05| Nervoso miudinho e serenatas
"Oh. Meu. Deus."
São as primeiras palavras que Aurora escuta, freneticamente, da boca de Ava e Gaspar depois de pagarem pelo pequeno almoço e continuarem o seu caminho.
Ava parecia uma menina pequenina na manhã de natal, apertava as mãos junto ao peito e Gaspar assemelhava-se a tia casamenteira que todas as famílias têm."Isto literalmente só podia acontecer com esta miúda, mais ninguém, a vida da Aurora é como se o universo tivesse decidido fumar crack esta manhã." Gaspar comenta, atropelando as palavras e Ava ri com a mão no peito, enquanto que Aurora os observa, sem achar piada. Não o queria admitir em voz alta mas ela sabia que estava nervosa.
"É um encontro!" Ava guincha de forma estridente enquanto da pequenos pulos em volta de Aurora.
"Que dramáticos." Aurora revira os olhos e lamenta. "Ele convidou-nos, plural." Aponta para os amigos. "Não é um encontro." Diz especificamente a Ava enquanto atravessam as avenidas movimentadas.
"Aurora, é totalmente um encontro." Gaspar diz. "Nos somos só danos colaterais."
"Talvez não tenha sido boa ideia aceitar." Aurora comenta, reticente.
"Ai mas quando pegaste na mão dele para apontar o teu número já te parecia uma boa ideia." Ava relembra o que havia acontecido anteriormente. "Vai correr bem, vai ser giro." A morena afaga os ombros de Aurora de forma ternurenta. "Caso ele seja um otário eu parto-lhe as pernas." Ri.
"Uau Ava, eu acho que isso literalmente te ia deixar no desemprego" Gaspar avisa.
"Não te preocupes, depois levava-o ao hospital como é óbvio. Nao sou um monstro!" Ava menciona de forma tão séria que faz Aurora e Gaspar rir até doer a barriga.
Do outro lado do quarteirão todo o corpo de Lucas é atingido pelo típico nervoso miudinho, sentia as palmas das mãos húmidas e os joelhos fracos. A mente corria a mil a hora e parar de abanar a perna parecia-lhe uma tarefa difícil. Lucas raramente era tão avant-garde no que toca a raparigas, a maior parte das vezes sentia que não precisava de se esforçar muito para obter o que queria, porém, desde a exposição na biblioteca que Aurora não saia do seu pensamento. Tinha curiosidade, era inexplicável, mas gostava de a conhecer. Isso ele tinha a certeza e Lucas nunca tem a certeza de nada.
"Finalmente o nosso menino tem um encontro." Ashton comenta, como um pai orgulhoso, enquanto conduz em direção ao apartamento que Lucas partilhava com Calum. Era o mais perto do bar portanto era a melhor escolha para passarem o resto do dia.
"Por favor parem!" Lucas implora. "Vocês vão assusta-la!"
"Ela vai adorar-nos, porque nós somos engraçados." Michael cita o óbvio.
"Sorte a minha.." Lucas murmura depois de encostar a cabeça no vidro, vê toda a cidade e a vida que nela habita. As vezes sentia-se enclausurado, como se tivesse uma redoma por cima da sua cabeça, imaginava toda a cidade como um globo de neve oferecido a um extraterrestre que, sem fazer a mínima ideia, ia abanando o objeto, desencadeando desfechos aleatórios no destino de cada ser vivo.
[...]
Depois de uma tarde animada em que as folgas de Aurora e Ava coincidiam, Ava tinha uma e apenas missão: Deixar Aurora uma Deusa 101. Estava tão empenhada na busca do outfit perfeito que Aurora podia jurar que se Ava atira-se com mais uma peça de roupa, ela afogar-se-ia sem misericórdia num mar imenso de blusas, calças e saias.
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Sobre Amor e Ser Adulto • Luke Hemmings
General FictionO amor é tudo aquilo que dissemos que não era. - Charles Bukowski