Tive Covid-19

40 2 0
                                    

Não poderia deixar de mencionar que peguei a doenca sobre a qual venho escrevendo desde março/20/20
Vejam vocês como esse vírus está firme e forte ainda atuando! Seis meses depois do início fui contaminada e sofri no corpo as dores que ele provoca e na alma o medo dele ser fatal!
Não há como não pensar nisso, com tantas mortes já ocorridas desde que a pandemia iniciou.
Você se sente impotente! Nem deu para sentir culpa de onde o peguei, pois foi tão inusitado e inesperado, e já fiquei doente, que o mais urgente era o tratamento, a qualquer busca de culpados!
Quais foram meus sintomas? Espirros, coriza, dor de garganta. Sintomas de um resfriado numa quarta feira. Como não passaram no sábado fui fazer o teste e já sai com os remédios do protocolo que ingeri ali mesmo no local.
Passou-se o sábado e o domingo, na segunda feira eu queimava em uma fogueira, literalmente! Meu corpo todo com sensação forte de um queimado generalizado, minha respiração quente, minhas costas ardendo, minhas pernas pegando fogo!
Tive uma mistura de náuseas, com tontura e fraqueza que não pode ser ignorada e fui levada ao Pronto Atendimento do Covid do Hospital onde tenho plano de saúde.
Ali fizeram exame de sangue e RX do pulmão e enquanto aguardava sugeri ao médico alguma coisa que pudesse tirar o ardor e a dor no meu corpo.
Recebi um soro com Dipirona e Vitamina B.
Meus exames não estavam alterados. Nem sinal de inflamação no sangue, nas imagens de RX e nem falta de oxigenação no sangue.
Sai do Centro Médico com a orientação que fosse para casa e continuasse a ingerir os remédios do Protocolo Covid.
Passou a dor e começou a fraqueza. Uma fraqueza extrema. Sem um pingo de energia, sem fome, suando frio a qualquer movimento mais forte. E fiquei assim três dias. Acabaram os remédios e meu estado estava sem alteração, em fraqueza e demais sintomas já relatados.
Chorei. Chorei porque me senti impotente, desamparada, sem saber o que fazer!
Aí fui novamente ao Hospital. Essa doença já está tendo seu comportamento conhecido dos médicos, agora passados seis meses . Ainda bem!
A médica fez as contas e disse: está na segunda fase.
O vírus está atacando o pulmão, sua oxigenação está baixa, seu fígado já deu sinais.
Temos que interna-la.

Vocês não imaginam o sentimento que dá na pessoa! Medo, incerteza, e ao mesmo tempo uma grande necessidade de confiar! Em Deus, nos médicos, no tratamento, na sorte!
Quando você está com COVID-19 o protocolo é especial. Todos que te atendem estão muito bem paramentados. Você não vê nem os olhos dos médicos e atendentes. E isso também é um fator psicológico impactante, pois nos sentimos desumanizados naquele momento. Somos apenas um perigo de contaminação vivo.
Enfim, sei que não poderia ser de outra forma, uma vez que estamos há sete meses convivendo e vendo os números de contaminação e mortes pelas doenças causadas pelo vírus.
O cansaço, a dor nas costas, a febre que mais parece um fogueira em seu corpo, mas que não aparece no termômetro, a sede que não acaba. Alia-se a isso uma disenteria intensa e está um quadro leve da Covid-19 que eu tive.
Superei, fiquei com cateter de oxigênio por dois dias, ao terceiro foi suspenso, mas teve que voltar por mais 48 hrs. O pulmão tem que estar apto a manter a oxigenação sem auxílio externo.
Ao final do oitavo dia, com meus marcadores de inflamação já quase normalizados e com o desmame de 48 horas do oxigênio, o médico me perguntou:
— De quando você chegou aqui você acha que está melhor em qual percentual?
— Respondi 70% .
Ele disse
— Ótimo! Aos 80% você estará de alta! No outro dia recebi alta.
Eis-me aqui 5 dias após essa data contando essa história para vocês!
Fui abençoada em ser atendida com tempo, em ter sido tratada e em ter me recuperado rapidamente!
É isso! Cuidem-se! E não me perguntem como eu peguei, porque eu não sei!

FIM!

...

...

...

Contos da Quarentena 1- A pandemiaOnde histórias criam vida. Descubra agora