destinada a afundar

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"Que momento horrível para se estar vivo" - George Ezra

JULHO, 2012

- Tem certeza que essa festa é uma boa ideia? - Tessalia perguntou do sofá, observando o irmão guardar a guitarra na capa da mesma.

- Claro, por que não seria?

- Eu não sei... Você sabe como são as pessoas daquela escola, elas não são legais.

- Tess, eu estava enganado, ok? - Mike se sentou no sofá contrário ao da irmã - Achei que se nossos pais fossem reclamar na escola as coisas piorariam, mas isso não aconteceu. Eles tem me deixado em paz, sabe? Algumas pessoas tem sido realmente legais e a Angeline foi muito gentil em me convidar pra tocar na festa dela.

- Ta Mike, tudo bem. Eu só... - Tessalia balançou a cabeça, alguma coisa em seu peito deixando seu coração inquieto. Não queria que Mike fosse e não sabia o porque disso. - Estou com um mal pressentimento.

- Ah, pare de ser uma chata. - o garoto revirou os olhos e foi até a irmã, deitando-se sobre ela - Vai ficar tudo bem, eu vou me divertir e é isso. Pode só ficar feliz por mim?

Tessalia suspirou, mas não tinha como resistir ao sorrisinho fofo que o irmão lhe lançava.

- Sim, claro que posso.

- Obrigada. - beijou-lhe a bochecha.

- Tome cuidado. - Tessalia pediu, observando-o se levantar e pegar a guitarra, o celular e as chaves do carro.

- Pode deixar. Mãe! Pai! Estou indo!

Dois minutos depois dos gritos do garoto, Karla surge na sala com um pano de prato nas mãos e mastigando algo.

- Ei, você está dirigindo então não beba. - alertou ela com um dedo acusador.

- Pode deixar, Sra. - Michael bateu continência, fazendo a mãe revirar os olhos.

- Tenha cuidado! - ela beijou-lhe a testa.

- Ok, amo vocês.

O garoto seguiu para a porta, se virando apenas para soprar um beijo antes de sair.

- Te amo. - Tess respondeu, seus olhos permanecendo na madeira da porta depois que o irmão se foi.

- Tess, tudo bem? - perguntou Karla, notando um clima estranho vindo da filha.

Tessalia forçou um sorrisinho e balançou a cabeça.

- Claro.

...

Tessalia passou a segunda hora da noite inquieta e sem o menor pingo de sono. Deitada no escuro de seu quarto tentava a todo custo apagar, mas não conseguia. Um incômodo em seu peito a impedia de cair no sono, por isso a garota arrastava o dedo do pé na madeira da cama, hábito que adquirira de todas as vezes em que se sentira nervosa ou ansiosa. Passou tanto tempo fazendo aquilo que acabara se ferindo, soltando um pequeno grunhido de dor. A garota ficou de pé e ascendeu a luz, dando uma olhada no dedo que sangrava brevemente. Estava prestes a ir ao banheiro buscar um pedaço de papel higiênico quando seu celular começou a tocar. Ignorando totalmente o dedo machucado ela voltou para a cama e atendeu a chamada do irmão.

- Mike?

- Você estava certa.

- Do que está falando?

- Da festa, Tess! Você estava certa, eu não deveria ter vindo.

A voz de Mike soava distante e fraca, como se ele estivesse totalmente desanimado.

Stained PastOnde histórias criam vida. Descubra agora