 1% de todo o mundo, e não foram capazes de evitar que os humanos declarassem guerra contra todos. Eram os humanos contra o mundo.

— E assim foi escrito. A guerra foi devastadora para todos, tanto para os humanos quanto para qualquer outro. Mas mesmo assim, os humanos lutaram. Lutaram e pegaram todos desprevenidos com sua força determinada. Eles venceriam, com certeza, mas ao receber uma proposta de um tratado de paz, logo perceberam que, de qualquer jeito, não aguentariam viver mais tempo junto daqueles mesmos seres que tanto os fizeram sofrer. Assim, assinaram o tratado, com a condição de que fosse criado um novo mundo onde eles pudessem viver em paz, com suas famílias e vidas.

— Vlad — Disse Finn — Conta uma história da gente. Ninguém se importa com esse povo inventado.

— Eu gosto das histórias dele... — Falou Evelyn.

— Eu também gosto — Ethan diz ao meu lado, tirando a mão que apoiava seu queixo — Mas é verdade. Por que não conta alguma história com a gente? É uma boa ideia.

Vlad ficou pensativo. Por sua expressão, com suas pupilas parecendo brilhar, percebi que gostou da ideia. E, por sua demora, parecia que seria uma grande história

— Bom, entre toda essa confusão, viviam 6 amigos. Eles eram capazes de dominar mundos juntos, se quiserem. Cada um deles possuía uma habilidade diferente, como os todos outros seres que lá habitavam. O mais novo, era o mais energético, e conseguia correr mais rápido do que na velocidade da luz. A segunda mais nova, era raivosa. Se alimentava do sangue ou de órgãos de outros seres vivos — Disse Vlad, e podia jurar que ouvi Merga sussurrando um "legal" atrás de mim — e possuía o poder de criar ilusões em quem a tocasse, fazendo-as viver desde seu maior sonho à seu maior pesadelo. Os dois do meio, eram quase gêmeos. Faziam de tudo juntos, até mesmo combinavam suas habilidades em luta. Uma era uma garota. Era tímida e estudiosa, capaz de manipular e distorcer a massa e peso das coisas. O outro era um garoto. Era extrovertido, carismático, sorridente e amigável. Tinha o poder de voltar minutos no tempo, dando possibilidade de curar ferimentos, evitar catástrofes, o que quisesse. A segunda mais velha era como uma mãe para o grupo. A que botava juízo em quem precisasse, ajudava as pessoas sempre que podia, assim como o viajante do tempo. Seu poder consistia em lançar chamas. Era a melhor nisso em todo o planeta, conseguindo criar chamas azuis ou roxas, que eram mais poderosas do que de qualquer outra com essa mesma habilidade. O último, por mais que o mais velho, não era o mais sábio. Seu poder consistia em abrir portais para qualquer lugar do universo. Podias usá-los como transporte, ou para espionar lugares distantes. Esses amigos faziam parte dos que eram contra a venda de escravos humanos. Não eram militantes, apenas procuravam não se envolver em qualquer confusão, mesmo que falhassem toda vez.

— Espera — Finn interviu. — Esses aí somos nós?

Merga revirou os olhos.

— Lógico que são. Você é todo nerd, mas nem é capaz de perceber uma coisa dessas.

— Então eu sou o que corre? O que corre? Não tinha coisa mais sem graça não?

— Não reclama, garoto. Ele foi caridoso de te dar uma habilidade. Na vida você é incapaz até de calar a boca por um minuto sequer — Se virou para Vlad, com uma cara de tédio junto com raiva — Continua a história, Vladimir.

Alguém normalmente faria os dois pararem de brigar. Mas estávamos todos muito empolgados para saber o final da história para pensarmos em qualquer outra coisa.

— Cada um deles era diferente, seja por temperamento, ideias, opiniões — Continuou com ainda mais ânimo — Mas ainda eram um ótima dupla. Mesmo que brigassem o tempo inteiro pelo menor motivo que fosse, cada um tinha uma habilidade que ia além da magia, dando-os força para levantar uns aos outros, independente de tão grande que fosse a queda. Juntos eram implacáveis.

Um silêncio tomou conta de nós todos, quando Vlad não continuou a história.

— é isso? — Perguntou Finn.

— Sim. É isso.

— Não tem mais história?

— Vocês já sabem o resto da história. E, mesmo que não, não são elas que importam. Claro que cada uma das aventuras que eles viveram foi importante. Mas o resto é algo que não é possível ser descrito ou contado. Não existem palavras.

Mais uma vez, o silêncio nos tomou quando terminou de falar.

— Uau. Isso foi estranhamente fofo — Merga disse, surpreendendo a todos.

— O Vlad é mesmo um fofinho — Evelyn disse rindo, deixando-o envergonhado.

— Mas até que faz sentido — Comentou Ethan, chamando a atenção de todos — Nós todos temos novas histórias juntos que não dá pra descrever. Todos os dias apertamos mais o laço que nos une, por isso somos amigos. É algo que não se descreve, se vive. Uma prova disso é o Finn e a Merguinha. Brigam todo dia, mas a gente continua junto desde sempre.

— Isso merece um abraço. — Evelyn disse.

Era quente. Não gostei da ideia do abraço, mas soube que esse era um daqueles momentos que nunca mais iriamos esquecer. Como o dia que nos conhecemos ou nossa primeira briga.

— Prometem que a gente vai ficar assim pra sempre? — Perguntei

— Sim — Ethan falou — Pra sempre.

O Incrível Vazio da Mente de AgathaOnde histórias criam vida. Descubra agora