04. Um convite inesperado.
Quando o som estridente do despertador ecoa pelo quarto de Lucas e posteriormente o rouba do seu estado relaxado, este murmura mil e um palavrões e em seguida atira uma das almofadas em direção a mesinha de cabeceira para desligar o aparelho. Sem sucesso. Apenas o atira para mais longe.
Derrotado e sem outra alternativa acaba por se levantar, o seu cabelo dourado que normalmente encontra-se perfeitamente penteado com cera neste momento mais parecia um ninho de andorinhas, depois de tanto se virar na cama durante a noite, a sua tshirt branca revelava alguns vestígios de tinta que Lucas nunca se preocupou em lavar."Bom dia bela adormecida." Calum ri, passando por Lucas que apenas lhe faz o dedo do meio em toda a sua glória.
Depois da pequena saudação matinal Lucas dirige-se até a cozinha onde ainda meio a dormir coloca cereais e leite numa taça, com pouco esforço senta-se no sofá e come, tentando não adormecer com a colher na boca.
"Podes, por favor, ser mais rápido?" Calum pede, surgindo com uma toalha em volta da sua anca e de cabelo molhado. "Não podemos chegar atrasados ao ensaio, o Ashton já ligou umas mil vezes."
"Cal, podes, por favor, calar-te cinco minutos?" Lucas imita o melhor amigo, de boca cheia. "São.." Pausa para ver as horas. "Nove e quarenta e oito.. Foda-se.." O loiro murmura para ele enquanto se levanta rapidamente da sua posição confortável.
O ensaio estava marcado para as 10h30 da manhã, tinham conseguido agendar um concerto no bar mais frequentado da baixa da cidade e como sempre, sem exceção, o vocalista, Lucas, estava estupidamente atrasado.
"Nem sonhes em tomar banho." Calum grita e devido às paredes finas Lucas consegue ouvir perfeitamente no seu quarto enquanto veste as primeiras peças que as suas mãos tocam. Calças pretas e uma camisa larga branca e a sua imagem de marca, botas da tropa e anéis que adornam os seus dedos magros.
Calum praticamente arrastou Lucas para longe do espelho, enquanto o loiro tentava minuciosamente ajeitar o cabelo.
Sorte ou não conseguiram chegar cinco minutos antes da hora marcada, onde encontraram o resto da banda a conversar alegremente com o dono do bar, um trintão cheio de energia que vive para apostar em talentos por descobrir.
"A culpa não foi minha!" Calum levanta os braços e em seguida aponta para Lucas que revira os olhos.
"Chegamos a horas." Diz sem rodeios a Calum. "Bom dia." Sauda o dono do bar com um aperto de mão calorento.
Michael e Ashton riem entre si ao observar os seus melhores amigos que tanto discutiam como se amavam. Eram personalidades tão diferentes que interligavam perfeitamente entre si. Lucas era o misterioso do grupo, quase sempre com cara de poucos amigos mas toda a gente sabia que era um torrão de manteiga no fundo. Calum, o comediante do grupo, sempre com uma gracinha pronta na língua. Michael, o palhaçinho do grupo. Sempre pronto para fazer disparates. E por fim Ashton, que é a figura paterna do grupo, é quem verifica que estão todos vivos e saudáveis.
Foi a música que os juntou na adolescência, quando por sorte formaram uma banda. Desde então que lutam para que as suas canções sejam ouvidas, nenhum deles desejava a fama, só queriam ser ouvidos e conseguir fazer o que mais amam. Atuar num palco. Mesmo que viver da música fosse como comer o pão que o diabo amassou, nenhum deles iria desistir.
[...]
Michael inicia a música com o seu solo, emocionante, na guitarra e imediatamente a banda acompanha nos acordes certos e no tempo indicado como muito ensaiavam. A voz de Lucas ecoa pelo bar, carregada de garra e rouquidão, era um set acústico. O dono do bar tinha um sorriso rasgado no rosto ao ouvi-los, eram realmente bons. O talento era palpável. A energia era exatamente boa enquanto eles, em sintonia, faziam o que sabem melhor. Fazer música.
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Sobre Amor e Ser Adulto • Luke Hemmings
Ficción GeneralO amor é tudo aquilo que dissemos que não era. - Charles Bukowski