Sinistro na rodovia

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Eu não sabia exatamente há quanto tempo estava dormindo e sendo importunado pelos pesadelos insuportáveis com o assassinato do meu pai, mas sabia que já haviam se passado algumas horas desde que saímos do museu. Os meus olhos foram forçados a se abrirem, quando senti uma leve trepidação no carro, fazendo com que o meu corpo tremesse no banco de couro.

Estirei o corpo, sentindo os meus músculos tremerem por baixo da minha pele, e apertei os olhos com força para perceber onde estava. A rodovia estava bem escura, e a única luz era a fornecida pelos faróis potentes do SUV preto. Estávamos parados num acostamento cheio de árvores e que provavelmente tinha uma queda bem ingrime, não havia carros passando na rodovia e o único barulho vinha do rádio. A voz chiada do apresentador.

Jungkook retirou o cinto e curvou o corpo para enfiar os pés de volta nos sapatos, e abriu a porta para descer do carro. Ele parecia cansado e os seus cabelos pretos estavam presos por um pequeno elástico preto de cabelo, mas algumas mechas ainda caíam sobre os seus olhos.

- Aonde vai? - Questionei com a voz sonolenta, me sentindo preguiçoso. Jungkook me olhou rapidamente.

- Preciso mijar. - Ele respondeu com um tom de voz cansado.

- Eu dirijo dessa vez. - Decidi me oferecer, porque sei o quão cansativo é viajar de carro, principalmente à noite. O sono bate logo de uma vez e é perigoso. Eu não quero morrer desse jeito, e ainda tenho que matar Jungkook. Não pode ser assim.

Ele finalmente desceu do carro e eu ajeitei a postura no banco do carona, esticando o meu tronco a fim de estalar a coluna, mas logo me curvei sobre o painel do carro numa tentativa safada de ver a qualidade do que Jungkook esconde entre as pernas. Foi uma tentativa frustrada, claro. Ele estava de costas demais para o carro e as suas roupas escuras mais o escuro da rodovia não me ajudaram em absolutamente nada. Sim, eu estava realmente curioso. Um homem bonito deve, necessariamente, ter um pau bonito.

Fiz um bico e voltei a me recostar no banco, observando a rodovia ao nosso redor. Jungkook parecia fazer o xixi da década, a julgar pela demora. Uma moto passou em alta velocidade por nós, com dois homens sobre ela, e eu até me assustei com o barulho do motor trabalhando na mais alta potência. Lembrei da moto que Seokjin conseguiu para mim e eu estava louco para pilotar e me arriscar pelas ruas vazias da cidade. Cerrei os punhos à frente do meu corpo, como de estivesse segurando no guidão de uma motocicleta, e comecei a fazer ruídos com a boca indicando o barulho do motor. No entanto, a minha diversão foi interrompida quando percebi a moto fazer um retorno um pouco mais distante e voltar na nossa direção.

Eles não estavam tão rápidos dessa vez, mas aumentaram o brilho do farol, incomodando os meus olhos. Abaixei o vidro do carro e fiquei encarando o retrovisor, eles estavam realmente se aproximando do nosso carro, não fazendo um retorno. Curvei o corpo e retirei da bolsa a Glock G44 que Jungkook usou no museu e no mesmo instante ouvi o estrondo seco e alto de um tiro, seguido do grito do meu parceiro. Merda...

Eu só consegui ver Jungkook rolando o barranco abaixo e o homem descer da moto para vir na minha direção. Ele estava usando capacete, então eu não consegui ver o seu rosto. Enquanto se aproximava do carro, abri a porta e desci da forma mais ágil que consegui, agradecendo pelo fumê dos vidros ser escuro o bastante e pela moto estar parada numa distância segura o suficiente para que ele não conseguisse ver o interior do carro pela porta que Jungkook deixou aberta.

Caminhei pela lateral do carro, com a Glock já engatilhada, e acertei em cheio o peito do homem que ainda estava na moto, o piloto. Ele caiu no chão, ainda vivo, murmurando palavrões em função da dor e tentando sacar a arma do cós da calça. Claro que o estrondo chamou a atenção do homem que se aproximava do carro, mas eu ainda estava protegido pela carroceria deste. Num ato estúpido, para a minha sorte, ele não deu meia volta para conferir de onde partiu o tiro, mas enfiou a cabeça na porta do carro para ver quem estava dentro. Foi tempo o bastante, apesar de pouco, para que eu desse a volta e atirasse nas suas costas, provavelmente perfurando um dos seus pulmões. Girei nos meus pés para atirar mais uma vez no homem da moto, como garantia, e atirei outra vez nas costas do homem que agonizava no carro.

Black Swan • JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora