Louva-Deus

2 1 0
                                    

⚠︎Este capítulo contém cenas de violência⚠︎

O relógio marcava seis e meia da manhã, quando Agust bateu na porta do meu quarto para me acordar. Precisávamos descer e repassar o plano com Jungkook antes de viajarmos para Daegu, como seriam duas ações simultâneas, tudo precisava estar perfeitamente alinhado. Tento isto em mente, não demorei para me levantar da cama e tomar o primeiro banho do dia, tentando não pensar muito na cidade em si.

Não consegui me controlar, tomei um remédio controlado antes de dormir. Eu precisava apagar e dormir bem, como uma pedra, caso contrário seria um surto atrás do outro por visitar Daegu. Eu ainda estava um pouco desnorteado por causa do remédio, enquanto tava banho, repassando na minha cabeça o plano que Jungkook havia nos explicado completamente no dia anterior. Precisava ocupar a mente e parar de pensar que estaria prestes a por os pés na cidade que foi palco e cenário das minhas piores crises e surtos de todos os meus 26 anos de idade.

Tentei não demorar muito para descer do quarto, já levando a mochila que estaria comigo durante a viagem. Me atentei a usar roupas básicas e confortáveis, como uma calça jeans com rasgos exagerados nos joelhos e uma camiseta branca sem detalhe. Nos pés, um par de tênis pretos da All Star. Meus cabelos loiros estavam bem hidratados, sedosos como nunca, e não consegui entender muito bem o motivo, já que não havia cuidado tão bem dele assim.

Na sala estavam Jungkook, Agust, Lalisa e Taehyung. Sunmi provavelmente estaria dormindo, desfrutando do mais precioso dos sonos: aquele que eu gostaria de ter, sem a ajuda de remédios controlados. Coloquei a mochila no chão e me sentei no sofá, ao lado de Agust, que usava um hoje preto para segurar os cabelos. Jungkook evitou contato visual comigo a todo o momento, mesmo explicando o plano para todos nós.

A minha simples, não teria muito trabalho na missão. Agust invadiria o sistema de segurança da casa de Bryan D., manipulando as imagens das câmeras de segurança e arranjando uma forma de dispersar a atenção dos seguranças. Não seria nada complicado, já que naquela mesma noite, Bryan D. havia convidado - ou melhor, pago - um garoto de programa para lhe fazer companhia. Obviamente este garoto não era eu, mas passaria a ser naquele momento.

Os seguranças sabiam das noites agitadas na mansão e no quarto de Bryan, então ficaria fácil a minha liberação para entrar na casa. Um encontro às cegas, coisa que apenas gente burra faz, pior ainda se ela for poderosa e estiver devendo algo a alguém. Este era o caso de Bryan, o magnata e agiota americano que passou a viver na Coréia do Sul havia uns dois anos. Uma vez dentro da casa, por livre e espontânea liberação, mataria Bryan sem a menor dificuldade, tiraria as fotos que Namjoon pediu no relatório e voltaria para casa.

Eu só precisava fazer isso, era simples, básico, nada chamativo. O crime perfeito para o homem perfeito, que no caso era eu. Bom, pelo menos na teoria parecia bem prático, a questão é que estar Gwacheon ainda poderia ser um problema para a minha organização mental. Eu não estava disposto a reviver e enfrentar os terrores e demônios das minha memórias naquele lugar, não estava disposto para correr o risco de sentir tudo outra vez.

Depois de todo o plano ter sido repassado, retirei da mochila a chave da minha moto, a que Seokjin me deu de presente, e saí ao lado de Agust. Jungkook nos seguiu até a porta da casa, enquanto Lalisa e Taehyung continuaram lá dentro de organizando. O líder do grupo tocou o ombro do meu parceiro de missão e pediu que tivéssemos cuidado e que entrássemos em contato caso algo desse errado - o que era difícil de acontecer comigo. Eu esperei que Jungkook fosse me dizer algo também, por plena educação, mas ele evitou me olhar nos olhos e apenas voltou para dentro de casa.

É claro que Agust achou estranho, a sua cara não negava, mas não ousou perguntar. Era fato que Jungkook estava doído internamente por eu ter sido na sua cara que ele é tão pau mandado quanto eu aqui dentro, e claro que teve o gay panic sinistro que tivemos juntos. Bom, ele teve comigo. Não me olhar nos olhos foi a prova viva de que aquilo realmente foi um ato nervoso de Jungkook.

Black Swan • JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora