Capítulo Oito

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08| Lucas, O Insone

Ao acordar de um sonho tranquilo para uma manhã irrequieta Lucas é confrontado com a realidade, estava novamente atrasado, desta vez para as aulas. Estava tão cansado e tão quente na sua cama que por momentos ponderou esquivar-se de um longo dia de aulas. Se voltasse a fechar os olhos e se concentra-se talvez conseguisse voltar a adormecer mas o destino tinha planos diferentes para o loiro insone, Calum adentrou o seu quarto e como um relâmpago abriu as cortinas.

"Despacha-te." Avisou com um tom sério, enquanto abanava o corpo de Lucas.

"Ugh." Resmungou o loiro depois de cobrir a cabeça com uma almofada. "Deixa-me ficar aqui a existir sozinho."

"Para de ser um bebé grande e levanta-te caralho." Calum proferiu sem paciência, de forma autoritária, com uma mão na anca e um pé a bater freneticamente no soalho do quarto.

"Calum." Lucas chamou, já sentado na cama pronto para se levantar. Completamente contra a sua vontade. "Vai-te foder otário."

"Também te amo, agora rápido." Calum apressa Lucas.

As manhãs de Lucas eram sempre atribuladas, um correria autêntica, era cansativo. Parecia que Lucas só ganhava inspiração durante a madrugada, quando era suposto o ser cérebro o permitir dormir, este vingava-se de Lucas e inundava-o com milhares de ideias, quer fossem estas para pintar ou a letra de uma nova canção. O certo era que para Lucas dormir mais que cinco horas uma noite era um milagre dos deuses que era mais raro que ver um comenta duas vezes durante o tempo de vida.

Já toda a gente conhecia Lucas pelo rapaz insone da turma de Belas Artes. Onde ele estava, estava também uma garrafa térmica de café, café bem forte, os amigos dele dizem que ele bebe veneno de tão forte e amargo que é.

Mais tarde na mesma manhã, Lucas cruza os velhos portões do edifício a que chama faculdade, ou hospício de um filme do Tim Burton, como apelidou carinhosamente durante o seu ano de caloiro.
Sauda os seus amigos e passado um pouco de tempo de conversa de elevador desiste de ser uma pessoa sociável e de capuz caminha de fones nos ouvidos, naquele momento quase eterico, era apenas Lucas, a música que penetrava os seus ouvidos e o som abafado de centenas de vozes de alunos. Era assim que ele gostava de observar as pessoas, sem que elas o observassem a ele. 

[...]

"Odeio suspense, tenho ansiedade crónica."

É a única coisa que Calum ouviu da boca de Lucas hoje, praticamente. A professora de desenho achou que era uma ótima ideia criar a atmosfera perfeita de um filme de suspense só para anunciar qual seria o trabalho do semestre. Calum estava relaxado, não era nada com ele. Agora Lucas, bem, o loiro insone estava uma pilha de nervos já sem unhas para roer.

"Como sabem, estudamos o corpo como ele o e. Nu e despido de qualquer privilégio da sociedade. Apenas a carcaça que o nosso espírito carrega." Começa por explicar a professora, com os óculos na ponta do nariz. "Por isso é que este trabalho é tão importante e de imensa responsabilidade, terá a duração do resto do semestre. Cada um de vós, individualmente, irá arranjar uma modelo ou um modelo, como preferirem, para o pintar e retratar nu. Quero que o façam de forma anónima, em respeito ao modelo e que deixem o vosso artista interior viver no pincel." Finaliza, observando uma turma inquieta.

"Podia ser pior." Calum comenta enquanto mira Lucas, agora mais relaxado. "Agora já tens uma desculpa para falar com a Aurora." Provoca o moreno, que leva de imediato uma cotovelada.

"Perdeste o juízo todo não perdeste?" Questiona irónico enquanto arruma o seu material. Lucas queria chegar a casa o mais rápido possível e deitar-se na sua cama.

"Não." Calum responde como se fosse óbvio. "Vais falar com ela, certo?"

"Não." Responde rápido enquanto ambos caminho pelos corredores que levam a saída.

"És um burro Luke, um burro." Calum levanta as mãos dramático. "Era a oportunidade perfeita. Mas claro, és um burro."

"Ela nunca iria aceitar."

"Não sabes, burro."

"Para de me chamar burro." Lucas choraminga. "Com que lata vou pedir-lhe para me deixar pintá-la nua?" Questiona.

"Não sei, com a lata que tens com todas as outras." Revira os olhos.

[...]

"Aurora?" 
A voz da Senhora Greenwood desperta Aurora dos seus devaneios, estava completamente perdida na sua mente, um mundo a parte da realidade.

Foi o toque suave no seu ombro que a despertou para a realidade, junto do cheiro a chá e biscoitos. A Senhora Greenwood sentou-se ao lado de Aurora, pousando em seguida o tabuleiro prateado onde trazia um pequeno lanche para si e para Aurora.

"Estavas a pensar no que?" Questiona a jovem, servindo-lhe um pouco de chá.

"Nada." Responde tímida.

"Hmm." A mulher sorri. "Esses pensamentos não envolvem um rapaz loiro de olhos azuis pois não?" Brinca e o tom das bochechas de Aurora indica a resposta.

Mal sabia Aurora que Lucas não a tirava do pensamento, com ideias e argumentos para a convencer a pousar para ele.

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⏰ Última atualização: Sep 27, 2020 ⏰

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Sobre Amor e Ser Adulto • Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora