Capítulo Dois

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Mais um saindo...

Se deliciem!

Se deliciem!

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Pietra

Aidan coloca um prato de ovos com bacon na minha frente. Luíza já está devorando o dela do outro lado do balcão da minha pequena cozinha. Comprei esse apartamento há dois anos e me mudei, contra todos os argumentos e chororô de meus pais, especialmente minha mãe, dona Maria do Amparo. Ela adora fazer um drama. Ainda bem que meus irmãos apoiaram e conseguimos derrotar os velhos. Fica localizado no centro, perto de tudo. Não é enorme, mas para mim funciona perfeitamente. De vez em quando Aidan e Luíza dormem aqui, como quando vamos a baladas juntos, o que tem acontecido muito depois que me livrei do meu ex embuste. Que Deus o tenha. Faço o sinal da cruz levianamente.

— Então, essa é a despedida do T... — Luíza diz entre uma garfada e outra. Eu rolo os olhos. Eles são tão óbvios. Óbvios e vira-casaca totais. São tão tietes quando o assunto é o piloto galinha, que dá até raiva.

— Sim. Todos sabíamos que ele iria ficar na rota por pouco tempo. — Dou de ombros, tentando soar casual.

— Você devia ter transado com ele — Aidan suspira dramaticamente. — Ainda não me conformo com isso. Vai criar teias de aranha aí embaixo se continuar por esse caminho.

— Eu uso vibradores, então, teias de aranha não terei — zombo e meu amigo faz uma careta.

— É até blasfêmia comparar aquele deus com um medíocre vibrador — diz ainda incorporando Priscila, A Rainha do Deserto, seu filme favorito.

— T não pertence ao nosso mundo, quando é que a ficha de vocês vai cair? Além disso, é um cachorro total, putão — rebato, enfiando uma garfada na boca, soltando um gemido de prazer. Hum... Divino como sempre. Aidan é um excelente cozinheiro e eu e Luíza aproveitamo-nos com bastante frequência das habilidades de nosso amigo. Não temos vergonha nenhuma quanto a isso. Eles me lançam olhares feios. — Nunca fiz sexo casual e não vou começar justamente com um cara com aquela aparência e conta bancária. É pedir para ter um coração partido, sinto muito se isso decepciona meus amigos, que aliás, deveriam estar do meu lado. — Devolvo-lhes a cara feia.

— Rainha do drama — Luíza zomba e rouba uma garfada do meu prato, visto que já limpou o dela. Ela parece um estivador comendo, juro. — Era só foder com o cara e nos contar depois. Você sabe que as chances de um de nós pegar um alguém do calibre de T é como ganhar na mega da virada, sozinho, amiga. Você é uma cadela sem coração, concordo com Aidan.

Os dois tocam os punhos e eu bufo, passando a comer sem lhes dar mais atenção. Ainda tenho que me preparar para o voo das 10h. Meu último voo com T. Merda. Uma nostalgia ridícula se instalou em mim desde o começo da semana. Ele está indo embora, retomando as rotas internacionais, onde pertence. Não que vá admitir isso para meus amigos, mas eu quis ceder ao assédio dele. Deus, muitas vezes, nesses quase três meses em que convivemos em escalas para São Paulo e nas noites animadas no The Pilot. Entretanto, eu sabia que não conseguiria lidar com alguém como ele. É Tristan Maxwell, por mais simples e acessível que pareça com aquele riso fácil, aquela cara de safado gostoso, é um dos herdeiros de uma das maiores companhias aéreas do Brasil. É um bilionário, pelo amor de Deus! Esse cara definitivamente não faz parte do meu mundo. Sou uma curraleira do Norte, enquanto ele já rodou as principais capitais do mundo. Melhor continuarmos exatamente como estamos, ele do lado de lá e eu de cá, no meu interior.

A PROPOSTA - TRISTAN - Série Turbulência (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora