castigo pior que minha vida

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Oi amores da minha vida, como vocês estão? Sei que eu tenho repostado alguns capítulos aqui que talvez alguns de vocês já tenham lido, então queria dizer que esse capítulo é novo, faz parte de uma série de capítulos extremamente importante para conhecer Leonard e Steve e entender a jornada da Tessalia até chegar em Bradford. Pode ser uma leitura mais densa pois é um capítulo maior que foca mais em contar algumas narrativas de fatos do passado, do que de descrever diálogos e cenas em si, mas reforço a importância de saberem desse fatos pra entender o peso do presente. Enfim, espero que vocês gostem, boa leitura.


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''Simulação de incêndio, o que aconteceria se uma bomba nuclear nos atingisse agora? Você diria adeus à sua família? Você faria um post sobre isso? Simulação de incêndio, se um dia tudo pegasse fogo, você daria um abraço na sua mãe antes da sua casa queimar em chamas?'' - Fire Drill, Melanie Martinez

Agosto, 2012

- Não vai mesmo me contar o que aconteceu? - meu pai perguntou ao parar o carro um pouco depois da porta do colégio, mas não destravou as portas.

- Você sabe o que aconteceu. - respondi sem olhá-lo.

- Eu quero ouvir a sua versão. Tessalia, é a quarta vez que você se envolve em uma briga nos últimos dois meses, sei que não está sendo fácil mas isso não é justificativa.

- Desculpa se não consigo mais engolir essas pessoas que destruíram a vida do meu irmão, e que continuam vivendo a própria vida como se nada tivesse acontecido. - respondi ríspida, pegando minha mochila jogada no chão e tentando, sem sucesso, abrir a porta.

Meu pai estava certo, eu sabia, estava me metendo em brigas demais nos últimos tempos, mas não conseguia controlar. Sabia que só não tinha sido expulsa ainda pelo histórico triste e difícil que minha família vivia no momento, mas naquela altura, eu não dava mais a mínima. No dia anterior, entrei em uma briga com a garota mais popular e insuportável do colégio na hora do intervalo. Cínica como sempre fora, Angeline viera me perguntar sobre o estado de Michael, mesmo sabendo que ele estava na mesma. Era dela a festa de onde meu irmão saíra desnorteado devido a humilhação que sofrera, era ela quem tinha o convidado mesmo sabendo o que aconteceria. Era uma das principais culpadas e não tinha direito de vir me perguntar o estado dele, nem mesmo se estivesse realmente arrependida. E eu explodi, não aguentando o deboche e cara de pau da garota.

Por muito tempo abaixei a cabeça e ignorei as provocações, mas o ódio que no fundo eu nutria por aquelas pessoas agora gritava mais alto do que nunca. Sabia que muito provavelmente seria eu quem sairia no prejuízo, mas não ia perder a chance de descontar pelo menos uma pontinha de minha raiva no rostinho perfeito da morena.

Com puxões de cabelos, tapas e arranhões nós nos embolamos no chão até dois professores nos separarem. Angeline para um lado gritando histérica, com o supercílio e o lábio sangrando. Eu para o outro, com os cabelos caindo emaranhados pelos meus olhos e um arranhão que ardia na bochecha, ofegante e cheia de energia para continuar.

Conseguiria continuar naquilo por mais bons minutos, era prazeroso e eu conseguia imaginar como era a sensação de justiça, ainda que por pouquíssimos minutos. Enquanto me arrastavam pelos ombros pra diretoria, corri os olhos pelas pessoas curiosas que se amontoaram no local, abrindo o campo de visão e percebendo as duas figuras que me observam de um ponto mais distante. Diferente dos demais alunos, que agora pareciam assustados, Leonard tinha um risinho nos lábios e Steve um olhar de curiosidade que fui incapaz de entender. Até o dia seguinte.

- Tess... - meu pai suspirou, parecendo não saber ao certo o que dizer.

- Eu sei, pai. - suspirei também, passando as mãos pelos cabelos, sabia que precisava de alguma forma tentar tranquilizá-lo para que o assunto tivesse fim. - Vou tentar me controlar, tá? Agora posso ir pra aula?

Stained PastOnde histórias criam vida. Descubra agora