9. O dia errado

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Por que agora? Eu estava quase me conformando, estava a ponto de embarcar em algo novo. E então Namjoon veio e estragou tudo.

Na primeira semana, depois da noite em que brigamos, eu achava que ele ainda reapareceria no bar. Sustentava esperanças de que ele voltaria e me evitaria, de que ele daria as caras nos momentos em que eu não estivesse por lá, porém a cada dia que passava essa expectativa se dissolvia. Ele era orgulhoso demais para isso. Por muito tempo, tentei aceitar a ideia de que o veria novamente apenas na TV ou, se eu me esforçasse o suficiente, nunca mais.

E pouco a pouco, aquele nó na garganta desconfortável foi se desfazendo. Tinha muitas coisas para falar com ele, mas as palavras haviam desaparecido. Infelizmente, eu não poderia dizer o mesmo de meus sentimentos. Me senti envergonhada ao perguntar se o veria mais tarde, aquela súplica tinha sido mais forte que eu. Teria ele percebido a minha vontade de revê-lo?

— Aquele era mesmo Kim Namjoon? — Kyung perguntou já dentro do carro, interrompendo meus pensamentos.

— Sim. — Respondi ainda perdida em um devaneio de arrependimentos quando ele ligou o veículo.

— O Kim Namjoon? O rapper? — Ele parecia bastante interessado, mesmo que não tivesse demonstrado quando o viu pessoalmente.

— Ex rapper. — Não elaborei muito, sentia que não deveria fazer isso. Tomava goles do suco lentamente para evitar aquela conversa.

— Vocês se conhecem? — Eu temia aquela pergunta, poderia dizer a ele que Namjoon era um cliente regular no bar, mas isso significaria que eu tinha mentido na noite que nos conhecemos.

— Ele costumava ir ao bar, mas fazia muito tempo que não o via. — Resolvi que ser sincera, afinal isso não mudaria em nada a minha situação.

— Há algo que você não está me contando, certo? — Ele especulou corretamente, como eu previa. — Você disse que idols não iam lá, mas tudo bem, vamos esquecer o trabalho. — Dirigia agora em uma rua vazia. — Afinal, depois de várias vezes que te chamei para sair, você finalmente aceitou. — Ele falava sorridente.

— Me desculpe, eu estava passando por algo. 

Por um bom tempo, eu não soube o que fazer em relação a muitos aspectos da minha vida. Eu ficava me perguntando quanto tempo demoraria para que eu conseguisse realizar o meu sonho. Por que as coisas para mim pareciam ser mais difíceis do que para os outros? Ou será que isso é só mais uma das minhas paranoias. Sempre dizia a Kyung que estava esperando o dia certo para sair com ele. Bobo, ele nunca desistia mesmo depois de ser rejeitado.

Disse que sairíamos como amigos, mas planejava ver em seu rosto algum consolo para a minha solidão. Mesmo que não conseguisse admitir pra mim mesma, nem para Kyung, eu estava disposta a dar-lhe uma chance.

— Então era hoje? O dia certo? — Perguntou esperançoso ao estacionar o carro próximo ao parque onde faríamos um piquenique.

— Kyung... — Respirei fundo e sacudi a cabeça em negação, porque de todos os dias que eu poderia ter aceitado sair com ele, hoje foi o mais errado de todos, pois tinha me levado direto a Namjoon. — Eu estava tão enganada quanto a isso. — Disse para mim mesma.

Enquanto caminhávamos sob a grama daquela enorme área verde, era possível ver crianças soltando pipas e brincando. A brisa deixava o tempo ainda mais agradável naquela manhã, e isso de alguma forma me dava uma sensação de tranquilidade.

Nos sentamos e colocamos os sanduíches e aperitivos sob a toalha e desfrutamos de tudo por alguns minutos, sem conversar. Eu não sabia o que dizer a ele, Kyung era um homem inteligente, com certeza tinha notado que algo no encontro de hoje mais cedo tinha me deixado abalada. E se ele mencionasse o assunto, eu tentaria convencê-lo do contrário, afinal não admitiria que apenas uma conversa de cinco minutos tinha me deixado daquela forma.

Eu não namoro coreanosOnde histórias criam vida. Descubra agora