14. A jornada versus o destino

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A maioria das pessoas normalmente encara o amor de duas maneiras distintas. Algumas o veem como o destino. Elas acreditam cegamente que uma força sobrenatural os levou ao seu companheiro ou então esperam que, por alguma interferência cósmica aleatória, elas se esbarrem no amor de suas vidas algum dia. Outras o encaram como uma jornada. As vezes conhecemos pessoas com as quais compartilhamos gostos em comum e com o tempo, construímos um relacionamento que, pelo fato de haver uma boa sintonia, de alguma forma dá certo.

Talvez meu primeiro encontro com Aurora possa ser classificado como uma obra do destino, mas nunca em um milhão de anos aquela garota seria perfeita para mim nesse mundo. Eu queria casar e ter filhos, ela era uma namorofóbica, ou talvez uma filofóbica. Eu sonhava com alguém que tivesse uma voz inocente, rosto pálido, gostasse de saias curtas. As vezes Rory conversava como uma locutora de rádio, ela gostava do sol e definitivamente preferia calças.

Eu tinha Yumi, que preenchia todos os meus sonhos irrealistas de adolescente imaturo, mas descobri da pior maneira que aquilo não me deixava satisfeito. Onde eu quero chegar com tudo isso? A grande questão é a seguinte, como eu acabei me apaixonando pela versão completamente oposta de tudo que eu queria? Seria o destino? Ou seria hora de aceitar que o amor verdadeiro não é algo que encontramos, mas sim construímos. Qual dos dois me fez acabar dentro daquele carro com Rory e ignorar meus compromissos?

Para entender, preciso voltar um pouco nessa história, precisamente no dia em que eu e Rory convidamos um ao outro para nossos próprios planos. Eu para Los Angeles e ela para o casamento. Quando ela desceu de volta para o bar, meu telefone tocou. Não queria atender, mas eu havia prometido.

— Finalmente, Namjoon. — A voz de Yumi surgia abafada. — Minha assistente disse que te ligou várias vezes para te confirmar como meu par no evento. — Aquilo era tudo que eu estava tentando evitar.

Ela sabia que eu estaria em Los Angeles na época da semana de moda. Se Aurora fosse comigo, haveria uma desculpa para evitá-la. Entretanto, agora não podia mais ignorá-la, eu havia dito que faria aquilo. A única coisa que eu esperava era não me meter em problemas por causa daquela decisão.

— Me desculpe, eu estava pensando se daria para comparecer. — Não deixava de ser verdade. Não havia comunicado ninguém da empresa que iria, por mais que estivessem insistindo. — Acho que é possível que eu vá com você. — Teria como ser mais vago?

— Ótimo. — Respondeu animada. — Quem sabe, depois da festa, podemos sair um pouco pela cidade, ir naquela cafeteria que você tanto gosta. Eu pago. — Ofereceu como um gesto de gratidão, mas eu não tinha certeza se haviam segundas intenções por trás daquele convite.

— Te vejo por lá, ok? — Não aceitei nem declinei o convite dela, será que mulheres se irritam com essa falta de confirmação? Provavelmente sim. Não faço por mal, só quero evitar um confronto.

Quando desci as escadas para encontrar Aurora novamente, parei abruptamente para ouvir a conversa entre ela e Jisang no depósito de bebidas. Era inevitável, o cômodo dividia parede com o corredor que conectava a escada ao bar. Eles falavam sobre o assunto que ela escondia de mim. Eu nunca a pressionaria para contá-lo, aquela era uma decisão que a deixaria tomar sozinha, porém, ao mesmo tempo eu queria saber do que se tratava.

— Você precisa contar a ele sobre sua mãe. — O som da voz de Jisang se mesclava com o barulho das garrafas de vidro sendo organizadas.

— Eu não quero. — Ela sussurrava ainda mais baixo.

— As coisas entre vocês estão ficando sérias, cedo ou tarde ele irá te perguntar. — O bartender insistia que ela me contasse seu segredo.

Eu não namoro coreanosOnde histórias criam vida. Descubra agora