12. Desastres Shakespearianos

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William Shakespeare uma vez disse que o amor é a única loucura de um sábio e a única sabedoria de um tolo. Naquele momento, eu não podia dizer se era um tolo por aceitar o acordo de Aurora sendo que aquilo não era o que eu queria ou um sábio por ter percebido a tempo de que aquela era a única forma que ela me deixaria amá-la.

Jin diria que eu estou louco e talvez ele teria razão. Será que ela só quer brincar com meus sentimentos? Foi o que pensei ao chegar no bar naquele sábado a noite para buscá-la para a festa de minha irmã. Ela era uma visão em suas calças xadrez verdes. Sempre admirei a sua paixão por cores inusitadas.

Por que com ela os papéis sempre estão invertidos? Eu era quem deveria ser o conquistador, sempre me acostumei a ter filas de mulheres esperando por mim, porém quando ela descia a escada em suas botas pretas, era eu quem esperava.

Algo dentro de mim gritava que ela não estava sugerindo aquela amizade colorida por querer ficar com outro homem. E era isso que me mantinha completamente intrigado quando ela não soltou minha mão nem por um segundo a caminho da casa de minha irmã.

O que eu estava sentindo nos últimos dias só poderia se comparado ao amor de Romeu e Julieta e eu me achava um completo idiota por isso. Não pelo sentimento, mas pelo conceito deturpado de que eu estaria disposto a aceitar qualquer coisa apenas para ficar perto dela. Seria possível amar alguém a ponto de pensar que a vida sem ela não valia a pena? Aurora não sabia, mas quando entramos na área de churrasco eu queria apresentá-la como minha. Derrotado, apenas gaguejei aos meus amigos que estavam em uma roda de conversa.

— Essa é minha... Aurora. — No auge de minha loucura, eu estava balbuciando palavras sem sentido, em meio a frases que não deveria dizer.

— Nós somos amigos. — Ela me corrigiu fazendo uma reverência e cumprimentando-os.

— É mesmo? De onde vocês se conhecem? Ela é alguma cantora internacional desconhecida? — Um de meus antigos produtores perguntou.

Quando eu estava prestes a responder que ela era a dona do Dionysius um nó se formou em minha garganta. Olhei o rosto dela e vi que ela não movia seus lábios para respondê-los. Estaria envergonhada? Que diferença faria se ela era ou não uma artista? Eu não me importava com aquilo, mas talvez ela pensasse que eles sim.

— Aurora, que bom que você veio! — Geongmin me salvou, dando um abraço nela. — Estou feliz que tenha sobrevivido ao almoço de Namjoon.

— É como te disse no telefone, ele não cozinhou nada. — Jin também parecia ter vindo ao nosso resgate.

Ele me deu uns tapinhas nas costas e começou a entreter todos com suas piadas sem graça. Logo depois os outros chegaram, Hoseok em suas camisas coloridas de gosto duvidoso não demorou muito tempo para encontrar uma forma de colocar alguma música para tocar. Jimin e Taehyung ainda chamavam a atenção de todos ao desfilarem no quintal, nem mesmo Rory poderia evitar olhá-los quando eles chegavam em suas calças apertadas e blusas largas.

Por que eles ainda insistem em usar isso? Ok, essa foi uma pergunta idiota, eu sei o motivo. Nesse ponto da noite, Yoongi provavelmente já achou o caminho da adega. E Jungkook... Espera, onde está Jungkook?

— Você viu Jungkook? — Perguntei a minha acompanhante na esperança de que ela enxergasse um pouco melhor que eu.

— Do outro lado da piscina, olhando pra sua irmã. — Ela respondeu calma, pois não sabia que ele queria conhecê-la há anos. O único problema era que ela não tinha interesse nenhum no pobre coitado. Geongmin vivia adiando qualquer coisa que gerasse um encontro entre os dois, já que eu tinha falado demais sobre a quedinha de Jungkook por ela.

Eu não namoro coreanosOnde histórias criam vida. Descubra agora