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DESCULPA PELA DEMORA, MAS NÃO VOU ENROLAR.

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*


Havia algo sobre sonhos que Jimin nunca entenderia.

Sua mãe costumava lhe dizer que sonhos eram uma espécie de presságio, algum tipo de aviso de algo que estava por vir. No entanto, sua terapeuta uma vez lhe explicou que os sonhos são realizações de desejos - ou algo assim. Quando ele pesquisou um pouco mais sobre isso, leu que: o quanto mais reprimido o desejo, mais esquisito o sonho.

Ainda não sabia em qual das hipóteses ele acreditava, costumava gostar de imaginar que as duas poderiam estar certas de alguma maneira. Mas, ultimamente, nenhuma das opções lhe soava agradável.

O time estava viajando há doze dias, ou seja, doze dias longe de Seul e do centro de treinamento. Exatas duas semanas desde a festa. Quatorze dias desde que a imagem de Jeongguk batendo aquela porta o atormentava. Jimin sabia que não tinha feito nada de errado, tinha certeza, mas isso não servia de impedimento para a culpa se projetar em seus sonhos todas as noites.

O sonho era o mesmo: Jeongguk batia a porta com força, assim como tinha de fato acontecido, mas, ao invés de permanecer sentado sentindo seu coração pular pela própria boca, Jimin se levantava e ia atrás do moreno.

E então o cenário mudava. Todas as noites.

Às vezes ele abria a porta apenas para se deparar com o nada. Às vezes ele encontrava um corredor sem fim. Outras vezes ele cairia em queda livre assim que colocasse os pés para fora do quarto. Mas naquela noite... naquela noite Jeongguk estava logo atrás da porta que tanto perseguia Jimin em seus sonhos.

Naquela noite, quando o loiro girou a maçaneta, Jeongguk o esperava em pé, em algum cenário que não condizia com a casa onde antes estavam. O rosto do rapaz também não era aquele que Jimin vira antes do estrondo da porta invadir sua mente. Não havia espanto, tristeza ou raiva na expressão do rapaz. Ao invés disso, uma leve curiosidade estampava os olhos do patinador, acompanhado de um sorriso tão suave e genuíno que talvez passasse despercebido por alguém.

Mas não por Jimin.

Nada sobre Jeon Jeongguk passava despercebido por ele.

Conforme Jimin se aproximava, os olhos do mais alto se fechavam, guardando dentro deles toda paz do mundo. Logo, ambos estavam tão próximos que, mesmo em sonho, suas respirações se cruzavam. Tudo sobre aquele momento fazia Jimin não duvidar por um único segundo sequer de que se tratava de um sonho; era, de fato, bom demais para ser verdade.

Até não ser mais.

Subitamente, os olhos de Jeongguk se abriram e toda a paz se esvaíra. O rosto do rapaz agora era carregado de angústia, com lágrimas ameaçando serem derramadas a qualquer momento. Por mais que Jimin tentasse, não conseguia emitir nenhuma palavra. Queria dizer que sentia muito, mesmo que não soubesse exatamente o motivo. Queria poder dizer que ele tinha entendido errado, mas sabia que era mentira. Jeongguk tinha entendido exatamente o que estava acontecendo: Jimin estava beijando outro cara e aquilo, nitidamente, magoara o moreno.

Quando acordou do sonho, eram os olhos de Jimin que estavam marejados agora e, pela primeira vez, ele se permitiu chorar.

Estava chorando pois sentia que jamais seria capaz de elaborar tudo que sentia. Estava chorando pois tudo era muita coisa. Estava chorando pois sentia cada fio de cabelo seu ser tomado por um sentimento que ele não conseguiria descrever. Estava chorando pois, após tanto tempo, estava apaixonado.

burning ice [jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora